É já para a semana que a Eleven Sports vai lançar o seu primeiro canal desportivo no mercado nacional. A Nowo, o seu representante para o mercado português, é até agora a única plataforma de televisão paga com quem a companhia, detida pelo italiano Andrea Radrizzani, o dono do britânico Leeds United, chegou a acordo.
Danny Menken, diretor-geral do grupo da Eleven Sports, mostra-se no entanto confiante que os conteúdos da Eleven, que garantiu para Portugal, a Liga dos Campeões, a Liga Francesa e Espanhola, e acaba de anunciar o Barça TV e da Liga Espanhola de Basquetebol, que os conteúdos ficarão disponíveis em todas as plataformas.
Mas, caso isso não aconteça, até lá os adeptos podem seguir as partidas através de uma aplicação e, para se quiserem assistir no seu televisor e não foram clientes Nowo, a antiga Cabovisão está a preparar o lançamento de uma IP Box. Ou seja, uma box que usando apenas uma oferta de internet (de qualquer operador) dá acesso aos conteúdos de TV da Nowo e, consequentemente, aos canais da Eleven Sports. Qual o valor de comercialização da IP Box, a Nowo não adiantou quando contactada pelo Dinheiro Vivo, remetendo mais informação para mais tarde. Os canais Eleven e a OTT vão estar disponíveis por 9,90 euros/mês.
Parece muito confiante que os outros operadores, Nos, Meo e Vodadone, vão chegar a acordo para disponibilizar os conteúdos da Eleven Sports. O que está a demorar tanto as negociações?
Não faço ideia, não estou envolvido. É algo que está a ser negociado entre a Nowo e as outras plataformas. A época ainda não começou, os clientes ainda estão de férias, ainda não se queixaram muito, mas já está a começar. Vê por todo o lado, sobretudo, nas redes sociais. Ninguém quer ser aquele que vai dizer aos seus clientes que não vão ter acesso a conteúdos chave que nós temos como a Liga dos Campeões.
Acredita que a Nowo vai conseguir um hat-trick e, até dia 15 de agosto, fechar acordo com os operadores?
Espero que sim, especialmente para os adeptos. Somos agnósticos em termos de plataformas, queremos estar em qualquer lado, em qualquer plataforma, para que qualquer adepto nos possa ver. Espero que seja o caso, mas não posso garantir, porque não sou um ator nas negociações.
Não está a acompanhar quais são os principais obstáculos desta negociação, então.
É sempre sobre os termos comerciais, claro. Mas, não vou dar os detalhes exatos.
A Nowo vai lançar uma IP Box [que liga aos serviços de televisão através da Internet]. Poderá ser uma solução, caso não cheguem a acordo com os operadores?
Para os adeptos, certamente é uma solução. De novo, espero que todos tenham a possibilidade de ver os canais através do seu fornecedor, mas com essa IP Box podem definitivamente fazer isso.
A Liga dos Campeões e os restantes conteúdos Eleven são suficientemente atrativos para que as pessoas paguem um valor adicional? Já pagam pela SportTV, pelo Benfica TV…
Mas não precisam de manter essas ofertas, podem fazer isso, é uma decisão sua. Mas sendo honesto a Liga dos Campeões é o direito mais forte, é o melhor futebol do mundo, por isso, sim as pessoas vão querer vê-lo.
Fecharam um acordo com a TVI com Liga dos Campeões, oito jogos, durante uma época, incluindo a Supertaça Europeia e a final. Como vai ser no próximo ano, reiniciam as negociações?
É um acordo de um ano. Tenho um bom pressentimento em relação a eles enquanto parceiros. Do meu ponto de vista, se no ano que se avizinha esse sentimento se concretizar, de que somos parceiros fortes e que tudo funciona bem, não vejo razão para não continuar com eles. Mas queremos sempre manter os nossos parceiros, incluindo nós próprios, atentos e maximizar o que retiramos de uma relação, para ambos os lados.
A TVI vai funcionar como departamento comercial da Eleven para a Liga de Campeões e outros conteúdos Eleven. O mercado publicitário português não está pujante…
Não estou exclusivamente focado em obter receitas de publicidade.
Têm 17 milhões de assinantes em 11 mercados. Tem um objetivo para Portugal.
Temos.
Que é?
Não vou comentar sobre isso.
