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A Energie, empresa especializada em painéis solares termodinâmicos e com tecnologia patenteada, está a investir um milhão de euros em inovação produtiva e promete lançar, em 2021, uma “inovadora” bomba de calor para o mercado da propriedade horizontal. Permitirá “alavancar” o crescimento, depois de a pandemia ter reduzido a atividade da empresa, quase em exclusivo, ao segmento residencial em Portugal, mas em crescimento.
Presente em 50 mercados, com “forte incidência” no centro e norte da Europa, nos Emirados Árabes Unidos e na Austrália e Nova Zelândia, bem como nos EUA, embora aqui com “menor presença”, a empresa obteve 65% dos 8,5 milhões que faturou no ano passado na exportação. Neste ano, com a covid-19, o mercado nacional reganhou força e importância. “Foi o que mais cresceu”, admite Luís Rocha. “Com a pandemia, os portugueses ficaram mais por casa e tiveram tempo para pensar nas energias renováveis e no modo de reduzirem a sua fatura mensal da luz”, diz. Mas não só. O consumidor português “está muito sensibilizado” para o tema da redução das emissões e procura formas de diminuir a sua pegada ecológica, garante.
O objetivo da Energie neste ano era chegar aos 10 milhões de euros. O incêndio que, em fevereiro, destruiu parte da fábrica, em Laúndos, na Póvoa de Varzim, e a pandemia, a partir de março, obrigaram a rever o plano, sendo que a meta agora é manter o valor do ano transato. “Já será bom”, admite Luís Rocha, sublinhando que os países europeus “estão a cortar compras” e que as vendas estão a fazer-se quase para entrega imediata. “Deixámos de ter encomendas de longo prazo”, garante. Em contrapartida, os fornecedores estão a reduzir stocks, o que implica prazos de entrega “mais dilatados”. Um equilíbrio difícil de conseguir.
Os incentivos lançados pelo Governo para a reabilitação e melhoria do desempenho energético dos edifícios foram “um excelente balão de oxigénio”, e Luís Rocha acredita que os valores alocados a esse objetivo no Fundo Ambiental “vão ser esgotados rapidamente”.
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Embora só trabalhe o negócio B2B, a Energie conta com uma rede de 150 distribuidores no país. Dos dois milhões de euros que faturou em Portugal, nos primeiros oito meses (mais de 8% face a 2019), o segmento doméstico pesou 85%, mais 10 pontos percentuais do que no período homólogo. O facto de ser uma empresa portuguesa também ajudou. Sobretudo nesta área, onde a competitividade “se tem acentuado”, na última década, embora os principais concorrentes continuem a ser asiáticos.
Made in Portugal
“Com a covid, o consumidor está muito sensibilizado para comprar produtos nacionais. E o facto de sermos uma estrutura familiar também motiva muito os clientes. Temos concorrência, sim, mas temos um espaço muito próprio”, defende o empresário. Mas nem tudo na pandemia é bom, o segmento empresarial, onde estava apostar em grande força na hotelaria, para substituição de caldeiras a gasóleo, praticamente desapareceu. Embora recentemente tenha instalado 200 painéis solares termodinâmicos num luxuoso resort nos Emirados Árabes Unidos. “O segmento dos grandes volumes praticamente parou, havemos de o reabilitar quando o turismo começar a mexer novamente”, promete.
Apesar da pandemia, a Energie nunca parou. Pelo contrário, conseguiu reabilitar os pavilhões afetados pelo incêndio de fevereiro e acabar de construir um outro, de 1500 metros quadrados, que arrancara em janeiro. E implementou o projeto de inovação produtiva, em curso, com o apoio do Portugal 2020. Um investimento de um milhão de euros, que vai permitir, simultaneamente, um aumento da capacidade produtiva de até 50%. A intenção é marcar os 40 anos que a empresa celebra para o ano com o lançamento de um novo produto específico para o segmento residencial em regime de propriedade horizontal. Os chamados condomínios. Será uma bomba de calor, “completamente inovadora”, garante, e que permitirá, em simultâneo, assegurar a climatização, com aquecimento central ou refrigeração, e o aquecimento de águas sanitárias. E que ser complementado” com painéis fotovoltaicos.
O novo produto deverá “alavancar” o crescimento da Energie já a partir de 2021, ano em que a empresa espera faturar 12 a 13 milhões de euros, com o segmento da propriedade horizontal a valer já 10%. Além disso, a empresa está a promover “melhorias” em toda a sua gama de produtos, nos seus índices de performance e permitindo que todos os equipamentos passem a ser controlados pelo cliente, à distância, no smartphone. Tem, por isso, vindo a reforçar os quadros. Conta 50 trabalhadores, no último mês, admitiu cinco pessoas para a unidade fabril. Espera, até ao final do ano, admitir mais seis. Um processo que não tem sido fácil, embora, com a covid haja mais disponibilidade de mão-de-obra. “Sabe que não falta gente disponível para as áreas administrativas, mas para o chão de fábrica é diferente. Estamos numa zona rural, felizmente temos conseguido admitir jovens com elevado potencial”, refere. Está, ainda, à procura de técnicos comerciais para cobrir o sul do país e os mercados internacionais. “Espero que 2021 seja o ano de relançamento”, frisa Luís Rocha.
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