António Mexia garante que a EDP não está a travar mais um braço de ferro com o Governo, mas a verdade é que o anúncio do ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, de cancelar a construção da barragem do Fridão, no rio Tâmega, sem devolver os 218 milhões de euros investidos pela elétrica, há uma década, veio pôr fim à curta lua-de-mel com a nova tutela.
Depois de os amarantinos terem suspirado de alívio com o ponto final anunciado no Parlamento à barragem, a EDP terminou a semana com uma verdadeira “bomba” ao deixar bem claro, numa carta enviada ao Governo, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, que “continua inteiramente disponível para prosseguir com a implementação” do projeto. Na visão da empresa, do ofício que o ministério lhe fez chegar a meio da semana não consta uma decisão final sobre Fridão, que deveria ser sido tomada até 18 de abril, gerando-se uma “situação de impasse” criada pelo Governo.
“Se a resposta do Estado for inconclusiva, faremos uma leitura literal do ofício e a EDP não fica impedida de avançar com […] Fridão”, diz a EDP na mesma carta, lembrando que o contrato de concessão deverá ser assinado no prazo de dois meses.
A elétrica disse ainda ter estado sempre disponível para avançar com um “projeto de menor dimensão e impacto ambiental” na região.”A EDP aguarda que o Estado português esclareça qual a sua decisão relativamente a este projeto”, disse fonte oficial.
Já o Governo, numa carta anterior remetida à EDP, transfere para a elétrica a responsabilidade de não avançar com Fridão, por não ter “interesse próprio” em que o projeto seja executado. “Ou seja, não encontra o Estado nenhuma razão que iniba a intenção [da EDP] em não prosseguir” com a obra.
Fonte oficial do ministério garantiu já ao Dinheiro Vivo que o ponto final na barragem do Fridão é irreversível e a obra não deverá avançar pela mão da EDP ou de qualquer outra empresa.
Mexia: “É o sinal de uma casa que não querem que eu construa”
Foi um dos temas quentes da Grande Entrevista de Mexia à RTP. O CEO da EDP frisou que “a decisão de não construir Fridão é da exclusiva responsabilidade do governo e que em momento algum a EDP considerou a hipótese de não construir sem a devolução do investimento”.
O administrador negou tratar-se de mais um braço de ferro com o Executivo de António Costa. “É uma divergência de opinião. Resolve-se numa arbitragem nacional, em 1 ou 2 anos”, disse Mexia, insistindo: “Propusemos estudar alternativas, construir uma barragem mais pequena. Estamos abertos a um entendimento”.
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