//El Corte Inglés vende 130 imóveis de grande dimensão para baixar dívida

El Corte Inglés vende 130 imóveis de grande dimensão para baixar dívida

O grupo espanhol El Corte Inglés anunciou que quer vender cerca de 130 imóveis de grande dimensão que detém em Espanha, durante o ano de 2019, de forma a reduzir a sua dívida financeira. Segundo números oficiais, o endividamento líquido do grupo retalhista ultrapassava os 3,6 mil milhões de euros no final do terceiro trimestre.

Em comunicado, a empresa, que em Portugal tem dois grandes armazéns (Lisboa e Vila Nova de Gaia) e emprega dezenas de pessoas, refere que pediu à consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) “um estudo” para “determinar as melhores opções para cada um dos ativos não estratégicos e posteriormente decidir quais poderão ser vendidos”.

Os ativos “não estratégicos” que estão na calha para serem alienados não incluem os vários armazéns de grandes dimensões que o grupo detém em Portugal, Espanha e outros países.

Segundo o jornal digital El Confidencial, na carteira imobiliária do grupo estão 94 grandes armazéns ou “centros comerciais”, dois deles em Portugal. Ao todo, estes 94 imóveis equivalem a 87% dos ativos da companhia.

A operação anunciada será feita “com o objetivo de reduzir a dívida” e “otimizar a estrutura financeira da companhia”, explica fonte oficial do grupo espanhol.

Os 130 imóveis em causa (que vão ser analisados para venda, mas que para já não são identificados) são “principalmente terrenos, escritórios, superfícies comerciais e plataformas logísticas”. Os armazéns de grandes dimensões, como os que têm nas duas cidades portugueses e um pouco por todo o

“Os ativos totais do perímetro sujeitos a análise de desinvestimento somam mais de dois milhões de metros quadrados distribuídos por todo o território nacional [Espanha]. O valor estimado destes ativos situa-se entre 1,5 mil milhões e 2 mil milhões de euros”, refere o grupo.

Segundo o jornal económico espanhol El Economista, o El Corte Inglés é também um dos maiores senhorios de Espanha, com um património imobiliário avaliado em mais de 17 mil milhões de euros.

Conseguir pagar aos credores, diz o presidente

No entanto, a dívida começou a ser um problema, daí o grupo ter decidido avançar para esta operação de “desinvestimento” de grande envergadura.

Citado pelo El Confidencial, Jesús Nuño de la Rosa, o presidente do El Corte Inglés, explicou na apresentação do plano de venda de imóveis que a ideia é melhorar o perfil da dívida e reduzir o endividamento total do grupo em pelo menos mil milhões de euros nos próximos 12 meses.

Além disso, o objetivo é que a operação também permita uma subida do rating do grupo, atualmente em BB (S&P e Fitch) e Ba1 (Moody’s). Estas notas da dívida indicam que a empresa é um investimento um pouco arriscado e pouco solvente.

Jesús Nuño de la Rosa explicou que, caso nada fosse feito, seria “muito difícil” cumprir as suas obrigações junto de alguns dos seus credores, como por exemplo Blackstone, Crédit Agricole, Deka, HSBC, Invesco, Prudential e Robeco, refere o jornal El Confidencial.

A agência de ratings Moody’s já reagiu ao plano: disse que “é positivo” para a classificação da dívida do grupo espanhol, mas manteve a nota no referido nível Ba1, com perspetiva estável.

Loja de bricolage de Vila do Conde é para fechar

Recorde-se que na semana passada, o grupo El Corte Inglés anunciou que vai encerrar até final de janeiro do próximo ano a BriCor, de Vila do Conde, a única loja de bricolage que a empresa detém em Portugal. Esta unidade abriu há cerca de sete anos.

Segundo o Dinheiro Vivo, a decisão afeta 41 trabalhadores e “deve-se ao facto de a empresa ter optado por uma presença mais urbana, e por deixar a operação em Portugal”, justificou fonte oficial.

O encerramento da loja de bricolage foi noticiada pelo Jornal de Negócios e confirmada ao Dinheiro Vivo por fonte oficial da cadeia espanhola.

Segundo essa mesma fonte, o encerramento da unidade de Vila do Conde não se insere no referido plano de desinvestimento imobiliário. Não está localizada em Espanha e além do mais “o espaço onde o BriCor estava instalado não é propriedade da BriCor”, referiu ao DV.

  • * Com Ana Marcela

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