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“Uma casa a arder.” Assim é descrita a atual situação da Farfetch por uma das várias dezenas de pessoas que durante a última semana decidiram partilhar a sua experiência profissional na plataforma de reviews Teamlizer, na sequência dos acontecimentos que levaram ao tombo de 50% das ações da tecnológica em Wall Street.
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A empresa, fundada pelo português José Neves, reporta prejuízos há quatro trimestres e deveria ter apresentado naquele exato dia os resultados financeiros dos nove meses, não fosse emitir um comunicado na véspera a informar que não o faria e que “quaisquer previsões ou orientações anteriores não deverão mais ser consideradas confiáveis”.
Na referida nota, publicada em página oficial, a plataforma de venda de produtos de luxo, sedeada em Londres, indicou ainda que espera “fornecer uma atualização do mercado no devido tempo”. Mais detalhes não foram adiantados.
Segundo o jornal britânico Financial Times, o valor de mercado da Farfetch atingiu o pico de 23 mil milhões de dólares no início de 2021, com o “boom” das compras online, mas, desde então, caiu para menos de 400 milhões de dólares, com as ações a desvalorizarem cerca de 95% desde a oferta pública inicial, na bolsa de Nova Iorque, em 2018.
Na quarta-feira, as ações da tecnológica fecharam mesmo a negociar 0,97 dólares, refletindo uma queda de 53,74% face ao dia anterior. Na terça-feira, a cotação dos papéis tinha até subido (22%), depois de o The Telegraph avançar que o líder da empresa teria planos para tirar a empresa da bolsa e que já estaria inclusive a trabalhar com consultores da JPMorgan e da Evercore para tal.
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Até à data, a Farfetch, JPMorgan e Evercore não prestaram declarações neste âmbito.
Apesar deter 77% dos direitos de voto, através de uma estrutura de ações de dupla classe, José Neves detém apenas 15% da empresa, que conta no leque de investidores com o gigante chinês Alibaba e o conglomerado suíço de luxo Richemont. O último (dono da Cartier) já anunciou, no entanto, que não planeia investir mais dinheiro na Farfetch.
A Teamlyser deu conta de dezenas de relatos na sua plataforma, durante a última semana, relacionados com despedimentos na tecnológica – que conquistou o estatuto de unicórnio em 2015. “A Farfetch estará novamente a reduzir equipas […] Informações partilhadas indicam alegadamente a iminência de mais despedimentos”, pode ler-se num comunicado difundido pela empresa.
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