//Francisco Lufinha: Atravessar um oceano a defender energias renováveis

Francisco Lufinha: Atravessar um oceano a defender energias renováveis

Mais habituado às longas travessias marítimas em kitesurf, Francisco Lufinha propõe-se agora a um novo desafio. É o detentor do recorde mundial da maior viagem de kitesurf sem paragens, em 2015, depois de percorrer 862 quilómetros entre Lisboa e a Madeira durante 48 horas; em 2017, percorreu o território português por mar em kitesurf, ao ligar os Açores ao Continente em dez dias, numa travessia de mais de 1500 quilómetros e agora quer ligar o continente português e as Caraíbas, atravessando o Atlântico num barco de um só tripulante puxado por um kite e sem qualquer apoio. E a ideia nasceu exatamente na última etapa da travessia açoriana: “Já estava cheio de dores nos pés e tornozelos e decidi ali que a próxima travessia ia ser num barco. Já atravessei o Atlântico três vezes, em barco à vela e sem ser sozinho, e pensei, porque não? Porque não juntar o barco a um kite e fazer uma travessia arrojada?”.

Arrojo esse que não fica só pelo desafio da distância e do controlo do barco, do papagaio e do vento, mas chega a toda a utilização de energias renováveis. “Reutilizámos um barco e esse é também a visão de sustentabilidade, porque readaptámos um barco a esta cabine, para poder ter algum resguardo, e para ter um motor onde estão as linhas, o que me permite controlar o kite com o joystick, mas tendo sempre o manual para poder fazer um takeover se for necessário. Para além disso, estamos a testar um software de piloto-automático para controlar o kite. Se não, de cada vez que for dormir vou ter que baixar o kite”, conta Francisco Lufinha ao Dinheiro Vivo.

A bordo, não haverá qualquer fonte de energia fóssil. Lufinha explica que “o barco anda com o vento e temos 700 watts de painéis solares e temos também um hidrogerador atrás, que parece um motor, mas não é: com o andamento do barco a hélice roda e gera energia. Com isto tudo acho que nos ligámos muito bem à EDP que é o grande apoio e que também tem a meta ambiciosa de, em 2030, ser 100% verde através das formas de geração de energia que eu já vou usar a bordo”.

O recordista de travessias em kitesurf quer ainda chamar a atenção para a mensagem ecológica, porque “a ideia é cativar também um bocadinho as pessoas para a dimensão do oceano e mostrar o que estamos a estragar com a nossa pegada gigante, quando ainda podemos dar a volta. Desde 2017 que faço um Lufinha School Tour, em que mostro nas escolas os meus desafios e depois falo do tema dos plásticos, dos esgotos, da acidificação e dou exemplos de coisas pequenas que podem fazer, como de cada vez que as crianças vão à praia trazerem três pedaços de lixo e despertar-lhes esta noção de como estamos a estragar. Podemos criar esta geração azul mais consciente e isto tudo gera uma paixão e de tudo o que gostamos tratamos melhor”, sublinha.

A viagem terá início em novembro, para apanhar os melhores ventos no Atlântico. Vai sair da costa nacional, passa pela Madeira e poderá ir a Cabo Verde, para depois apanhar os ventos no sentido das Caraíbas. “É mesmo sem apoio nenhum, é chamada uma travessia em solitário, sem barco de apoio, em contacto com terra, desde que a energia não falhe. São 3600 milhas, cerca de 6700 quilómetros, o dobro de todas as milhas que já fiz nos meus outros desafios e por isso é um desafio bastante arrojado”. Desafio esse que conta com o apoio da EDP. Catarina Barradas, diretora de marca na EDP, sublinha o objetivo da empresa de até 2030 ter apenas como fontes de energia o vento, o sol e a água, o que tem já um investimento previsto de 24 mil milhões de euros. “Com base nestes objetivos de negócio, queremos contar isto aos portugueses de forma inspiradora e o projeto do EDP Atlantic Mission surgiu, porque faz-nos sentido que uma pessoa como o Francisco Lufinha se desafie neste projeto corajoso com base nestas energias renováveis”. O apoio da EDP é financeiro, mas também com algumas tecnologias, que são coisas que já usamos há muitos anos, mantendo o repto do mudar já hoje o amanhã. Somos o quarto maior produtor mundial de energia eólica e esta meta, para 2030, é uma antecipação das metas globais para 2050, e queremos liderar esta transição energética”.

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