//Falta de ambição na modernização da linha do Oeste desilude CP

Falta de ambição na modernização da linha do Oeste desilude CP

ACP já não consegue esconder o desagrado com a Infraestruturas de Portugal (IP). A falta de ambição nas obras da empresa que gere a rede ferroviária nacional foi criticada pelo presidente da companhia ferroviária nacional. A modernização de parte da linha do Oeste é o motivo da discórdia: mesmo depois de 107 milhões de euros de investimento, o comboio entre Caldas da Rainha e Lisboa vai demorar mais tempo do que o autocarro.

Até ao final de 2023, o troço entre Mira Sintra-Meleças e Caldas da Rainha (85 quilómetros) será eletrificado, haverá duplicação da via em 18 quilómetros (Meleças-Sabugo e Malveira-Sapataria), irá receber sinalização moderna e serão suprimidas passagens de nível. A velocidade máxima dos comboios, contudo, não irá ultrapassar os 100/110 km/h. O investimento é realizado ao abrigo do programa Ferrovia 2020, apoiado por fundos comunitários.

“Com estes novos padrões, não vai ser fácil à ferrovia competir com o modo rodoviário”, critica o presidente da CP, Nuno Freitas, em entrevista dada no final de maio ao jornal Gazeta das Caldas. No final das obras, a IP prevê que a viagem de comboio entre Caldas e a estação de Sete Rios, em Lisboa, demore uma hora e 29 minutos em vez de uma hora e 51 minutos. Em 1989, contudo, era necessária uma hora e 38 minutos entre Caldas e a estação do Rossio. Na altura, a linha de Sintra apenas tinha duas vias.

Atualmente, no entanto, o autocarro faz a viagem mais depressa e mais barata: uma hora e 10 minutos pela Rede Expressos ou uma hora e 15 minutos pela Rodoviária do Oeste (com destino ao Campo Grande). Os preços variam entre 8,10 e 8,70 euros, pela Rodoviária ou pelo autocarro expresso, respetivamente. De comboio, o bilhete ocasional custa pelo menos 8,85 euros.

As obras da IP excluem a renovação integral da linha e várias correções ao percurso, que poderiam permitir que a velocidade máxima atingisse os 160 km/h. “Com esta modernização, a oferta vai ficar limitada à capacidade de uma via única. A CP poderá fazer dois comboios por hora em cada sentido, um inter-regional e um regional”, lamenta o líder da transportadora.