//Endesa investe 6,6 mil milhões em Portugal até 2022

Endesa investe 6,6 mil milhões em Portugal até 2022

Empresa espanhola está apostada em reforçar a sua posição no mercado nacional, onde pretende investir nas renováveis, no desenvolvimento de redes de carregamento de veículos elétricos e nas redes inteligentes.

A Endesa tem 6,6 mil milhões de euros para investir em Portugal até 2022, sobretudo na área das energias renováveis, mas também na mobilidade elétrica e nas redes inteligentes, uma das grandes apostas da empresa, que aguarda “com expectativa” pelas decisões do governo quanto às concessões das redes de distribuição de eletricidade em baixa tensão. E enquanto o governo não diz quando avançará com os ditos leilões, nem se o fará numa única concessão ou em várias, Nuno Ribeiro da Silva, presidente em Portugal da elétrica espanhola, vai dando a conhecer a experiência da Endesa nessa matéria aos autarcas.

À margem de um encontro com presidentes de câmara, em Vila Real, Nuno Ribeiro da Silva falou ao Dinheiro Vivo sobre o balanço de 2019 e os projetos de futuro da Endesa em Portugal. “Somos o maior operador de redes a nível mundial, pelo que temos a ambição legítima de, também aqui, vir a ter um papel ao nível da operação de redes de distribuição do país”, diz. Mas não quantifica metas: “Tudo depende do caderno de encargos e de como o governo irá definir e arrumar uma série de variáveis que estão, ainda, em aberto.”

Por definir está, por exemplo, se o governo irá optar por uma concessão única, mantendo o atual modelo, ou se tem em conta a posição da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) que defende a divisão do país em três concessões: norte, centro e sul. O executivo aguarda as conclusões do estudo encomendado ao INESC TEC para definir os critérios técnicos que presidirão aos concursos. A EDP Distribuição é a detentora da quase totalidade das concessões municipais de distribuição de eletricidade em baixa tensão, controlando 99,5% dos pontos de entrega. No entanto, há já duas concessões que terminaram – São João da Madeira e Lisboa – e que estão a ser exploradas em regime transitório. Para o ano terminam mais uma série delas e a Endesa teme que o assunto continue adiado.

“Preocupa-me um certo deixar andar, um ‘empurrar com a barriga’, até porque este é um processo complexo e, se calhar, não é muito oportuno lançá-lo em período pré-eleitoral. Preocupa-me que as autarquias, que são, em primeira instância, as donas disto tudo, não estejam a ser informadas da importância desta decisão para o futuro do desenvolvimento dos municípios, dos seus cidadãos e até das condições para atrair negócio”, refere Nuno Ribeiro da Silva, lembrando que o tema dos serviços elétricos e da renovação das redes é um dos muitos itens avaliados pelos investidores estrangeiros quando procuram local para se instalarem.

Para este responsável, é vital que se definam os “novos termos de exigência” a que as redes terão de responder. “Ouvimos todos falar nas redes inteligentes, mas elas estão já a ser solicitadas para não bloquearem e serem agentes ativos de todo um conjunto de transformações, como a mobilidade elétrica, em que os veículos são carregados, mas também abastecem a rede, ou o regime de produtor/consumidor, em que cada telhado de um hotel ou de uma fábrica pode ser um produto de energia elétrica que pode injetar na rede. Há todo um conjunto de novidades que obriga a uma mudança profunda na inteligência das redes e na tecnologia aplicada”, sublinha.

No encontro com os autarcas, subordinado ao tema “O futuro das redes de distribuição elétrica”, e para o qual convidou o presidente do conselho consultivo da ERSE, Mário Paulo, o diretor de Relações Institucionais da Endesa, Rafael Sánchez Durán, e um advogado especialista na matéria, António Magalhães e Menezes, da CMS, Nuno Ribeiro da Silva havia já deixado claro que em causa está “um salto qualitativo na operação de redes que, a não ser levado em boa conta, fará que estas se tornem um inibidor de um conjunto de aspetos ligados à eficiência energética e à interligação entre cidadãos e operadores, etc”.

Já o presidente do conselho consultivo da ERSE lembrou que Portugal “está nos primeiros lugares, a nível europeu, no mix energético, com elevada penetração das energias renováveis”, mas considerou errada a decisão do governo de antecipar para 2023 o encerramento das centrais a carvão. “Tão errado era fechar a central de Sines toda em 2030 como é em 2023. Os grupos mais antigos deviam sair e, à medida que entrasse a renovável, ir fechando os restantes”, defendeu.

Segundo Mário Paulo, a ERSE tentou “simplificar as leis” para facilitar a evolução para as redes inteligentes, falta, agora, a intervenção política. “Mas temos de avançar se queremos dar o salto”, diz. O problema, garante, é que esta revolução “não se faz sem contadores inteligentes” e em Portugal estes são, ainda, em número reduzido.

Estratégia a caminho da descarbonização
-Investimento
A Enel, a dona da Endesa, prevê aplicar 28,7 mil milhões até 2022, num plano estratégico em que as renováveis dominam. O grupo quer ser livre de carbono em 2050.

-Mobilidade
Em Portugal, a Endesa admite aplicar 6,6 mil milhões em energia solar eólica, na exploração e desenvolvimento de redes de carregamento de veículos elétricos, nas redes inteligentes e em eventuais compra de ativos da EDP. “Temos vontade e meios, assim haja oportunidades”, diz Ribeiro da Silva.

-Governo
O executivo aguarda o estudo do INESC TEC que, diz, deverá produzir os primeiros resultados até ao fim de janeiro de 2020.

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