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A palavra sustentabilidade invadiu o léxico nacional, na sociedade e nas empresas. No entanto, o seu conceito ainda não é compreendido a 100%, continuando a ser frequentemente conotado com fatores ambientais. Mas, a sustentabilidade é muito mais do que isso e, nos seus três pilares, inclui, não só as questões relacionadas com o ambiente, as também a vertente social e económica. Muitas organizações ainda não compreenderam a sua importância e abrangência nem, tão pouco, a necessidade de transformarem os seus negócios. “Sustentabilidade não é uma moda, deve ser um driver de transformação das empresas”, afirma Marco Galinha. O CEO do Grupo BEL, que falava durante a sessão de abertura da “Conferência de Sustentabilidade”, que celebrou os 22 anos do grupo que detém o Dinheiro Vivo, acrescenta que “se não levarem esta questão a sério e com determinação, ficarão para trás”.
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Internamente, o CEO assegura que este caminho está a ser trilhado, mas que “ainda há muito a fazer”. Marco Galinha acredita que a regulação imposta pela União Europeia, nomeadamente através da diretiva CSRD (Corporate Responsbility Reporting), que entrará em vigor em 2025 para as grandes empresas e em 2027 para as PME, e que obriga a reportar publicamente a sua conformidade ESG (Environment, Social, Governance), ajudará as empresas a perceber o caminho a seguir. Contudo, acredita que esta adaptação será especialmente difícil para as PME. “Mas é preciso começar, e há muitas que ainda não começaram”, aponta.
Importância é reconhecida pelos CEO
Em 2013, 83% dos CEO inquiridos por um estudo da Accenture revelava que reconhecia o papel e a importância de tornar os seus negócios mais sustentáveis. Dez anos depois, esta percentagem sobe para 98%, como revela Anabela Vaz Ribeiro. Apesar desta consciência, a diretora executiva da United Nations Global Compact Network Portugal (UNGCN) partilha da opinião de Marco Galinha, e assume que “temos muito para fazer”.
Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgados em julho passado, apenas 15% das metas associadas aos OSD (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) estão cumpridas. O que significa, diz Anabela Vaz Ribeiro, que há 85% por cumprir. Números preocupantes quando faltam apenas sete anos para o ano de 2030 e “estamos a meio caminho desde 2016, data em que os objetivos foram definidos no Acordo de Paris”.
Apesar disso, a responsável do UNGCN acredita também que o setor financeiro terá um papel muito importante na aceleração destas metas. “As empresas vão começar a mudar porque vão sentir o impacto no bolso”.
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Premiar as boas práticas
A “Conferência Sustentabilidade” contou ainda com uma mesa-redonda sobre empreendedorismo responsável, em que marcaram presença Norma Franco, partner da área de alterações climáticas da Ernst&Young, Graça Fonseca, fundadora e CEO da Because Impacts, Lucília de Almeida, professora e Abreu chair in ESG Impact na NOVA School of Law, e de Filipa Saldanha, diretora de sustentabilidade do Crédito Agrícola.
De entre as principais conclusões deste debate destaca-se a ideia de que este é um caminho que tem que ser trilhado por todos – entidades públicas, privadas e sociedade -, mas que é do setor empresarial a responsabilidade de liderar. As participantes acreditam que, em 2030, as metas climáticas não serão atingidas na totalidade, mas que até lá exista uma aceleração motivada pelo aumento da consciência coletiva.
A fechar a conferência foi anunciada a primeira edição do Prémio BEL Sustentabilidade, cujo regulamento e composição do júri serão apresentados no início de 2024. O objetivo será premiar “o que há de melhor na sustentabilidade em Portugal, as melhores práticas, mas também ideias inovadoras”, como explicou João Pedro Rodrigues, administrador do Grupo BEL.
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