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Sendo uma das maiores fabricantes ibéricas de produtos de papelaria e embalagem, a Ancor está preocupada: falta papel no mercado. Neste momento, “a nossa maior preocupação é conseguir assegurar a produção necessária para a próxima campanha” de regresso às aulas, “num cenário de enorme escassez de matérias-primas”, revela Francisco Correia, gerente da empresa de Vila do Conde. O problema atingiu tal gravidade que “já não se discutem os preços, mas sim, a existência e a disponibilidade de produto para a manutenção da atividade em ritmos normais”, frisa. A instabilidade tem também pesado nos custos dos fornecimentos. Uma situação que já está a chegar aos bolsos das famílias e empresas.
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Segundo avança o gestor, os preços do papel atingiram “máximos históricos”, que “chegam a duplicar o custo em relação há um ano”. A Ancor já enfrentou nestes últimos tempos “três aumentos de preços, num total de 20% a 35%”, e perspetiva uma nova subida a 15 de abril. Com este contexto, não deixa de alertar: “Quando começamos a falar de aumentos com esta dimensão, torna-se impossível à indústria absorver estas variações dentro da sua margem”.
Na verdade, os preços de venda dos produtos de papelaria já sofreram sucessivas variações em alta nos últimos meses “e seguramente que ainda irão sofrer novas revisões até à próxima campanha”, avança Francisco Correia. A Ancor tem já o regresso às aulas em plena produção. Este é um dos momentos mais altos da atividade da empresa, que começou a ser preparado em dezembro de 2020, com a criação dos conceitos, dos visuais e dos detalhes de cada produto.
Falta é saber quanto mais vão pagar as famílias para assegurar os materiais escolares no ano letivo de 2022/23. “A instabilidade é de facto tão elevada que não permite ter uma ideia concreta dos impactos finais nos preços de venda”, sublinha o responsável. Ainda assim, acrescenta, “estamos todos a fazer um grande esforço para reduzir ao mínimo estes aumentos”.
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Nesta campanha, a Ancor apostou no reforço da oferta de produtos sustentáveis (as coleções de moda escolar possuem a certificação FSC Mix, uma garantia de que os materiais utilizados na produção são reciclados, provenientes de florestas certificadas ou oriundos de madeira controlada) e em conceitos diferenciadores, como os cadernos mais leves do mercado ou a coleção Ecologique (com selo FSC recycled, que comprova que foi fabricada com materiais 100% recicláveis).
Os dois últimos anos foram particularmente difíceis para grande parte da indústria portuguesa e a Ancor não foi exceção. A fabricante de produtos de papelaria para ensino, escritório, casa e embalagem passou de uma faturação de 16 milhões de euros, em 2019 (pré-covid), para vendas de 13,5 milhões no primeiro ano de pandemia. Já em 2021, conseguiu recuperar o volume de negócios para 15 milhões, fruto da retoma da atividade económica e do regresso ao ensino presencial. Contudo, aponta Francisco Correia, o incremento veio acompanhado de “um aumento gradual dos custos energéticos e dos preços das matérias-primas, que se tornou exponencial no final do ano”.
Apesar das dificuldades levantadas pela pandemia, nomeadamente a impossibilidade de participação em feiras, a Ancor manteve a sua veia exportadora, embora verificando uma redução nas vendas para o exterior. Em 2019, as exportações representavam 55,2% das vendas, tendo caído para 51,8% em 2020 e para 51% em 2021. Mas o gestor lembra que a empresa continuou a crescer em número de mercados, tendo passado de 25 para 30 países entre 2019 e 2021.
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