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Foi um dos maiores tombos fora de horas na temporada de resultados das tecnológicas, refletindo o pessimismo do mercado perante o futuro da Meta. As ações da dona do Facebook e do Instagram chegaram a cair mais de 22% após a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2021, findo a 31 de dezembro, que foi feita esta quarta-feira a seguir ao fecho do mercado.
Em causa estão receitas que ficaram abaixo do previsto pelos analistas e orientações mais fracas que o esperado para o primeiro trimestre de 2022. A Meta reportou receitas de 33,6 mil milhões de dólares no quarto trimestre, uma subida de 20% face ao ano anterior, e lucros de 11,21 mil milhões, uma subida de 8%.
No entanto, o mercado esperava melhor e não ficou satisfeito com as perspetivas da Meta para os meses que se seguem. A orientação para o trimestre atual é de receitas entre os 27 e 29 mil milhões de dólares, abaixo dos 30,2 mil milhões que os analistas esperavam.
Durante a conferência com analistas que se seguiu à apresentação de resultados, o CEO Mark Zuckerberg e a número dois Sheryl Sandberg avisaram para alguma turbulência nos próximos meses, numa continuação dos ventos contrários que têm afetado o crescimento da empresa.
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Zuckerberg frisou que o foco da Meta na faixa etária dos jovens adultos, algo que já tinha anunciado anteriormente, irá pressionar em baixa o crescimento das impressões de anúncios no curto prazo, dizendo que é um obstáculo temporário com ganhos de longo prazo. O foco estará no Reels, que não é tão rentável como as Stories e o Feed.
“O vídeo tem sido mais lento na monetização”, indicou o CEO, apesar de se mostrar “otimista” quanto ao caminho que o formato Reels está a fazer para chegar onde a empresa pretende.
Ao mesmo tempo, Zuckerberg salientou que as redes sociais da Meta estão agora a ter mais concorrência, destacando o crescimento exponencial do Tiktok precisamente no segmento etário que a empresa quer conquistar.
Mas o que tem estado a afetar o desempenho da Meta é a mudança drástica que a Apple operou na plataforma iOS e os novos regulamentos de privacidade na Europa, disse Zuckerberg. Estas mudanças estão a diminuir o volume de dados que a Meta consegue recolher sobre os consumidores e isso dificulta a personalização dos anúncios. “Estamos a reconstruir a nossa infraestrutura de dados”, disse o CEO, garantindo que as pessoas continuam a querer ver publicidade relevante e que as empresas querem poder segmentar quem vê os seus anúncios.
As dificuldades que a Meta está a sentir contrastam com o que a Alphabet, casa-mãe da Google, apresentou esta semana aos investidores. A empresa saiu relativamente ilesa das alterações, reportou um forte crescimento das receitas de publicidade e pode tornar-se mais apetecível para os anunciantes se ficar claro que consegue personalizar melhor os anúncios.
No comunicado de resultados, a Meta citou como um dos obstáculos nos próximos meses um certo arrefecimento dos gastos das empresas em publicidade, fruto de “desafios macroeconómicos” como a inflação e a disrupção na cadeia de abastecimento.
Tomando uma perspetiva alargada de futuro, Zuckerberg disse que a Meta tem sete áreas prioritárias de investimento e está a fazer progresso em todas: os vídeos Reels, as mensagens comunitárias, os canais de comunicação entre empresas e clientes, e-commerce, anúncios, privacidade e metaverso.
“2022 é a primeira página do próximo capítulo da nossa empresa”, resumiu o CEO.
Em termos de utilização, as redes da Meta têm agora 2,82 mil milhões de utilizadores diários (+8%) e 3,59 mil milhões de utilizadores mensais (+9%). Destes, 1,93 mil milhões usam o Facebook diariamente e 2,91 mil milhões mensalmente.
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