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Enviar aos consumidores os produtos de moda de luxo comprados na Farfetch está a ficar mais caro. A plataforma liderada por José Neves assume estar a sofrer com a subida de custos de expedição a nível internacional e a suportar despesas extraordinárias com a saída do Reino Unido da União Europeia.
Apesar do obstáculo, a Farfetch apresentou lucros pelo segundo trimestre consecutivo (88 milhões de dólares, 75,3 milhões de euros) e conseguiu duplicar, em 24 meses, o valor dos bens à venda, ultrapassando o patamar dos mil milhões de dólares (855,8 milhões de euros).
As receitas cresceram 43,5%, para 523,3 milhões de dólares. Entre abril e junho, no entanto, a plataforma liderada por José Neves registou uma diminuição de dois pontos percentuais na margem de receita relativamente à venda de bens.
“Com a grande expansão do comércio eletrónico, começou a haver mais procura do que oferta nos transportes internacionais. As empresas investiram mais nas infraestruturas e algumas aumentaram os custos de envio nos últimos 12 meses”, explica ao Dinheiro Vivo o responsável operacional da Farfetch, Luís Teixeira.
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No início deste ano, a empresa também anunciou a mudança do centro de distribuição internacional do Reino Unido para os Países Baixos, para evitar a escalada de taxas alfandegárias do brexit. “Só a partir desta semana já enviámos mais encomendas dos armazéns dos Países Baixos do que do Reino Unido”.
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A transição logística foi mais demorada do que se previa. “Há um ano, não esperávamos que o brexit acabasse assim. Na mudança do ano, tínhamos uma grande quantidade de stock próprio dentro do Reino Unido. Mesmo assim, absorvemos o aumento dos custos, não o transferindo para os clientes.”
A empresa acredita que a situação “estará solucionada no último trimestre”, contribuindo para que as operações da Farfetch cheguem ao fim do ano em terreno positivo.
Além da montra da moda de luxo, a vertente tecnológica da empresa conta cada vez mais para o negócio liderado por José Neves. A apresentação de resultados revela que neste mês começou a ser testada a Farfetch Connected Retail, ligando as lojas à aplicação móvel dos clientes.
“Imaginem que tenho vários artigos na minha lista de desejos e estou a caminhar por uma cidade. Se passar perto de uma boutique que tem esse produto à venda, a aplicação da Farfetch vai sugerir experimentá-lo presencialmente porque estou a 100 metros da loja”, explica Luís Teixeira.
A solução foi desenvolvida em Portugal, onde a Farfetch já conta com mais de 3 mil trabalhadores, divididos entre as instalações de Lisboa, Porto, Guimarães e Braga. Os números não deverão ficar por aqui, podendo aproximar-se dos 3500 elementos até ao final de 2021.
“Das mais de 900 vagas que temos a nível mundial, mais de 370 ficam em Portugal. Voltámos ainda a lançar um programa de estágios remunerados, com 56 vagas. Se entrarem todas as pessoas que queremos, vamos aumentar em 400 os empregos em Portugal.”
Quanto à prestação das ações, Luís Teixeira desvaloriza a quebra dos títulos da Farfetch na Bolsa de Nova Iorque, que têm negociado 48% abaixo do máximo de 73,87 dólares registado em fevereiro deste ano.
“Enquanto empresa, continuamos a entregar os resultados dentro dos consensos e expectativas dos analistas. Estamos focados na nossa missão de longo prazo e acreditamos que os mercados são racionais no longo prazo.”
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