Os conteúdos premium como um todo, de séries/cinema ao desporto, têm reduzido o número de assinantes [segundo dados da Anacom de 2017]
É porque não estão a entregar o que as pessoas estão à procura. Não ouvem os adeptos. Nós ouvimos os fãs. Dando-lhe um bom exemplo, a Polónia entramos há 2,5 anos, toda a gente nos dizia, ‘esqueçam, não há espaço para vocês, os operadores são muito hostis, nunca vos vão deixar entrar nas suas plataformas…’. Havia um incumbente, tal como têm cá a SportTV, em 25 anos no mercado, têm 1,2 milhões de assinantes, têm a liga local e a Premier League que é muito forte. Nós em apenas 2,5 anos temos mais de 2 milhões de subscritores na Polónia e a crescer todos os dias, entre 50 a 100 mil assinantes por mês. O que demonstra que se fizeres as coisas certas, se tiveres conteúdos fortes, se ouvires os adepros e lhes deres o que querem… Há certamente novos clientes a chegar, já que no seu pico o incumbente tinha 1,2 milhões, não queriam pagar os preços elevados que o incumbente lhes pedia, a forma de produção, a forma como interagiam, ou melhor como não interagiam com as pessoas, simplesmente não era atrativo para elas. Nós somos.
Dada a dimensão do mercado português será um desafio para a Eleven ser rentável?
Não de todo.
Têm um prazo para isso?
Sim, mas não irei revelar.
Vão ter uma oferta OTT (aplicação que funciona em cima da rede de qualquer operador). Não é algo que os portugueses estejam muito familiarizados nos conteúdos desportivos. Há o Netflix…
Teremos de educar o mercado. Estamos a pensar em ter alguns vídeos onde se explicam como se usa, etc. E é muito simples. O Netflix é muito popular por cá e as pessoas conseguem subscrever o serviço.
Referia-me ao número de subscritores. Esse tipo de serviço não tem assim tantos assinantes.
Irá crescer. Mas, de novo, espero que tenhamos distribuição total em todas as plataformas. A OTT é uma oferta boa para as pessoas que não têm nenhum tipo de assinatura, mas ainda querem ver os nossos canais. É um serviço complementar.
O que seria um bom número de subscritores para si?
Não revelo números.
Também não vai revelar o investimento, então. Quais são as expectativas em termos de adicionar novos conteúdos desportivos, além do futebol e de MMA e kick boxing?
Nas próximas semanas iremos anunciar alguns direitos importantes que não são de futebol.
Algum relacionado com o desporto motorizado?
Não posso dizer.
A F1 deverá ser um que deverá chegar ao mercado para Portugal.
Não posso dizer nada sobre isso.
Estão a montar a equipa em Portugal. Já são 30.
Incluindo os comentadores, trabalhamos também com muitos freelancers. Estamos diariamente a construir a equipa. Estamos em discussões com alguns bons candidatos a diretor-geral da Eleven Sports, espero uma decisão final em breve.
Os canais irão emitir jogos em direto e diferido. Há planos para fazer produção local?
O nosso objetivo é maximizar a nossa cobertura em direto, mas vamos produzir muitos conteúdos pré e pós os jogos em direto, programas de estúdio, entrevistas exclusivas, desenvolvemos os nossos próprios formatos dentro do grupo. O ano passado desenvolvemos na Bélgica, um programa chamado Missão Messi, em que um dos nossos jornalistas foi numa busca para encontrar-se com o Messi e claro que foi bem-sucedido. Foi um formato que vendemos a vários broadcasters. Fazemos muita produção de formatos.
Querem usar as redes sociais. O jogo transmitido na vossa página no Facebook não correu bem, houve umas dificuldades técnicas.
A única dificuldade foi que a Liga Francesa têm de nos dar autorização [para a transmissão] no Facebook, que tem de saber que nós estamos autorizados a fazer o streaming do conteúdo live. Foi-nos dito que tínhamos esse OK e não tínhamos, por isso o Facebook deitou-nos abaixo.
Do nosso lado estava tudo estava pronto, fazemos Facebook Lives todos os dias e nunca corre mal, foi uma pena que tenha corrido mal com o primeiro que fizemos aqui em Portugal. Mas no fim-de-semana fizemos em Myamar, que é o país muito menos desenvolvido do que Portugal, o Community Shield Live (Supertaça de Inglaterra) no Facebook e sem qualquer tipo de marketing tivemos mais de 1,8 milhões de telespetadores.
Então planeia fazer mais emissões no Facebook.
No próximo fim-de-semana vamos transmitir dois jogos da Liga Francesa, porque só lançamos os nossos canais a 15 de agosto, e tínhamos muitas questões dos adeptos para saber se iam poder ver as partidas chave da Liga Francesa. Por isso, decidimos ter a Champions Trophy e os primeiros fins-de-semana da Liga Francesa no Facebook Live para dar aos adeptos acesso aos conteúdos.
Nesta fase o Facebook é apenas uma ferramenta de marketing ou olha para esse canal como uma futura fonte de receita?
Não, é uma excelente ferramenta de marketing. Estamos hoje a lançar esta quinta-feira no Reino Unido, portanto, nos primeiros dias também vamos lançar no Facebook Live de forma gratuita para todos. E isso ajuda de facto, dá-nos uma grande visibilidade, envolvimento com os adeptos, e gera tráfego para os nossos canais. É bom para os operadores, a plataforma OTT, é bom para toda a gente.
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