//Fladgate vende Infante de Sagres e investe em novo hotel em Vila Nova de Gaia

Fladgate vende Infante de Sagres e investe em novo hotel em Vila Nova de Gaia

A The Fladgate Partnership, que detém interesses vários no turismo e no vinho do Porto, como o The Yeatman Hotel, o WoW – World of Wine e a Taylor”s, vendeu o histórico hotel Infante de Sagres, na baixa do Porto, à Gaw Capital, investidores asiáticos que detêm também o InterContinental Palácio das Cardosas, no Porto. Adrian Bridge, CEO do grupo, invoca contratos de confidencialidade para não indicar o valor da operação, dizendo apenas que “vendemos com margem para nós”.

O Infante de Sagres é o mais antigo hotel de 5 estrelas do Porto e foi comprado pelo grupo Fladgate em 2016. Reabriu em 2018, após um investimento de 8,5 milhões de euros numa “recuperação profunda” do espaço. Adrian Bridge admite que a decisão de venda “não foi fácil”, mas que, após dois anos de pandemia, e de prejuízos acumulados, por força da abertura do WoW – o megacomplexo dedicado ao vinho, com museus, restaurantes e espaços de eventos, nascido para o turista internacional mas que, durante dois anos, teve de viver do mercado nacional – e das quebras no turismo, havia que “olhar o balancete e ter uma posição responsável”. Até porque o grupo tem já em vista a construção de mais um hotel de 5 estrelas na marginal de Vila Nova de Gaia, nos antigos armazéns da Fonseca, com vista direta para a Ribeira e a Ponte Luís I.

“Ou ficávamos com o Infante e vendíamos o terreno em Gaia, ou construíamos um “irmão” do Yeatman, o que tem muito mais lógica, e vendíamos o Infante”, diz, lembrando que o grupo tem ainda previstos investimentos na construção de 25 novas suítes no Vintage House, no Pinhão, além de um restaurante, spa, mais área de estacionamento e um pequeno museu dedicado à história da região e a todos os produtos vitivinícolas do Douro. Um projeto pensado antes da pandemia, mas que ficou em stand-by.

Além disso, Adrian Bridge acredita que a venda do Infante de Sagres é um negócio “importante para o Porto”, pela capacidade do novo proprietário de “angariar visitantes chineses para a cidade”, designadamente no inverno, e uma parceria que ajudará a alavancar o crescimento do negócio de vinho do Porto da Taylor”s na Ásia, mercado que representa 10% das vendas do grupo. Na China, a Taylor’s é a primeira marca mais vendida e tem uma quota de mercado 14%.

O negócio foi fechado no início do mês de maio, mas a passagem de testemunho só acontece no fim de junho. “Uma das coisas muito importantes para nós era conseguir assegurar a posição dos nossos trabalhadores. Claro que agora, com o mercado tão complicado para contratar, o comprador quis ficar com eles e assegurar todos os vínculos existentes”, assegura Adrian Bridge.

Sem nome ainda escolhido, o novo 5 estrelas terá entre 85 e 90 quartos e o objetivo é que esteja em funcionamento dentro de dois anos. “Entendemos que será possível, com um tipo de construção modular – em que as fundações são, obviamente, feitas no local, mas os quartos serão construídos numa fábrica e depois colocados – acelerar a construção. Assim poderemos abrir já em abril de 2024”, explica.

Quanto ao investimento, o responsável admite que é difícil antecipar: “O orçamento que fizemos no início do ano era de 25 milhões, mas acreditamos que, com a inflação e a dificuldade na obtenção de mão-de-obra, teremos necessariamente de aceitar que o preço será mais alto. Quanto não sei, talvez uns 15%.”