//Dona da H3 quer recuperar resultados de 2019 e atingir 45 milhões de euros

Dona da H3 quer recuperar resultados de 2019 e atingir 45 milhões de euros

Assume-se como a quinta maior marca de restauração rápida a nível nacional, mesmo entre os operadores internacionais estabelecidos no nosso país. O H3, que sempre viveu em centros comerciais, quer agora crescer para zonas com muito tráfego (aeroportos e estações ferroviárias) e está a contratar colaboradores, para repor aqueles que saíram na altura da pandemia.

João Ventura, sócio maioritário do grupo Real Food, conversou com o Dinheiro Vivo e explicou que não só de H3 se fazem os negócios do grupo, que ainda engloba as marcas Tomatino e Café3. Ao todo, em Portugal continental, a Real Food gere mais de oito dezenas de restaurantes e nas ilhas tem sete franchisados.

Agora, e depois de todos os condicionalismos impostos pela pandemia, o negócio parece estar a recuperar, embora esteja a lidar com uma nova realidade: a inflação e a guerra. “Estamos com um desafio muito grande: habitualmente, trabalhamos com um orçamento e temos a estimativa dos nossos resultados bem delineada e vamos ao longo do tempo garantindo que estamos a seguir aquilo que está orçamentado”, afirmou. “O que se passa é que está desvirtuado desde fevereiro, devido à guerra. Há uma componente de vendas que ainda é muito difícil de estimar, mas o nível pré-pandemia do grupo era de uma faturação de 50 milhões de euros e estimamos, para 2022, 45 milhões de euros, mas ainda sem certezas”, revelou, explicando que se atingir esse valor, o grupo vai estar praticamente ao nível de 2019. Altura em que o delivery (entregas ao domicílio) tinha um impacto relativamente baixo – cerca de 5% – na faturação do grupo. Atualmente representa perto de 15%.

“Os principais desafios que temos passam pela inflação, pois os produtos com que trabalhamos estão com um nível de inflação muitíssimo elevado e a componente imobiliária também está a ser muito desafiante”, diz. Ou seja, os centros comerciais querem retomar os níveis de faturação e, em alguns casos, estão a impor aumentos de renda elevados.

Taxas das embalagens

Também as taxas relativas às embalagens utilizadas nas entregas de comida são custos acrescidos, para o Real Food e para os clientes. “Esta taxa, supostamente, é um incentivo para deixar de se utilizar embalagens plásticas, mas no delivery não temos grande alternativa. Não podemos enviar em material reutilizável porque os estafetas não fazem o retorno da loiça, por exemplo”, declara o gestor. E não é possível entregar refeições quentes em embalagens de papel. “O papel só por si não garante as condições de entrega da comida. Percebemos claramente a intenção desta taxa, mas quando não há alternativas é desafiante”.

Sem alternativas, é natural que esses custos se venham a refletir no cliente. Como diz João Ventura, os sacos, sejam de que material forem, já são taxados há alguns meses. Mas, desde julho, também as embalagens de utilização única passam a sofrer uma taxa de 30 cêntimos. “Por exemplo, se tiver um envio em que há uma garrafa de bebida, uma embalagem para o hambúrguer e uma embalagem para as batatas, tenho de cobrar 90 cêntimos de taxas pelas embalagens. A taxa é mais cara do que a própria embalagem, é altamente penalizador, mas somos obrigados a mostrar a faturação desse valor por cada embalagem”, considera. “Se estivermos a falar de 90 cêntimos em cobrança de embalagens, estamos a falar de um aumento de 8% a 10%, um valor muito elevado”, lamenta João Ventura.