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A assembleia de credores, que decorreu no Tribunal do Fundão, foi hoje surpreendida com a divulgação dos pormenores de uma das duas propostas existentes e que envolve um total de 10 milhões de euros e que abrangem a totalidade dos ativos da empresa.
O proponente, Cláudio Nunes, explicou à assembleia de credores que está capacitado para, a partir de quinta-feira, depositar dois milhões de euros na conta do administrador da insolvência, sendo que este valor seria objeto de um contrato-promessa e iria assegurar já o pagamento dos salários de outubro dos trabalhadores da Dielmar.
Comprometeu-se ainda a depositar os restantes oito milhões de euros, aquando da tramitação legal.
Cláudio Nunes assumiu que, se na quinta-feira fosse autorizado a depositar os dois milhões de euros e mesmo que depois a sua proposta fosse recusada, abdicaria do valor respeitante ao pagamento dos salários aos trabalhadores.
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Esta proposta, uma das duas que estavam oficializadas junto do administrador da insolvência, João Gonçalves, surpreendeu todos os presentes na assembleia de credores e levantou uma onda de questões em torno dela.
Alguns representantes dos credores ficaram satisfeitos e outros olharam para a proposta com alguma desconfiança.
No final, ficou decidido que o administrador da insolvência vai enviar, por escrito, as duas propostas existentes e, até ao final do mês, irá reunir-se com a comissão de credores para analisar e apreciar as duas propostas que estão em cima da mesa.
No dia 10 de novembro, haverá então nova assembleia de credores, às 14:00, na qual se espera uma decisão final.
A outra proposta apresentada pela empresa de Leiria Outfit 21 sofreu também algumas alterações face à proposta inicial que constava na última assembleia de credores.
Os empresários, que ainda estão condicionados a uma resposta de financiamento da banca, desceram a oferta inicial de 670 mil euros para os 410 mil euros, sendo que neste valor está incluído o pagamento dos salários de outubro aos trabalhadores da Dielmar.
À saída da reunião, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sector Têxtil da Beira Baixa (STBB) comunicou aos trabalhadores que estavam concentrados no exterior do Tribunal do Fundão aquilo que se passou durante a assembleia de credores.
Maria Tavares sublinhou que foram todos “apanhados desprevenidos” nesta reunião pela proposta que já existia no relatório do administrador da insolvência, mas que ainda não se conheciam os seus contornos.
“Ainda vamos ter de ver e analisar o que efetivamente consta numa proposta e na outra. A questão do adiamento da assembleia não estava em cima da mesa porque o senhor administrador sempre referiu que o dia 26 tinha que ser definitivo. Mas isto não está nas nossas mãos”, disse.
A sindicalista sublinhou que a preocupação que se coloca agora a todos é quem é que garante o pagamento dos salários do mês de outubro.
“Porque nesta situação não está garantido o pagamento do salário do mês de outubro. E mais, temos que ver se estas propostas se concretizam até ao dia 10”, sustentou.
Marisa Tavares pediu calma e união a todos porque “há coisas que não dependem” dos trabalhadores. “Aquilo que depende de nós tem de ser a exigência do pagamento do salário do mês de outubro, independentemente desta situação se prolongar até ao dia 10 ou não”, frisou.
Neste âmbito, disse que o Ministério da Economia tem de salvaguardar o pagamento de outubro.
“Dizemos daqui ao Ministério de Economia e a todos que não admitimos que as trabalhadoras passem o Natal sem os salários do mês de outubro e de novembro. Vamos conversar e amadurecer estas novidades todas que hoje aqui surgiram. Devemos tomar decisões todos juntos”, concluiu.
As trabalhadoras vão reunir na quinta-feira, nas instalações da Dielmar, em Alcains, para analisar todo este cenário e decidir, eventualmente, novas ações a desenvolver.
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