//Dona do Minipreço associa-se à central de compras criada pela Auchan

Dona do Minipreço associa-se à central de compras criada pela Auchan

O grupo DIA vai-se associar à Horizon International Services, a central de compras conjunta criada pelos grupos Auchan, Casino e Metro em junho. Em comunicado, a dona do Minipreço dá conta que se une a esta plataforma de negociação internacional com o objetivo de “melhorar a competitividade” nas suas relações com os grandes fornecedores de produtos de marca de fabricante, mas, também, para “oferecer uma melhor oferta ao consumidor em termos de sortido e preço”.

No mesmo documento, o grupo DIA destaca, ainda, que de fora do universo Horizon ficam os produtos de marca própria e os frescos já que a central de compras internacional se destina a negociar com os “grandes fabricantes”.

Para o diretor-geral da Centromarca, a associação do DIA à Horizon era “fácil de adivinhar”, não apenas pelo fim da Cindia, a central que o Intermarché e o Dia Portugal haviam criado em 2015, mas, sobretudo, porque este movimento se tem vindo a repetir pela Europa fora, como foi o caso do acordo estratégico estabelecido entre a Carrefour e a Tesco, entre outros. O problema, considera, é que a “fatura é sempre apresentada ao mesmo pagante”, o grande fornecedor.

“Para a maior parte dos fornecedores, estas parcerias na distribuição não representam qualquer aumento de vendas, porque já vendem para todas estas cadeias. Significa, sim, que terão de pagar não uma portagem [para aceder aos lineares dos supermercados], mas duas, porque as centrais de compras irão retirar para si próprias uma parte da faturação, não apenas por razões de competitividade, mas até para sustentarem o seu próprio funcionamento”, destaca Pedro Pimentel.

E se para o consumidor este movimento se pode traduzir num benefício aparente, na medida em que o ganho de competitividade da grande distribuição poderá ser repassado, no imediato, para o preço final dos produtos, Pedro Pimentel lembra que a concentração “cria condições para a monopolização” e “isso nunca se traduz em benefícios para o cliente”.

Para a Centromarca, a associação que representa os fabricantes de produtos de marca, a solução está numa maior regulação. “É preciso a intervenção das autoridades como árbitro de um jogo que não pode ser jogado sem arbitragem. Como estas operações não mexem com a propriedade nem com a frente de loja, as autoridades têm muito poucos mecanismos para atuar, mas é preciso que os Estados façam um esforço de controlo destas situações, porque elas mexem com o mercado. Não diretamente com o consumidor, mas seguramente a montante junto dos fornecedores”, diz Pedro Pimentel, que acrescenta: “A exigência de um valor adicional sem qualquer contrapartida é uma exigência abusiva”. O tema tem vindo a ser analisado a nível das instâncias europeias, mas, ainda, “numa fase muito embrionária”.

O comunicado do grupo DIA termina dando conta que a aliança com a Auchan Retail e os grupos Casino (dono, entre outras insígnias, dos supermercados SPAR) e Metro (que detém a Makro e a MediaMarkt) estará operacional “depois de obtida a aprovação das autoridades de concorrência nos países em que esta operação terá de ser notificada”. É o caso de França onde Emmanuel Macron, quando era ministro da Economia, instituiu um regime de pré-informação à Autoridade da Concorrência local de operações de aliança quando destas resulte impacto no mercado francês. No comunicado, o DIA destaca, ainda, que a política comercial de cada companhia se manterá independente.

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