A fraude nas emissões poluentes nos carros custou milhões aos automobilistas europeus nos últimos anos. Só no caso de Portugal, o custo adicional em termos de combustível, na sequência da manipulação dos testes por parte da indústria, ascendeu a 1,6 mil milhões de euros desde o ano 2000, indica um relatório da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E).
Olhando, contudo, para o mapa da Europa é possível perceber que Portugal foi um dos países onde a fatura foi, ainda assim, uma das mais leves. Na Alemanha, os automobilistas desperdiçaram 36 mil milhões de euros nestes 18 anos, em Espanha o custo adicional com os combustíveis foi de 12 mil milhões de euros e no Reino Unido a fatura foi de mais de 24 mil milhões de euros.
“O combustível extra consumido devido a essa interferência, custou aos automobilistas um acréscimo de quase 150 mil milhões de euros nos últimos 18 anos (2000-2017)” na Europa, nota a Quercus, que integra esta Federação, em comunicado. Só no ano passado, os cidadãos europeus tiveram um gasto extraordinário de mais de 23 mil milhões euros. Para se ter uma ideia, este valor fica próximo do valor despendido pelos portugueses em alimentação nesse ano.
Este relatório nota também que as diferenças no desempenho dos carros nos testes e na realidade “aumentou de 9%, em 2000, para 42%, em 2016, devido principalmente à manipulação dos testes laboratoriais por parte da indústria automóvel e também devido à tecnologia (como o start-stop), que proporciona economias superiores em laboratório, do que na estrada”.
Um novo teste laboratorial às emissões poluentes nos automóveis está prestes a ser lançado – o WLTP (Worldwide harmonized Light vehicle Test Procedure). Porém, a Federação Europeia dos Transportes e Ambiente não partilha da posição da Comissão Europeia e dos fabricantes, que alegam que este novo teste vai corrigir as falhas do passado.
“Uma nova análise feita pela T&E, com base no estudo do JRC (centro de pesquisa da CE) revela que este simplesmente introduzirá novas lacunas. Ao inflacionar os resultados dos testes WLTP em pelo menos 10g/km, a indústria automóvel pode facilmente atingir a redução de 15% nas emissões de CO2 proposta pela CE até 2025, diminuindo o impacto desta meta em mais de metade”.
A Quercus concorda com esta posição e sustenta, em comunicado, que “os grandes lesados são os cidadãos que pagam por mais combustível e sofrem as consequências das alterações climáticas”.
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