//Escassez de fibra ótica? Operadores apostam em planeamento de longo prazo

Escassez de fibra ótica? Operadores apostam em planeamento de longo prazo

Não são apenas os chips que estão em falta. As tecnológicas e telecom também estão a sentir uma escassez mundial de fibra ótica, com os preços dos cabos a encarecer. Somam-se os constrangimentos nas cadeias de abastecimento e estão reunidas as condições para pôr em risco os planos de implementação de infraestruturas de telecomunicações de última geração, de acordo com uma análise da consultora Cru Group. O cenário levanta também barreiras à digitalização. Por cá, Altice, NOS e Vodafone estão atentas, mas dizem que os planos em curso não estão prejudicados para já. Por isso, apostam no planeamento a longo prazo.

Segundo a análise da britânica Cru Group, a escassez têm-se sentido sobretudo na Europa, Índia e China, sendo que no final do primeiro trimestre do ano, os custos da fibra ótica teriam crescido até 70%, em termos homólogos. Isto é, se em 2021 encomendar cabos de fibra ótica custaria 3,70 dólares por quilómetro, no final de março o preço já ia em 6,30 dólares.

Apesar da diminuição dos investimentos durante a pandemia – indica a análise – as tecnológicas e as telecom continuaram a procurar por cabos de fibra ótica e, agora, há um défice na disponibilidade dos materiais necessários para concretizar encomendas. Isto, quando o consumo total de cabos aumentou 8,1% nos primeiros seis meses de 2022, em termos homólogos, numa altura em que, sobretudo na Europa, há exigências governamentais para a consolidação da nova rede móvel de quinta geração (5G). E os cabos de fibra ótica são essenciais para ligar o sinal das antenas às estações base e permitir o transporte massivo e rápido de dados.

“Com o custo a subir para o dobro de repente, agora só há dúvidas se os países serão capazes de cumprir com as metas estabelecidas e se tal poderá ter impacto na conectividade à escala global”, segundo Michael Finch, analista do Cru Group, citado pelo Financial Times.

Parte da origem da escassez de fibra ótica estará no facto de gigantes como a Amazon, Google, Microsoft e Meta terem fortalecido investimentos em centros de dados e cabos submarinos, apostas que preveem enormes redes de telecomunicações que também carecem de grandes quantidades de cabos de fibra ótica. Dada a grande capacidade de investimento destas multinacionais, o resto das empresas (outras tecnológicas e telecom) acabam pressionadas.

Altice, NOS e Vodafone notam constrangimentos, mas ainda garantem cumprimento dos planos

Em Portugal, o investimento mais visível em fibra ótica vem do setor das telecomunicações. Ao Dinheiro Vivo, a Altice Portugal, a NOS e a Vodafone Portugal reconhecem a conjuntura difícil, mas garantem que, neste momento, os planos em curso não estão em risco. Todavia, os três players dizem estar atentos e a gerir dia a dia de forma a antecipar e evitar reais constrangimentos para os consumidores.