//Fitch diz que “clareza” quanto a Novo Banco ajudará outros bancos a financiarem-se

Fitch diz que “clareza” quanto a Novo Banco ajudará outros bancos a financiarem-se

“Clareza quanto ao timing de uma nova injeção de capital no Novo Banco poderia melhorar o cenário para o financiamento e aumentos de capital dos bancos portugueses em 2021″, sublinha a agência de rating Fitch, numa nota enviada à comunicação social sobre a incerteza em relação à capitalização do banco liderado por António Ramalho. A agência ressalva, no entanto, que a expectativa que tem é que essa injeção se concretize, caso seja necessária, “mas que uma incerteza prolongada prejudicaria o sentimento dos investidores em relação ao setor”.

A Fitch explica que essa injeção de capital está dependente dos resultdos de 2020, que ainda não foram publicados. E descreve a situação política, nomeadamente o chumbo pelos partidos da oposição parlamentar da orçamentação de mais 476,6 milhões de euros nas contas do Estado para 2021, para uma eventual futura injeção de capital no Novo Banco.

Se este cenário de “incerteza” política e legal se prolongar durante meses, os sentimentos dos investidores em relação aos bancos portugueses poderia “enfraquecer”, “especialmente se os investidores questionarem a capacidade das autoridades de cumprir o acordo de capital contingente”, acredita a Fitch. Uma subida dos custos de financiamento dos bancos conduziria à “erosão da rentabilidade do setor, que já é fraca, devido à pouca diversificação do negócio, grande dependência em receitas de juros, e elevada concorrência doméstica”., acrescenta,

“Esperamos que os lucros operacionais/ativos ponderados nos bancos portugueses avaliados pela Fitch caiam de cerca de 1,2% em 2020 para 0,9% em 2021, com os bancos mais fracos a registarem prejuízos nos dois anos”, conclui a Fitch.

No âmbiro do Acordo de Capital Contingente, negociado com a Comissão Europeia, o Novo Banco já recebeu quase três mil milhões de euros, mas pode receber até 3,89 mil milhões. A última entrada de capital aconteceu em maio, quando o Fundo de Resolução injetou 1035 milhões (cerca de 0,5% do PIB, sublinha a Fitch).

O Novo Banco é detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução. A Fitch considera que “não é claro se a Lone Star tomaria alguma ação legal se acreditasse que as autoridades não iriam cumprir o acordo de capital contigente”, e sublinha que tanto a Lone Star como a administração do banco, liderada por António Ramalho, “rejeitam as acusações de alguns políticos” de que a venda de ativos tem beneficiado o acionista americano.