//Exportações de vinho caíram 4% em abril, mas crescem no acumulado do ano

Exportações de vinho caíram 4% em abril, mas crescem no acumulado do ano

Apesar das exportações de vinho terem travado, a fundo, no mês de abril, com uma quebra de 4% para 59 milhões de euros, no acumulado dos primeiros quatro meses do ano, o sector está ainda em terreno positivo. No total, foram vendidos 937,8 milhões de litros ao exterior, no valor de 244,2 milhões de euros, quase um milhão de euros a mais do que em igual período do ano passado. A evolução é positiva em 0,4% em valor e 0,9% em volume. Mas o preço médio caiu 0,5%, para 2,60 euros o litro.

Números que não escondem a derrocada do mês de abril, já que, no acumulado do primeiro trimestre, o sector estava a crescer quase 2%. E mesmo em abril, a perda verifica-se, essencialmente, nos mercados europeus – a maioria dos quais fechados como forma de conter a pandemia de covid-19 -, que registam uma quebra de 19,3%. Em contrapartida, as vendas para países terceiros cresceram 15%, com especial destaque para mercados relevantes como o Canadá ou o Reino Unido. Mas França, principal destino além-fronteiras, cai mais de 34% para 6,1 milhões (são menos 3,2 milhões de euros que em igual período de 2019) e mesmo os Estados Unidos, o segundo principal mercado, perde um milhão de euros: foram exportados 6,1 milhões, menos 13,9%.

No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, os EUA cresceram 10,4% para 30,7 milhões de euros, e o Reino Unido e o Brasil mantêm-se estáveis, respetivamente, nos 18 milhões e nos 14,3 milhões de euros. A Alemanha cai de 16,5 para 15,2 milhões de euros e a França perde quatro milhões, ficando-se por vendas totais de 32 milhões de euros (-11,11%). Por grandes blocos, a União Europeia comprou menos 21 milhões de euros em vinho português, ficando-se pelos 114 milhões, uma quebra de 15,7%, enquanto as vendas para países terceiros cresceram 20,6% para 130 milhões de euros.

O presidente do Instituto da Vinha e do Vinho admite que estes dados são “preocupantes”, na medida em que “se nota aqui uma perda importante, que estagna o crescimento contínuo das exportações desde há mais de cinco anos”, diz Bernardo Gouvêa. Que admite que maio possa, ainda, vir a ser pior do que abril. “Para o bem e para o mal, as coisas acontecem com uma décalage maior nas exportações. Há aqui um efeito no tempo que é importante, de negociação e de preparação das encomendas, que permite antecipar que será nos números de maio que se refletirão as negociações de março e a abril, meses de pico da pandemia”, refere.

Mas nem tudo são más notícias. É que se é verdade que os dados do inquérito do Instituto da Vinha e do Vinho às empresas do sector mostram um agravamento das vendas nos mercados exteriores em abril, já as quebras no mercado nacional foram menos acentuadas nesse mês do que em março. E os dados acumulados dos selos vendidos aos operadores mostram um aumento de 7,26% até 31 de maio, nos vinhos certificados. Em compensação, as vendas de vinhos sem indicação de origem, o chamado vinho de mesa, está a cair quase 9%. “Apesar da pressão sobre as gamas mais baixas, os produtores estão a conseguir colocar os seus vinhos no mercado. Ninguém compra selos, que implicam o pagamento da respetiva taxa, se não for para colocar essas garrafas no mercado, ou, pelo menos, para preparar encomendas para sair. O que significa que a atividade económica continua bastante pro-activa e a conseguir reagir”, argumenta.

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