Chegou a Portugal há 20 anos, com 70 quilos de bagagem, num dia “quente para caraças”, com destino ao Polo Norte. Para trás, uma carreira como jornalista, nos planos escrever. Mas “começas a dar um tiro num lugar e acabas noutro” e, no caso de Chakall, o destino acabou por levá-lo a Marvila e a uma carreira como chef.
A força por detrás de El Bulo Social Club, Refeitório do Senhor Abel ou o L’Origine diz que não quer ter mais restaurantes, mas “as oportunidades acontecem”: Luz by Chakall, Otto Fish Restaurant e Chakaburger são os três novos espaços que vai abrir, com vários sócios, em agosto e setembro, um investimento de mais de um milhão de euros.
É um non-stop de projetos. Pouco antes de embarcar com os filhos para a Coreia do Sul para participar no programa Seul Mates, filmou um piloto para o programa de culinária The Big Chef Race para um canal alemão, vai começar a comercializar uma bicicleta elétrica, a Chakabike, embaixador na Alemanha de uma agência de viagens para atrair turistas para o Alentejo e não tarda, no El Corte Inglés e no Continente, começa a vender o Dolce de Leche by Chakall.
No passaporte vai surgir em breve uma nova nacionalidade: portuguesa. “Nacionalidade é algo de orgulho, não é uma questão de facilidade na vida. Tens de sentir a equipa de futebol, o país”, diz. Depois de 20 anos, “a minha filha portuguesa (4 anos) foi o clique definitivo”.
Novos restaurantes
Depois de Marvila e do Parque das Nações, o Estádio do Benfica vai ser o próximo destino. “O Luz by Chakall é o restaurante oficial do Estádio da Luz. Em março fechei negócio com a Kofler, sou sócio deles no restaurante. Vai ser um triplo conceito: uma base do El Bulo (carne grelhada), piza e petiscos portugueses”, descreve. São 1200 m2 completamente renovados, com 140 lugares (mas capacidade para até 600 pessoas), com um sports bar, no qual foram investidos cerca 500 mil euros. “Em Portugal, julgo que será um conceito único”, afirma, lembrando que restaurantes de clubes como o Real Madrid, Barcelona ou Bayern de Munich são um sucesso.
“Há restaurantes fictícios, perdem sistematicamente dinheiro, mesmo estando cheios.”
Na Lagoa de Santo André (Santiago do Cacém) acaba de abrir o seu primeiro restaurante de peixe: o Otto Fish Restaurant. Com 600 m2, esplanada e capacidade até 250 lugares, o espaço fecha depois do verão para obras. “Vamos fazer um mini-hotel com nove suites, um hotel ecológico, de madeira, bem enquadrado no ambiente para abrir no verão de 2020”, conta. “O meu intuito não é ter hotéis. Fazia sentido nesta propriedade, não há nada à volta.”
Em setembro, na estação de comboios de São João do Estoril nasce a Chakburger. “Estou farto de comer hambúrgueres, tudo gourmet, alguns bons, outros… vejo a qualidade da carne, a mim não me enganam.” Então o que distingue a Chakburger? “Carne 100% biológica, de raça cachena, uma raça autóctone portuguesa, de um produtor de Barrancos”, frisa. O espaço irá ainda funcionar como pastelaria, com produtos biológicos, na linha do que já tem em Marvila com a Chakavila.
Projetos que poderão levar a faturação da Cozinha Divina (que engloba os diversos projetos) a subir de 1,5 milhões para três a quatro milhões. “Vivo num negócio real, não tenho fundos, ninguém a injetar dinheiro. O que ganho é o que invisto. Há restaurantes que são fictícios, perdem sistematicamente dinheiro mesmo estando cheios”, diz.
“Tenho muitos amigos fora do país com estrelas Michelin e geralmente não ganham dinheiro, ou muito pouco, mesmo cheios. Ter estrelas Michelin é uma escolha de vida. Tenho cinco filhos, se quisesse uma meia estrela deixava de os ver. Quero é clientes felizes. Diria que 95% dos clientes são felizes e voltam.”
Deixe um comentário