Partilhareste artigo
A população mais jovem é o principal público-alvo da Lydia, fintech nascida em França em 2013 e que aposta numa solução para reunir as contas de todos os bancos numa só aplicação móvel. A empresa tem escritórios em Lisboa e Braga, nos quais conta ter pelo menos 40 elementos até ao final de 2021.
“Escolhemos Portugal como o primeiro país com presença local porque nos apercebemos de que as pessoas – sobretudo entre os 18 e os 40 anos – estão muito bem informadas sobre tecnologia e finanças. Portugal é mesmo um dos países mais bem informados da Europa”, destaca em entrevista ao Dinheiro Vivo o líder executivo da Lydia, Cyril Chiche.
Os franceses têm duas opções para os consumidores nacionais. O plano gratuito (Lydia) permite a realização de 20 operações sem custos, efetuar transações até mil euros, criar três cartões virtuais de uso único e ainda proceder a um levantamento de 300 euros – com um cartão de débito que custa cinco euros, e que pode ser utilizado em qualquer terminal com sistema Visa.
A opção paga (Lydia Blue) custa 4,90 euros por mês, mas permite operações ilimitadas, transações até 5000 euros, a criação de 20 cartões virtuais de uso único e ainda três levantamentos de 500 euros. O cartão de débito é enviado gratuitamente.
Subscrever newsletter
Os jovens não pagam qualquer mensalidade pelo Lydia Blue até atingirem os 25 anos. Este é o mercado prioritário para a fintech francesa, e Cyril Chiche acredita mesmo que estes clientes, até quando tiverem de pagar para usar o serviço, vão manter-se, “não vão querer voltar atrás”. Em França, 65% dos utilizadores que tinham acesso gratuito começaram a pagar para aceder à plataforma assim que fizeram 25 anos.
A empresa entra em Portugal num mercado que já conta com serviços como MB Way, Revolut, Openbank, N26, Monese e Moey. A Lydia, mesmo assim, garante: “trazemos ao mercado inovações que não existem em mais lado nenhum: um só cartão pode acomodar várias contas bancárias, seja a conta própria ou uma conta com os amigos, em vez de haver um cartão por cada banco. Na nossa aplicação, as contas bancárias são meras carteiras virtuais e podem ser abertas ou fechadas constantemente com um só cartão”.
Este serviço estará disponível “em breve”, assim que forem assinados os necessários acordos com as instituições financeiras portuguesas.
Durante a entrevista, o líder da plataforma mostrou como é possível fazer transferências instantâneas entre as contas de dois bancos dentro da plataforma, sem ter de pagar qualquer comissão.
Além das receitas com os planos pagos, a empresa recebe uma parte da comissão dos terminais de pagamento eletrónicos.
Carlota Meirelles foi escolhida para liderar as operações em Portugal. “Não queremos ser a aplicação que só serve para quando formos de férias”, afirma.
A empresa fez questão de abrir operações em Portugal ao longo deste ano, tendo já recrutado 20 colaboradores para os escritórios de Lisboa e de Braga. “O nosso serviço de apoio ao cliente serve apenas para Portugal. Recrutámos as pessoas mesmo antes de lançarmos cá o serviço, para garantir que tudo iria funcionar na perfeição”, refere o CEO da Lydia.
O plano de recrutamento para 2021 prevê a chegada de “pelo menos mais 20 pessoas”, para posições de marketing, parcerias, desenvolvimento de negócio e área financeira. “Quanto mais depressa crescer o negócio cá, maior será o aumento da equipa”.
Também no próximo ano a aplicação da Lydia em Portugal terá um marketplace: “Dentro da nossa aplicação, será possível aceder diretamente aos serviços de vários com vantagens especiais”, refere Carlota Meirelles. Este serviço já é disponibilizado, por exemplo, pela Revolut.
A médio prazo, a aplicação francesa também irá permitir a compra de matérias-primas e ainda investir no mercado de ações, sobretudo nas bolsas europeias.
Na semana passada, a Lydia recebeu uma nova injeção de capital, de 86 milhões de dólares (70,5 milhões de euros). Desde 2013, a plataforma já arrecadou cerca de 160 milhões de dólares (131 milhões de euros) junto de investidores internacionais.
Com 4,5 milhões de clientes só em França e depois da chegada a Portugal, a empresa prepara-se para entrar em mais países durante o próximo ano. Alemanha, Espanha, Itália, Irlanda e Bélgica estão na lista de novos mercados.
Deixe um comentário