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Portugal pode ser uma “porta de entrada muito maior” do que é hoje para o negócio da DHL, afirma ao Dinheiro Vivo John Pearson, CEO da DHL Express, à margem da apresentação do Trade Growth Atlas de 2022, em Bruxelas, notando que há no país oportunidades de negócio para o maior grupo de distribuição e logística do mundo. No entanto, o grupo está “há anos” a tentar criar um novo terminal logístico em Lisboa, ainda sem desfecho à vista.
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“Estamos a tentar há muitos anos junto da ANA e das autoridades aeroportuárias criar uma nova infraestrutura, julgo que estamos perto de o conseguir. Não creio que precisemos de um hub em Lisboa, mas precisamos de um terminal maior para mais entradas e mais saídas dos nossos aviões”, realça. A DHL cresceu “muito rápido” e tem um negócio “muito saudável, com uma quota de mercado bastante alta” em Portugal, com boas perspetivas “sobretudo no segmento de consumo”, passíveis de criar “mais terminais e emprego”, segundo Pearson.
O diretor-geral da DHL Express Portugal, José António Reis, confirma: “Em Lisboa tem havido grandes dificuldades para investirmos cerca de 50 milhões de euros numa infraestrutura que permita outro tipo de respostas às necessidades dos exportadores e importadores portugueses.”
Em causa está a expansão da DHL Express Portugal para melhorar as condições operacionais em Lisboa. “Trata-se de um projeto sobre o qual estamos a trabalhar há mais de oito anos, mas que por diferentes razões, que nos ultrapassam completamente, ainda não se concretizou”, lamenta o gestor.
Em 2018, a DHL anunciou ter chegado a acordo com ANA-Aeroportos de Portugal para construir um novo terminal de carga expresso em Lisboa. Cerca de um ano depois ainda aguardava licenciamento da Câmara Municipal de Lisboa. Em 2022, a ambição da empresa continua por cumprir.
Apesar deste constrangimento na capital, José António Reis assegura que o país continua a ser uma “localização estratégica para impulsionar o comércio internacional e uma geografia estratégica para o grupo”. Ainda que não tenha especificado, o diretor-geral sublinha que também está previsto “reforçar as operações” no terminal de carga aérea do Porto.
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Atualmente, a DHL tem em Portugal dez centros operacionais, de norte a sul e ilhas, além de duas lojas próprias (uma em Lisboa e outra no Porto). Somam-se 400 lojas parceiras da rede service points com serviço expresso internacional. “O objetivo é continuarmos a expandir a nossa rede”, diz o gestor.
Quanto ao transporte aéreo de carga da DHL via Portugal, há “um voo diário dedicado a partir do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, e dois voos diários a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia, contando também frequentemente com voos adicionais”. Estes são voos só de carga e “têm vindo a fazer face à elevada procura”, pelo que, segundo o gestor, se justifica para a empresa o investimento na operação portuguesa.
José António Reis recorda que em 2021 o grupo “atingiu um novo máximo histórico”. Em Portugal, o volume de tráfego de encomendas com origem e destino no país totalizou “mais de 25 mil toneladas” manuseadas pela DHL. Houve “um aumento de 25% em volume de encomendas face a 2020 no que toca à importação e 13% de aumento em envios com origem em Portugal”. Sobre estes dados, o gestor diz ter havido um “forte aumento” no volume de encomendas Time Definite International, “em grande parte devido a comércio eletrónico transfronteiriço”. E a tendência é de crescimento em 2022 e 2023, apesar da guerra na Ucrânia, diz o responsável.
Quanto a resultados financeiros, José António Reis não detalha dados locais, mas recorda que, apesar da incerteza económica, o grupo registou 24 mil milhões de euros em receitas no final do segundo trimestre do ano, com a área Express a conseguir um “crescimento significativo das receitas”, na ordem dos 17,5% para sete mil milhões de euros.
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