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A Famel está de volta, 20 anos depois da falência, e vem preparada para o século XXI, lançando dois modelos de motorizadas elétricas. A nova E-XF, em referência à míticaXF-17, a motorizada mais emblemática da marca, surge com dois modelos, a Café Racer e a Clássica, e com preços estimados entre os 4499 e os 5899 euros. Estão a ser apresentados na 25.ª edição da Expomoto, a feira de motos, acessórios e equipamentos que está a decorrer, até amanhã, na Exponor. E foi aí que falámos com Joel Sousa, o jovem licenciado em Engenharia Automóvel que comprou a marca e está apostado em dar-lhe uma segunda vida, mais sustentável e amiga do ambiente, mas também mais internacionalizada. E até da Nova Zelândia já recebeu pedidos de representação.
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“Temos muitos contactos já, a nível internacional, para distribuir a marca, em países com grande presença de portugueses, como a França e o Luxemburgo, mas também nos PALOP, no Canadá e nos EUA”, diz Joel Sousa, que comprou a marca, em 2014, com o objetivo de a revitalizar. Um processo longo, admite, porque foi feito aos fins de semana e no pouco tempo livre disponível depois do trabalho.
Agora, desenvolvidos que estão os dois primeiros protótipos, de propósito para a apresentação na Expomoto, segue-se ainda um longo caminho de testes, melhorias e afinações finais para serem homologados e estarem prontos para serem vendidos.
No entanto, a empresa está já a receber pré-reservas, cujas entregas irão ocorrer no primeiro trimestre de 2023. E apesar de terem de esperar quase um ano pela tão ansiada motorizada, há já 10 clientes que a pagaram na totalidade. Um deles, a viver em França, veio de propósito à Exponor, no primeiro dia de arranque da feira, para ver in loco os novos modelos. “É um voto de confiança enorme na engenharia e nas capacidades portuguesas e querem ajudar-nos a pormos o resultado desse orgulho a circular pelas estradas europeias”, refere o jovem empresário.
Para os fã especiais, as novas EX-F estão disponíveis em versão exclusiva e limitada a 300 unidades. As Embaixador custam 5499 euros e podem ser pré-reservadas por 600 euros. As encomendas na Expomoto dão 10% de desconto.
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Apaixonado por motos desde sempre, Joel nunca teve uma Famel, mas lembra-se de vários familiares seus se deslocarem nestas motorizadas. Quando comprou os direitos da marca comprou, também, uma XF-17 e restaurou-a por completo. “Havia já um projeto para o desenvolvimento de uma motorizada a combustão, e eu ainda tentei perceber se era viável, mas tinha de ir buscar os motores à China e todo o processo de homologação seria muito complicado. Além disso, e como eu trabalhava já na área da mobilidade elétrica – era gestor de projeto dos autocarros elétricos na Salvador Caetano -, achei que fazia muito mais sentido apostar naquilo que domino, até porque, acredito, o futuro é elétrico e vejo este projeto da Famel numa lógica de missão. Sendo uma marca com visibilidade, pode ajudar a dar consciência às pessoas sobre a necessidade de mudarmos os nossos hábitos”, defende.
No total, Joel já investiu mais de 100 mil euros no projeto e, embora conte com três sócios, que têm contribuído com know-how e execução técnica, está à procura de investidores para dar um novo passo no desenvolvimento do produto e na sua industrialização. Bem como no marketing. Calcula que as suas necessidades, nesta primeira fase, sejam de dois milhões de euros. A partir de 2024, o objetivo é diversificar o portefólio e arrancar com a entrada em novos mercados. Será, então, necessária nova ronda de investimento, “para ganhar escala”, mas cujo valor não está ainda estabelecido. A apresentação dos protótipos na Exponor foi também uma forma de validar o negócio junto de potenciais investidores.
Estabelecido está já que a produção será subcontratada numa fábrica em Anadia, com instalações já preparadas para receber o projeto Famel. “Estamos a contar com a indústria nacional para nos apoiar neste projeto, que mexe muito com o orgulho nacional. Temos um cluster gigantesco já devidamente acreditado para trabalhar com a indústria automóvel e é essa cadeia que queremos utilizar”, diz o empresário, sublinhando que 80% dos componentes serão europeus. Os motores vêm da Alemanha – “voltamos a repetir a história, é uma garantia de qualidade e de fiabilidade do projeto”, diz -, os travões de Espanha e algns componentes serão italianos. Os moldes, a metalomecânica, a montagem e a mão-de-obra serão portuguesas. “É essa a alma da Famel”.
Antes e depois: Dos aros metálicos às motorizadas
-1949
Nascida para produzir aros para biciletas e motorizadas – Famel é o acrónimo de Fábrica de Aros Metálicos -, só em 1958 foi registada a marca. Em 1962, iniciaram a parceria com a alemã Zündapp, que fornecia os motores. Em 1975, foi lançada a XF-17, o modelo mais famoso e mais vendido da Famel. O último modelo, lançado em 1997, foi a Famel Eletron, pioneira nos motociclos elétricos.
-2023
É o ano de entrega da nova E-XF, disponível em dois modelos, para 1 ou 2 ocupantes, e em duas versões equivalentes a cilindradas de 50 e de 125 cm3. Custa menos de 1 euro a carregar e fica com a carga total, em média, em 5 horas. Com uma autonomia de 70 a 120 km, os novos modelos atingem até 100 km/hora.
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