Partilhareste artigo
Pagar as despesas mensais e ter segurança financeira na reforma. São estas as duas grandes preocupações dos portugueses em matéria financeira, de acordo com um estudo que a seguradora Zurich, em parceria com a Universidade de Oxford, desenvolveu sobre o mundo do trabalho, intitulado ‘”Criando um mundo do trabalho mais positivo”, com uma perspetiva europeia.
“No nosso inquérito de 2019 sobre finanças dos consumidores, 44% dos inquiridos nos 17 países reportaram que a segurança na reforma era a sua principal preocupação financeira. Era a principal preocupação em todos os países europeus, com excepção da Roménia, e percorria todos os grupos etários, com cerca de um terço dos millennials a dizerem que era a sua principal preocupação financeira”, pode ler-se no documento.
Contudo, com a pandemia esta tendência alterou-se um pouco. Os autores do estudo indicam mesmo que a experiência obtida com inquéritos anteriores mostra que “as questões de longo prazo perdem importância durante períodos de dificuldades económicas, por isso as reformas provavelmente não estão imediatamente na mente de muitas pessoas logo no pós-covid-19”. No entanto, o tema poderá voltar a ser relevante para muitos quando as condições económicas evoluírem mais favoravelmente.
Os dados disponibilizados sobre alguns países, como é o caso de Portugal, mostram que o pagamento mensal das contas e a segurança financeira na reforma recolhem ambas cerca de 40% cada das principais preocupações dos inquiridos portugueses. O remanescente distribuiu-se entre encargos com a família e amigos e pagamentos de dívidas associadas a cartões de crédito.
Subscrever newsletter
Esta realidade não é igual nos vários países. Por exemplo, na Alemanha, o principal motor da economia da Zona Euro, a principal preocupação (cerca de 55%) é com a situação financeira após a vida ativa. O pagamento das contas mensais e os encargos familiares e com amigos são as outras duas principais preocupações.
No caso dos trabalhadores independentes, a percentagem dos que, em Portugal, revelaram que a sua principal preocupação é com a sua situação financeira na reforma é de mais de 50%.
Emprego jovem
Este estudo não esconde que os mais jovens foram afetados pela pandemia de covid-19. “Apesar de serem menos vulneráveis a contrair formas da doença mais severas ou fatais, os com menos de 40 anos (millennials e os membros mais velhos da geração Z que estão a entrar no mercado de trabalho) têm estado mais vulneráveis a perdas de emprego e suspensão dos planos de desenvolvimento das carreiras. O emprego jovem tem sido uma questão altamente relevante desde a crise financeira de 2008 e da 2011″, pode ler-se no estudo.
Segundo o inquérito, e no caso de Portugal, quase 80% com menos de 40 anos de idade estaria disponível para sacrificar uma tarde por semana do seu tempo de lazer, durante um período de seis meses, para aprender novas competências. Aliás, entre os nove países cujos dados são apresentados (Finlândia, Reino Unido, Suíça, Espanha, Roménia, Itália, Irlanda, Alemanha e Portugal), Portugal é o que tem uma percentagem mais elevada, seguido pela Itália.
A mesma questão, mas no caso de pessoas com mais de 40 anos, conta com uma percentagem de quase 70% dos portugueses inquiridos a admitir que não se importava de abdicar de uma tarde para adquirir mais competências. Também neste indicador, Portugal está à frente de outros países.
Aceleração da digitalização
Mesmo antes da pandemia, a digitalização nas empresas estava já em curso e, com ela, a necessidade de adaptação às mudanças que esta trazia. Com a pandemia de covid-19, e até com o teletrabalho, a digitalização levou um empurrão, incluindo o uso da Inteligência Artificial e automatização, o que leva a um aumento da necessidade de requalificação profissional. O estudo Workforce Protection indica que, no caso de Portugal, a grande maioria (72%) dos inquiridos afirma que estaria disposta a fazer uma reconversão profissional, estando acima da média da amostra (63%).
Além disso, os profissionais portugueses que exercem profissões em funções criativas baseadas no conhecimento são os mais empreendedores neste aspeto (74%), enquanto os trabalhadores que desempenham tarefas manuais rotineiras estão um pouco menos dispostos (69%) a abdicar do seu tempo livre para adquirir novas competências profissionais.
Deixe um comentário