//Falta conhecimento a Portugal para investir na China

Falta conhecimento a Portugal para investir na China

O tema forte das relações China-Portugal tem sido o investimento de empresas chinesas em ativos portugueses, mas no sentido inverso são poucos os exemplos de investimento na China. E, segundo a Embaixada da República Popular da China em Portugal, o problema está no desconhecimento da realidade chinesa.

“Não é a distância que está a dificultar a cooperação económica. O mais importante é o conhecimento mútuo”, defendeu Shu Jianping, conselheiro cultural da representação de Pequim em Lisboa. A exemplo, referiu que Espanha e Itália são igualmente países europeus geograficamente distantes da China, mas que têm investido na relação.

“Além de terem maior agressividade em fazer negócios com a China, é preciso irem. Não basta ter confiança. É necessário o esforço de ir lá e conhecer melhor a China”, defendeu.

O responsável diplomático encerrou esta tarde uma conferência para avaliar o estado das relações entre os dois países, organizada pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa no dia em que realiza também a V Gala Portugal-China. O evento anual discute habitualmente o investimento chinês em Portugal, mas desta vez a conversa foi no sentido oposto. E com exemplos de algum sucesso.

A Aptóide, com escritórios abertos desde 2015 em Shenzhen, no sul da China, recebe hoje metade dos seus utilizadores de parceiros chineses – fabricantes de smartphones como a marca Xiaomi. “Os parceiros chineses estão a dar-nos todos os meses dois milhões de clientes novos”, indicou Tiago Costa Alves, vice-presidente da Aptóide na região Ásia-Pacífico. Para testar o mercado chinês, defendeu, “é preciso ter coragem”.

Mas também “é preciso trabalho”, defendeu Carlos Álvares, presidente da comissão executiva do BNU, em Macau, do grupo Caixa Geral de Depósitos. O banqueiro deu exemplos de algumas apostas – da Hovione, da Delta e da Super Bock – com resultados e deixou o repto aos empresários de Portugal para que visitem Macau e o sul da China. “As empresas têm de ser fortes para estarem lá com tranquilidade”, avisou.

No encontro, não foram debatidas as barreiras que as empresas estrangeiras encontram ao entrarem no mercado chinês, assunto que tem ocasionado vários relatórios críticos por parte de empresas europeias e norte-americanas a operar na China.

Participaram também na conferência alguns empresários chineses com investimento em Portugal. Caso de Wu Zhiwei, que apostou na produção de vinho em Portugal, na região de Alenquer, e, com maior dimensão, a Huawei. Chris Lu, responsável da empresa em Portugal, explicou que a aposta da Huawei é neste momento a de trabalhar com empresas portuguesas na criação de plataformas digitais de serviço. Algo que já faz com a EDP e com a Autoeuropa, e que representa já 50% do volume de operações portuguesas da Huawei.

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