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A Galp fechou o ano de 2021 com um resultado líquido de 457 milhões de euros, recuperando dos prejuízos registados em 2020, segundo comunicou a energética portuguesa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta segunda-feira. Além do regresso aos lucros, a empresa liderada por Andy Brown pretende pagar aos acionistas 50 cêntimos por ação pelo exercício de 2021 (25 cêntimos já foram pagos em setembro do ano passado).
As contas da petrolífera portuguesa recuperaram do forte impacto da pandemia da covid-19, embora ainda estejam aquém dos lucros de 2019 (560 milhões) – ano antes da pandemia. Apesar da recuperação, o lucro ficou abaixo do estimado pelo consensus de analistas (482 milhões de euros). Só no quarto trimestre, a Galp registou um lucro de
“Em 2021, a Galp entregou resultados robustos, conduzidos pela forte contribuição do upstream e apesar de uma performance desafiante no downstream“, sublinha o presidente executivo da energética, Andy Brown, numa das notas enviadas à CMVM.
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Os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) ascenderam a 2.322 milhões de euros, o que representa um crescimento homólogo de 48%. Este valor beneficiou de um EBITDA da exploração petrolífera de 2020 milhões de euros, mais 82% face ao período homólogo de 2020. Ainda assim, também o EBITDA ficou aquém do estimado pelos analistas (2,36 mil milhões de euros).
O cash flow das atividades operacionais (CFFO) subiu 3%, para 1.052 milhões de euros. Já o cash flow ajustado à operação acelerou 49% no último ano, para 1.852 milhões de euros, com a exploração petrolífera a contribuir com 1.527 milhões. O free cash flow foi de 397 milhões de euros, acima dos 153 milhões verificados em 2020.
O investimento (capex) da empresa totalizou 936 milhões de euros, ao longo do ano de 2021, sendo que 66% do capex esteve relacionado com a exploração petrolífera, com a venda de combustível a pesar 17% e as energias renováveis e novos negócios a valerem 15%.
Considerando medidas de desinvestimento, o investimento líquido foi de 552 milhões de euros. Entre as operações de desinvestimento, a Galp destaca a venda da participação na Galp Gás Natural Distribuição no primeiro semestre de 2021. O negócio referido visou a alienação de uma participação acionista de 75,01%, que transitou para o grupo Allianz por 368 milhões de euros.
No final de 2021, a dívida líquida da Galp ascendia a 2.357 milhões de euros, um valor superior aos 2.066 milhões do período homólogo, que representa 1,1 vezes o valor do EBITDA.
Petrolífera propõe dividendo de 50 cêntimos
A par do regresso aos lucros, a empresa pretende cumprir o prometido no verão de 2021 e proporá um dividendo por ação de 0,50 euros. Destes 50 cêntimos, 25 já foram distribuídos em setembro de 2021.
Em junho de 2021, aquando da atualização do plano estratégico, no âmbito do Capital Markets Day, a Galp fez saber que o objetivo seria manter um dividendo base de 50 cêntimos, dependendo do nível de endividamento – em setembro, a empresa pagou um extra de 0,25 euros/ação aos acionistas. Os restantes 25 cêntimos serão distribuídos quando a assembleia geral de acionistas aprovar a proposta. Devido à pandemia, a Galp tinha reduzido o dividendo para 35 cêntimos por ação relativo a 2020, interrompendo um ciclo de 12 anos de sucessivas subidas da remuneração ao acionista, que culminou na distribuição de um pagamento de 0,70 euros por ação em 2019.
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“Com a confiança na nossa robustez financeira e a resiliência do crescimento do nosso cash flow, a administração ajustou as distribuições aos acionistas para excluir efeitos transitórias que impactaram a posição da dívida líquida no final do ano, com o objetivo de lançar um programa de recompra de ações no valor de 150 milhões, com destaque para a dividendo base de 50 cêntimos por ação”, revela Andy Brown, numa nota veiculada pela CMVM. O programa de recompra dependerá de métricas financeiras, essencialmente da diferença entre a dívida líquida e o EBITDA.
Perante uma remuneração ao acionista de 50 cêntimos por ação, relativa a 2021, a empresa prevê que o dividendo suba 4% nos anos seguintes. Para o exercício anual de 2022, a previsão é de 52 cêntimos por ação. Para 2022, a empresa considera que os 52 cêntimos serão alvo de um pagamento preliminar de 26 cêntimos já em setembro de 2021. “O valor remanescente será pago após a aprovação do dividendo na assembleia geral de 2023”, lê-se.
“Também revimos as nossas linhas de distribuição aos acionistas, considerando um dividendo progressivo e mais recompras, à medida que esperamos distribuir um terço do nosso cash flow operacional ajustado nos próximos anos”, conclui o CEO da Galp.
De acordo com a empresa, mais detalhes sobre a distribuição de dividendos aos acionistas, bem como pormenores sobre o programa de recompra de ações serão anunciados após a assembleia geral, cuja data ainda não é conhecida.
Outlook para 2022
Para o ano de 2022, a Galp projeta no curto prazo um EBITDA de 2,7 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de cerca de 400 milhões de euros face aos 2,3 mil milhões registados em 2021. O valor previsto inclui a estimativa de obter 2,2 mil milhões de euros só com a exploração e produção de petróleo, além da empresa prever alcançar 300 milhões de euros com a atividade comercial.
O negócio das renováveis deverá gerar entre 180 a 200 milhões de euros em EBITDA. Em 2021, esta área deu um EBITDA negatvo de 13 milhões.
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A Galp prevê um investimento líquido de mil milhões em 2022. Já sobre o endividamento, a empresa assume um um múltiplo inferior a 1, tendo em conta que a dívida no final de 2020 representava 1,1 vezes o EBITDA.
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