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Os lucros da Jerónimo Martins (JM) atingiram, em 2022, os 590 milhões de euros, o que significa uma subida de 27,5% nos resultados líquidos da empresa. Mesmo tendo a empresa encaixado “parte da subida de preços” motivada pela inflação em toda a cadeia de produção, as vendas cresceram quase ao mesmo ritmo, justifica a empresa.
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Os valores foram revelados esta quarta-feira, no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), onde a JM refere o impacto que a inflação e a crise energética tiveram nos seus negócios, devido “a uma acentuada queda da confiança dos consumidores”.
Como tal a empresa revela que sua a margem de EBITDA (lucros antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) foi de 7,3%, ou seja existiu uma redução de 0,3% relativamente a 2021. “O forte desempenho das vendas, resultante do foco na competitividade e na proteção dos volumes, esteve, no entanto, na base do sólido crescimento, em valor, do EBITDA do Grupo”, declara a companhia. Isto significa que o EBITDA aumentou 17%, para 1,9 mil milhões de euros.
No que toca a vendas, a dona do Pingo Doce obteve um volume de 25,4 mil milhões de euros (mais 21,5%, quando comparado com o período homólogo).
A marca ressalva que “o resultado líquido do Grupo incorpora a atribuição de 289 milhões de euros em reconhecimentos e prémios aos seus colaboradores em Portugal, na Polónia e na Colômbia, um aumento de 33% face a 2021”.
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Para este ano, a empresa considera difícil fazer previsões devido à elevada inflação alimentar que apenas parece dar “ténues sinais de abrandamento”, embora exista a expetativa da chegada da desinflação, em especial no segundo semestre. No entanto, reforça a Jerónimo Martins “é, neste momento, ainda difícil antecipar o nível que assumirá essa desinflação”.
Segundo Pedro Soares dos Santos, o CEO da JM, a empresa manteve-se fiel aos seus compromissos, tendo feito a sua parte para contribuir para a contenção da inflação alimentar. “Fizemo-lo absorvendo parte dos aumentos de preço apresentados pelos nossos fornecedores, por forma a não transferir todos os incrementos registados ao nível do custo das mercadorias compradas para o aumento dos preços de venda ao consumidor”, garante o responsável.
Distribuição de dividendos
A Jerónimo Martins vai propor, em Assembleia Geral de acionistas a distribuição de 345,6 milhões de euros em dividendos. Um proposta que, explica a companhia, corresponde a um dividendo bruto de 0,55 euros por ação (excluindo as 859 mil ações próprias em carteira).
Os resultados das marcas em Portugal
O Pingo Doce teve vendas que atingiram os 4,5 milhões de euros, com um LFL (like for like) de 9,4% (excluindo combustível), o que significa um crescimento de 11,2%.
Durante o ano passado foram abertas 10 novas lojas e remodeladas 37. Para este ano, a marca vai acelerar o seu programa de remodelações, prevendo reformular até 60 espaços e inaugurar 10. A margem de EBITDA foi de 5,9% contra 6% em 2021.
Por sua vez, as vendas do Recheio, “aumentaram 27,7% em relação a um período ainda impactado pelas restrições em contexto pandémico e totalizaram 1,2 mil milhões de euros”, revela a JM. A margem de EBITDA subiu de 4,7% em 2021 para 5,1% em 2022.
Para este ano, a marca quer crescer no canal HoReCa e no retalho tradicional.
Polónia
A inflação atingiu uma média 15,4%, mas as vendas da Biedronka atingiram 17,6 mil milhões, 20,9% acima de 2021. A marca conseguiu um crescimento de 15,0% do EBITDA (+18,1% em moeda local). Em 2022, a Bidronka abriu 157 novas loas e fechou 12.
Para este ano, a JM garante que – e devido ao comportamento cauteloso dos consumidores polacos – a prioridade será manter os preços baixos. Paralelamente, a marca vai adicionar entre 130 e 150 localizações à sua rede de lojas e remodelar cerca de 350 espaços.
A Hebe viu as suas vendas crescerem 28,7% acima de 2021, perfazendo um total de 358 milhões. O EBITDA cresceu para 32 milhões de euros, contra 25 milhões de euros em 2021, o que se traduz numa margem de 9%, em linha com período homólogo. A JM revela que esta marca abriu 30 lojas e que começou a sua expansão internacional, com a abertura das operações online na Chéquia, em novembro, e na Eslováquia, em dezembro. A empresa prevê que, durante este ano, a Hebe centre os seus esforços no crescimento no canal de e-commerce e conta abrir cerca de 30 lojas.
Colômbia
A vendas da marca ARA cresceram 60,5%, em euros. O EBITDA foi de 60 milhões de euros, que comparam com 26 milhões de euros em 2021. E a margem subiu de 2,3%, em 2021, para 3,4% no ano passado. A ARA tem agora 1039 lojas, após a abertura de 274 novos espaços, em 2022.
No decorrer deste ano, a marca prevê abrir mais 200 espaços, embora revele que na Colômbia, as famílias continuam a sofrer com a inflação alimentar. No entanto, “a Ara manter-se-á firme no seu posicionamento de preços baixos e focada na expansão e em ser um porto de abrigo nos bairros onde tem as suas lojas”, garante a Jerónimo Martins.
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