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A Galp continua empenhada em crescer com investimentos em energia solar, bem como na produção de hidrogénio verde ou na rede de carregamentos de veículos elétricos, apostas reveladas no dia em que a petrolífera anunciou o regresso aos lucros em 2021, embora ainda aquém dos resultados de 2019. Apesar disso, Andy Brown, CEO da Galp, começou a apresentação de resultados anuais, sublinhando que os mesmos foram “robustos”. E pretende atribuir aos acionistas um dividendo de 50 cêntimos por ação.
Em matéria de energia solar, a empresa pensa em termos ibéricos, onde já é o terceiro maior player, com uma capacidade instalada em operação superior a 1 GW, e com vários investimentos em curso. A Galp afirmou ontem que ambiciona atingir os 4 GW em operação nos próximos três anos e triplicar essa fasquia até 2030. Para já, os projetos estão ligeiramente atrasados porque as candidaturas que os governos têm em mãos estão a condicionar a sua implementação.
No ano passado, segundo Geogios Papadimitriou, COO Renewables & Nes Business na Galp, a empresa instalou 35 MW de capacidade solar em Espanha, sendo que 200 MW adicionais deverão iniciar operações dentro de algumas semanas. Para este ano, a expectativa é de terem mais 400 MW a operar na Península Ibérica. Ainda no solar, o executivo mencionou a aquisição de 6 GW no Brasil, onde a empresa tenciona crescer nos próximos anos nas energias renováveis. Neste momento, tem 3,7 GW em desenvolvimento, que se vão juntar aos 1 GW já em operação.
Outros negócios
Para Teresa Abecasis, COO da Galp, é essencial que a empresa integre novos negócios. A executiva deu o exemplo da Galp Solar que está a expandir o negócio para a área das baterias e software de gestão de energia. Ou a GoWithFlow, uma plataforma tecnológica que permite a eletrificação da frota, mobilidade partilhada e otimização da infraestrutura de carregamento. A partir deste ano, o potencial destes negócios estará integrado na vertente comercial da empresa. Embora ainda não contribuam para os resultados da Galp, a expectativa é que, rapidamente, ganhem relevância.
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Hidrogénio em Sines
Quanto a Sines, a Galp anunciou a intenção de duplicar, para 200 megawatts, a sua capacidade de produção de hidrogénio verde. A par desta decisão, que assenta em dois projetos de dois eletrolisadores de 100 MW cada, a empresa também tem em curso um projeto piloto de 2 MW para acelerar a fase de testes da tecnologia.
Estes investimentos vêm no seguimento de um anúncio realizado por Andy Brown, em novembro, quando o CEO da Galp revelou que a empresa não faria mais pesquisa ou prospeção de petróleo. A afirmação, na altura, foi a de que “queremos estar na frente e não ser empurrados pela sociedade e pela regulação”. Acrescentou que uma das apostas da Galp passava pelo hidrogénio verde, com a meta a ser fixada de 0,6 a 1 gigawatts (GW) de capacidade até ao final da década, passando para 100 megawatts (MW) em 2025. Ainda no caso de Sines, a mudança irá permitir reduzir os custos, diminuir as emissões e melhorar “as nossas margens de refinação e a nossa resiliência a longo prazo”, disse Andy Brown .
Sobre a área dos combustíveis, Teresa Abecasis referiu que a recuperação desse negócio, nomeadamente no segmento corporativo, está mais difícil, mas que já se começa a ver alguns sinais positivos. Segundo a executiva, a empresa acredita na transição energética e está focada em oferecer soluções alternativas (diga-se, com soluções de pouco ou nenhum carbono).
Liderança na mobilidade
Na mobilidade elétrica, a gestora fez questão de afirmar que, na Península Ibérica, a empresa dobrou o número de pontos de carregamento, para os atuais 1000 postos, tendo conquistado a liderança em Portugal e registando uma expansão interessante na Espanha.
Para este ano, a expectativa é de crescimento neste segmento. As previsões apontam para que a procura de combustível continue a ser inferior aos níveis pré-pandemia.
A Galp tenciona não só continuar a investir no desenvolvimento da rede, como na digitalização da jornada do cliente. Com isto, a empresa pretende duplicar a margem de contribuição em 2025, face a 2021. No contexto, compromete-se a duplicar o número de postos de carregamento e “criar as fundações para ter 10 mil postos em 2025”.
Ano da execução
Mas, olhando para 2021, Andy Brown disse que foi um ano de execução, destacando que os resultados foram “robustos”, com um lucro de 457 milhões de euros, contra os prejuízos de 2020, embora baixo dos 560 milhões de 2019. O EBITDA foi de 2322 milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo de 48%. Já o cash flow ajustado à operação acelerou 49%, para 1852 milhões de euros, com a exploração petrolífera a contribuir com 1527 milhões.
Robustez e confiança na “resiliência do crescimento do cash flow” fez com que, nas palavras de Andy Brown, o conselho de administração ajustasse as distribuições aos acionistas, apresentado uma proposta de pagamento de um dividendo base de 50 cêntimos por ação. Adicionalmente, o conselho de administração prevê lançar um programa de recompra de ações no valor de 150 milhões de euros.
Apesar de a empresa ter crescido quer no negócio original quer nas novas áreas de negócio, Andy Brown destacou as transformações pelas quais a Galp está a atravessar. Com a concentração das operações de refinaria em Sines a ganhar destaque, a par do novo Innovation Hub, localizado em Matosinhos.
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