//EDP prevê reforçar capacidade solar e eólica neste ano  

EDP prevê reforçar capacidade solar e eólica neste ano  

A EDP adicionou 2,6 gigawatts (GW) de capacidade solar e eólica, valor equivalente ao instalado (em conjunto) nos dois anos anteriores. A informação foi divulgada ontem por Miguel Stilwell d”Andrade, presidente executivo do EDP Group, aquando da apresentação de resultados de 2021.

Esses investimentos contribuíram para que a empresa tenha conseguido atingir os 21,3 GW de capacidade instalada de renováveis, o que permite que estas já representem 81% da capacidade total da EDP. Por outro lado, o executivo afirmou que a empresa já está a 75% das metas para 2023, ao nível das renováveis, e cerca de 40% das metas definidas para 2025.

A empresa adiantou ainda que vai concorrer ao leilão de energia solar flutuante, que arrancou no final de novembro, com um total de 262 megawatts (MW) em sete barragens. “Se nós vamos continuar a investir em projetos renováveis em Portugal? Claramente que sim, nós continuamos sempre que haja oportunidades e haverá, por exemplo, agora mais um leilão de solar flutuante no curto prazo, portanto, iremos participar também nesse”, afirmou Stilwell d”Andrade.

O presidente executivo sublinhou que a EDP tem participado em todos os leilões realizados em Portugal nos últimos anos e pretende continuar a fazê-lo.

“Consideramos que Portugal tem boas condições, tem bom recurso eólico, solar, portanto tem todo o potencial para podermos investir mais em Portugal e estamos disponíveis para isso”. O crescimento nas renováveis foi o principal responsável pelo crescimento da empresa que, no ano passado, viu os resultados líquidos serem afetados quer pela quebra de produção – derivada da diminuição dos recursos hídricos, o que levou à necessidade de compra de energia (a preços inflacionados) – quer pelo facto de o grupo ter registado imparidades antes de impostos, num total de 230 milhões de euros nos ativos térmicos.

É certo que as renováveis foram o principal impulsionador dos resultados de 2021. No entanto, Miguel Stilwell d”Andrade também destacou o desempenho das redes e ainda “os ganhos expressivos na rotação de ativos”. Segundo o gestor, a empresa teve, em 2021, um crescimento de 6% do resultado líquido recorrente para 826 milhões de euros. Para tal foram importantes o “desempenho positivo do negócio global de renováveis, a integração da Viesgo em Espanha e o crescimento das operações de redes de eletricidade no Brasil”.

Também importante, sublinhou Rui Teixeira, administrador financeiro da EDP, foi a redução da dívida líquida para cerca de 11,5 mil milhões de euros – “em linha com o que estava previsto” e que “é fundamental para o cumprimento do nosso objetivo estratégico de manter um balanço sólido”.
“Do lado menos bom esteve a gestão de energia” que, segundo a EDP, resultou de dois pontos: a falta de chuva, que levou a uma menor produção do que a perspetivada, e, por outro lado, os preços da eletricidade muito elevados. A questão é que “vendemos mais energia a clientes do que temos capacidade de produzir”, disse Rui Teixeira. Energia que tem de ser comprada ao mercado, sendo que, nomeadamente no quarto trimestre de 2021, os preços elevados – tanto na eletricidade como no gás – “acabaram por ter um impacto negativo na nossa performance”.

Mesmo assim, a empresa vai propor em assembleia geral a distribuição de dividendos de 19 cêntimos por ação.

Estabilidade de preços

A península ibérica não tem uma grande dependência do gás russo. A problemática da “guerra” da Ucrânia com a Rússia prende-se mais com o abastecimento à Europa e não a Portugal e Espanha. Segundo Miguel Stilwell de Andrade, os valores deverão rondar os 10% pelo que não é um tema crítico. Para o executivo, a questão prende-se não tanto com o abastecimento do gás, mas sim, principalmente, com uma questão de preço que possa vir a ter do ponto de visto do mercado grossista.