O possível encerramento da base da companhia aérea Ryanair no aeroporto de Faro é uma “muito má notícia” para o Algarve e uma fonte de “preocupação” para o turismo na região, considerou hoje a principal associação hoteleira algarvia.
O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, disse à agência Lusa que as notícias que dão conta da intenção da companhia aérea irlandesa de fechar a base em Faro, podendo levar ao desemprego cerca de uma centena de trabalhadores, deve também levar as autoridades a serem “mais cautelosas” na atribuição de apoios para a fixação destas empresas na região.
“Vimos isto com preocupação, caso a notícia se venha a confirmar. O fim da base da Ryanair em Faro significa que, mais tarde ou mais cedo, apesar de a companhia continuar a afirmar que isso não afetará o número de voos [para Faro], na nossa perspetiva é óbvio que o número de voos , mais tarde ou mais cedo, será menor”, afirmou o dirigente da associação empresarial hoteleira.
Elidérico Viegas acredita que, “havendo menos voos, haverá menos turistas e menos passageiros” no Algarve e esta perspetiva é vista “com alguma preocupação, independentemente de, passado algum tempo, como acontece com estas situações, os passageiros acabarem por se diluir por outras companhias aéreas”.
“Mas é uma muito má notícia para o Algarve”, frisou.
Elidérico Viegas alertou ainda para a necessidade de haver uma maior garantia de contrapartidas por parte destas empresas quando beneficiam de apoios para a sua fixação no Algarve e, neste caso, no aeroporto de Faro.
“Uma vez que foram atribuídos subsídios e apoios financeiros para que a Ryanair criasse essa base em faro, para além de outros apoios que houve ao longo dos anos à Ryanair para trazer passageiros para Faro, este tipo de situações vem chamar a atenção para sermos mais cautelosos na forma como fazemos estas negociações e estes acordos, porque é preciso salvaguardar alguns interesses que, porventura, não terão sido suficientemente acautelados”, argumentou o dirigente associativo.
Elidérico Viegas reconheceu que “a generalidade dos destinos concorrentes do Algarve também apoiam companhias aéreas” e a região “não é a única a fazê-lo, e bem”, mas advertiu que se deve “sempre acautelar alguma contrapartidas quando se estabelecem acordos desta natureza” com as empresas de aviação.
“É preciso dizer que a Ryanair é maior companhia aérea a operar para Faro, tem um share de quase 30% do total e não é uma companhia qualquer. É uma companhia muito importante, digamos decisiva, determinante e estratégica, porque é o maior fornecedor de passageiros ao aeroporto e de turistas ao Algarve”, sinalizou ainda Elidérico Viegas.
Na terça-feira, a Ryanair comunicou, em Faro, que vai encerrar a base naquele aeroporto em janeiro de 2020 e despedir cerca de 100 trabalhadores, embora mantenha os voos, revelou à Lusa a presidente do sindicato dos tripulantes.
Na segunda-feira, Michael O’Leary informou que o lucro da transportadora aérea caiu 21% no primeiro semestre do exercício fiscal, para 243 milhões de euros, face a idêntico período do ano fiscal anterior.
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