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Assume-se como a quinta maior marca de restauração rápida a nível nacional, mesmo entre os operadores internacionais estabelecidos no nosso país. O H3, que sempre viveu em centros comerciais, quer agora crescer para zonas com muito tráfego (aeroportos e estações ferroviárias) e está a contratar colaboradores, para repor aqueles que saíram na altura da pandemia.
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João Ventura, sócio maioritário do grupo Real Food, conversou com o Dinheiro Vivo e explicou que não só de H3 se fazem os negócios do grupo, que ainda engloba as marcas Tomatino e Café3. Ao todo, em Portugal continental, a Real Food gere mais de oito dezenas de restaurantes e nas ilhas tem sete franchisados.
Agora, e depois de todos os condicionalismos impostos pela pandemia, o negócio parece estar a recuperar, embora esteja a lidar com uma nova realidade: a inflação e a guerra. “Estamos com um desafio muito grande: habitualmente, trabalhamos com um orçamento e temos a estimativa dos nossos resultados bem delineada e vamos ao longo do tempo garantindo que estamos a seguir aquilo que está orçamentado”, afirmou. “O que se passa é que está desvirtuado desde fevereiro, devido à guerra. Há uma componente de vendas que ainda é muito difícil de estimar, mas o nível pré-pandemia do grupo era de uma faturação de 50 milhões de euros e estimamos, para 2022, 45 milhões de euros, mas ainda sem certezas”, revelou, explicando que se atingir esse valor, o grupo vai estar praticamente ao nível de 2019. Altura em que o delivery (entregas ao domicílio) tinha um impacto relativamente baixo – cerca de 5% – na faturação do grupo. Atualmente representa perto de 15%.
“Os principais desafios que temos passam pela inflação, pois os produtos com que trabalhamos estão com um nível de inflação muitíssimo elevado e a componente imobiliária também está a ser muito desafiante”, diz. Ou seja, os centros comerciais querem retomar os níveis de faturação e, em alguns casos, estão a impor aumentos de renda elevados.
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Taxas das embalagens
Também as taxas relativas às embalagens utilizadas nas entregas de comida são custos acrescidos, para o Real Food e para os clientes. “Esta taxa, supostamente, é um incentivo para deixar de se utilizar embalagens plásticas, mas no delivery não temos grande alternativa. Não podemos enviar em material reutilizável porque os estafetas não fazem o retorno da loiça, por exemplo”, declara o gestor. E não é possível entregar refeições quentes em embalagens de papel. “O papel só por si não garante as condições de entrega da comida. Percebemos claramente a intenção desta taxa, mas quando não há alternativas é desafiante”.
Sem alternativas, é natural que esses custos se venham a refletir no cliente. Como diz João Ventura, os sacos, sejam de que material forem, já são taxados há alguns meses. Mas, desde julho, também as embalagens de utilização única passam a sofrer uma taxa de 30 cêntimos. “Por exemplo, se tiver um envio em que há uma garrafa de bebida, uma embalagem para o hambúrguer e uma embalagem para as batatas, tenho de cobrar 90 cêntimos de taxas pelas embalagens. A taxa é mais cara do que a própria embalagem, é altamente penalizador, mas somos obrigados a mostrar a faturação desse valor por cada embalagem”, considera. “Se estivermos a falar de 90 cêntimos em cobrança de embalagens, estamos a falar de um aumento de 8% a 10%, um valor muito elevado”, lamenta João Ventura.
Expansão
Apesar da inflação, o Real Food quer continuar a crescer. Até ao final do ano, o grupo pretende abrir um H3 e dois Tomatinos, sendo um Tomatino no centro comercial Strada, em Odivelas, e os restantes restaurantes no Algarve.
“Ao longo destes anos temos ganho muito know-how de gestão de restaurantes e queremos continuar a afirmar-nos além do H3. Queremos gerir mais marcas e consolidar a nossa posição no mercado português”, declara, adiantando que o setor da restauração está a sofrer grandes desafios, de onde podem surgir grandes oportunidades. Para João Ventura, o futuro do Real Food afigura-se como um crescimento orgânico, através da aquisição de marcas ou, por exploração de marcas estrangeiras que queiram vir para Portugal.
No entanto ainda existe uma grande dificuldade, que o responsável diz estar a tentar contornar. “Temos um desafio tremendo que é a gestão de pessoas. O que está previsto para Portugal é um crescimento acima do PIB para o turismo e a restauração é a área específica do turismo que mais peso tem em termos de faturação e de emprego. Há uma procura muito grande por pessoas para o setor, mas a oferta é cada vez menor”, diz, adiantando que os estudos indicam que, nos próximos anos, a mão-de-obra disponível para o setor da restauração seja ainda em menor número.
Contratações
“Será estratégico para nós gerirmos bem a área de pessoas do grupo, porque, sem elas, não conseguimos ter crescimento”. Presentemente, o grupo está a contratar para os restaurantes H3 cerca de uma centena de pessoas.
“Sabemos que se não tivermos um nível de equipa semelhante ao que tínhamos em 2019, dificilmente podemos esperar os mesmos resultados, porque a restauração depende muito das pessoas”, afirma João Ventura, esclarecendo que as contratações já estão em andamento.
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