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Com os preços grossistas da eletricidade em níveis recorde, a Deco Proteste fez um estudo e concluiu que compensa às famílias escolherem bem o seu tarifário e fornecedor de luz. Segundo a associação de defesa do consumidor, uma família composta por um casal e dois filhos pode poupar 102 euros por ano na sua fatura de eletricidade ao escolher o fornecedor com o melhor tarifário para o seu caso. Neste perfil, os cálculos são para uma casa cuja família contratou uma potência de 6,9 kVA e consome 4000 kWh por ano – 2400 kWh fora de vazio e 1600 kWh em vazio. “Se tivessem a tarifa regulada (Serviço Universal de Eletricidade), pagariam 915,44 euros por ano.” Se escolherem a tarifa simples da Goldenergy, pagam 813 euros por ano.
Numa casa onde vivam duas pessoas, que contrataram uma potência de 3,45 kVA e têm um consumo anual de 1700 kWh, se tivessem a tarifa regulada pagariam 408,96 euros por ano. O valor está 45 euros mais caro do que os 363 euros da melhor tarifa da Goldenergy, segundo o mesmo barómetro.
A tarifa regulada de eletricidade é fixada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) para comercialização de energia elétrica em regime de mercado regulado. Esta tarifa é publicada em dezembro de cada ano para vigorar durante o ano seguinte. No final de 2025, a tarifa regulada irá terminar e todos os clientes terão de passar o seu contrato de eletricidade para o mercado livre.
Nos primeiros sete meses deste ano o consumo de energia elétrica cresceu, em termos homólogos, 2,2% – ou 3,0% com correção dos efeitos de temperatura e dias úteis. Mas face a igual período de 2019 registou uma queda de 2,2%. Em julho registaram-se condições favoráveis para a produção de energia renovável, com esta fonte a abastecer 52% do consumo e a não-renovável a garantir 34%. Ao saldo importador couberam 14%.
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Simular compensa
No seu barómetro, a Deco Proteste faz algumas ressalvas. “Os cinco tarifários mais em conta só estão acessíveis ao público em geral mediante certas condições, como ter contrato com outras empresas ou haver recomendação de amigos”, avisa. “Com as tarifas a tender a subir, há que escolher bem”, alerta. Considera ainda que, “se os tarifários com condições implicarem um custo extra”, o consumidor deve ponderar se compensam. “Na dúvida, opte por um sem restrições”, recomenda.
Outra situação prende-se com o tipo de tarifa. “Caso tenha tarifa bi-horária, salientamos que, atualmente, esta só compensa quando o consumo em vazio é o mesmo que fora de vazio, o que implica ter mais equipamentos elétricos a funcionar nessas horas.” E destaca que se o consumidor “não se considera uma pessoa regrada neste ponto, é melhor ficar com a tarifa simples”.
Para saber quanto cada consumidor pode poupar, a Deco Proteste recomenda que se consulte o seu site, onde disponibiliza 650 tarifários, dos quais 297 só de eletricidade. O consumidor tem de ter consigo os dados de consumo do lar. “Escolhido um tarifário, convém visitar o simulador de vez em quando”, sugere. Lembra que “as tarifas mudam com regularidade e aquela que compensava pode deixar de ser tão interessante. Afinal, o mercado da eletricidade é livre e os fornecedores apresentam novas propostas com frequência”.
Impostos pesam
A instituição recorda que as condições do mercado permitem que o consumidor mude de fornecedor sempre que quiser, “até porque raramente há fidelizações ou penalizações”. Mas alerta que “pode haver serviços associados e, ao desistir dos mesmos, poderá perder alguns benefícios”. Para apoiar os consumidores no acompanhamento da evolução dos preços da eletricidade praticados em Portugal, a Deco Proteste vai “publicar, com alguma regularidade, um barómetro da eletricidade para dois perfis de lares”, identificando os melhores tarifários.
Não é só na fatura da luz, mas o que é certo é que o preço final a pagar pelos consumidores pelo consumo de eletricidade fica mais alto devido aos impostos. “Tal como acontece em muitos outros produtos/matérias, os portugueses acabam por pagar muito devido às respetivas cargas fiscais impostas”, afirmou João Morgado, diretor do ComparaJá, um portal online de comparação de preços.
Pela positiva, frisou que “as energias renováveis assumem cada vez mais, e felizmente, um papel preponderante no setor. Portugal é dos países que apresentam melhores índices nessa temática e no nosso país mais de 50% do consumo final bruto de eletricidade é proveniente de fontes de energia renováveis”, afirmou. O responsável destaca que “as metas impostas pela União Europeia no que às renováveis diz respeito vieram acelerar todo o processo de desenvolvimento e de transição energética”.
O diretor do ComparaJá aponta mesmo que “Portugal cumpriu a sua meta com relativa facilidade, mas há destaques europeus dignos de registo”, sobretudo a Suécia, a Finlândia e a Letónia.
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