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A ERA Portugal decidiu este ano pôr termo à exclusividade de territórios. A marca imobiliária, cujo negócio assenta num conceito de proximidade, quer acelerar o crescimento da rede, com o objetivo de duplicar a médio prazo o número de agências no país. Para atingir essa meta, abriu a porta à expansão num ambiente mais competitivo, que visa premiar os agentes com vontade de crescer, avança Rui Torgal, CEO da ERA. Cada território/concelho era trabalhado em exclusivo por um determinado número de lojas, mas essa “segurança”, que poderia gerar pouca ambição, terminou. Agora, quem pretender trabalhar com a ERA pode abrir o seu espaço em qualquer cidade sem impedimentos.
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Este novo modelo de negócio irá alavancar os planos de crescimento da rede, focados principalmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Segundo Rui Torgal, a ERA tem o objetivo de abrir este ano cerca de 50 agências. E, num prazo de quatro a cinco anos, ter em operação mais 150. “Queremos duplicar o número de agências” – atualmente são perto de 200 -, e em simultâneo “duplicar a faturação”, adianta. A expansão da marca será realizada de forma orgânica, não estando em cima da mesa qualquer intenção de reforço por aquisição. Como frisa, este crescimento tem que incorporar a cultura da ERA Portugal, presente no país desde 1998 e que há quase dois anos renovou o contrato de master franchising por mais 25 anos.
Na sua opinião, o plano permitirá ter “agentes no terreno mais bem preparados, juntando a quantidade à qualidade”. Em simultâneo, mantendo a filosofia de marca imobiliária de vizinhança. É também uma resposta às mudanças do mercado. “Os clientes são diferentes do passado, esperam de nós uma evolução tecnológica”, diz. “Na ERA queremos concorrer por qualidade e estamos a fazer uma revolução tecnológica acompanhada de uma revolução nos recursos humanos para conseguir ter sucesso no mercado”.
A imobiliária tem apostado na formação dos agentes, através da academia ERA, ministrando cursos orientados para as várias vertentes do negócio. O gestor também faz questão de sublinhar que a ERA “é uma empresa muito sólida, com profissionais quase desde o início” da operação em Portugal, e procura ter colaboradores “dedicados totalmente à atividade”. Só assim “podemos garantir profissionalismo e qualidade de serviço”, diz. “São as pessoas que fazem a diferença, que criam as oportunidades. A nossa melhor zona é onde estão as melhores pessoas. A ideia que é onde o ticket médio é mais alto ou onde é mais fácil aprovar crédito é errada”. A rede, que conta com mais de dois mil agentes no país, ocupa a terceira posição no ranking do setor, embora em muitas zonas esteja no segundo lugar e na região Norte seja líder em vários territórios. Com este projeto, a empresa terá “um aumento da quota de mercado”, acredita.
Crescer em 2023
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O negócio imobiliário iniciou o ano em terreno negativo, ainda sob os efeitos da conjuntura de 2022, mas já há sinais de retoma, considera Rui Torgal. Como analisa, “o primeiro trimestre de 2022 foi excecional para a ERA e para a generalidade das empresas do setor”. Entretanto, deflagrou a guerra na Ucrânia, os preços dos materiais e matérias-primas da construção subiram, aumentou a inflação, as taxas de juro escalaram. Em consequência, “a partir do segundo trimestre registou-se um decréscimo do mercado”. A ERA acabou por encerrar esse exercício com uma quebra de 5% na faturação, que ascendeu a 90 milhões de euros. “Mesmo assim, foi o nosso melhor ano de sempre”, diz. Em 2022, a imobiliária mediou a venda de 10 500 imóveis, num volume de transações de 1,8 mil milhões de euros.
Nos primeiros três meses de 2023, a tendência negativa manteve-se, mas no segundo trimestre a ERA registou um crescimento homólogo de 9%. Foram surgindo “boas notícias: estabilização da inflação, descida dos preços das matérias-primas, diminuição da taxa de esforço para aceder a crédito. A confiança regressou”. Os consumidores também “começaram a incorporar esta realidade, o que era anormal eram taxas de juro negativas”. A ERA acabou por fechar o primeiro semestre com uma faturação de 42 milhões de euros, menos 5% do que no período homólogo do ano passado, tendo vendido 5454 imóveis num valor total da ordem dos 803 milhões. Neste cenário, Rui Torgal perspetiva que a imobiliária irá fechar o exercício com um crescimento na faturação.
No entanto, o setor debate-se com uma “falta de oferta tremenda”, cuja principal origem deve-se a uma década em que praticamente não se construíram casas, diz. Na sua opinião, o programa Mais Habitação não vai “à raiz do problema” e “enquanto a oferta não aumentar, os preços não baixam”. Para isso, é preciso dar incentivos à construção de casas, como “redução da carga fiscal e diminuição da burocracia nos processos de licenciamento, não dificultar a atividade dos promotores”, defende. Em suma, avançar com “medidas mais corajosas, que se dirijam ao âmago da questão, que está no início”.
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