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Depois da criação, em 2014, da Garland Maroc, a Garland Transport Solutions (GTS) – transitária do Grupo Garland – avança agora com a segunda internacionalização, desta feita para Espanha, mais propriamente no País Basco.
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Fruto de um investimento de 400 mil euros e de uma parceria com a espanhola TDN, empresa com 45 sucursais distribuídas por todo o país vizinho, esta expansão ibérica da GTS vem colmatar uma lacuna que a empresa tinha naquela rota de distribuição. Ao mesmo tempo, na zona de Irun, “faz-se uma paragem lógica enquanto se vai para a Europa. Ali distam exatamente, por acaso, 670 quilómetros do nosso armazém do Porto e os motoristas têm que fazer um descanso a cada 700 quilómetros. Por isso, têm mesmo que parar nessa zona e isso influenciou em grande parte da decisão”, explicou ao Dinheiro Vivo, Giles Dawson, administrador do Grupo Garland e CEO da Garland Transport Solutions.
A escolha da TDN é o resultado de uma procura de dois anos por um parceiro que já contasse com uma rede de distribuição montada no norte de Espanha. “Este é um parceiro que não trabalha o negócio internacional, portanto, eles vão entregar-nos clientes próprios que querem fazer negócio internacional. E, ao revés, eles vão fazer toda a nossa recolha e distribuição na zona de Espanha”, ressalvou, detalhando que a empresa espanhola consegue fazer entregas no próprio país em 24 horas. “Isso dá-nos uma capacidade a nível ibérico muito forte. E é lógico, tendo eles já tantos armazéns quando nós, basicamente, não teríamos essa capacidade”.
A intenção da GTS é, por isso, manter esta parceria e não avançar a solo no norte de Espanha, diz Giles Dawson, explicando que desta forma consegue captar dois mercados. “Primeiro, e a nível de exportação, como temos muitos camiões a passar pela zona de Irun diariamente, conseguimos encher espaços vazios e consolidar cargas naquela área”. O outro é oferecer aos parceiros europeus da GTS a solução ibérica de transporte que há muito pedem.
Apesar de considerar o investimento de 400 mil euros nesta operação “relativamente conservador”, Giles Dawson diz que foi levado a cabo à semelhança da internacionalização para Marrocos, que se tem revelado um verdadeiro sucesso. “Gostamos de fazer as coisas crescerem de forma mais orgânica. Somos um grupo de largo prazo e gostamos de fazer as coisas bem, não atiramos tudo de uma vez”, considera, garantindo que este projeto em Espanha “é absolutamente fundamental”. “Queremos ter presença ibérica para sempre, por isso, vamos continuar a investir todos os anos para isto crescer”, frisa.
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Assim, o primeiro ano servirá para listar os prós e contras, sem investir demasiado e mantendo os custos baixos. “Quando estiver pronto, despegamos. E aí estamos dispostos ir mais longe.” Para lançar esta internacionalização, a GTS abriu um escritório no início de janeiro e contratou cinco colaboradores que tratam da área comercial, ou seja, conseguem carga para os camiões. “Na Garland não temos nenhum meio próprio, subcontratamos tudo. Portanto, há pessoas dedicadas a conseguir contratos com as empresas. E eles fornecem o camião e o motorista”, detalhou o gestor.
Sendo este um negócio de margens curtas, Giles Dawson explica a necessidade de se aproveitar todo o espaço de um camião para albergar carga. “Tem de haver combinação entre Espanha e Portugal, já que muitas vezes sai um camião daqui com um espaço por encher. Ao trabalhar com eles, vão arranjar mais carga.” E, desta forma, quando o camião faz trajetos muito longos, para o leste europeu, por exemplo, a empresa consegue uma maior “taxabilidade” do meio de transporte.
Apesar da GTS ter obtido um volume de negócios de 65,7 milhões de euros (dos quais 2,3 milhões pela Garland Maroc) em 2022, o ano passado foi de muito trabalho. “Foi muito duro, porque quando há muita volatilidade, especialmente no preço do petróleo, é muito difícil gerir com o cliente final”, lamentou Giles Lawson. “Muitas vezes acordámos preços para ano inteiro e, devido às flutuações, tivemos que renegociar mais duas ou três vezes com os clientes”, ilustrou, dizendo que a maior parte da clientela acolheu a alteração de forma satisfatória.
E, embora a inflação continue a deixar uma sensação de instabilidade, Giles Lawson declara que o segundo maior problema com que se depara é conseguir contratar colaboradores. “Há muita luta entre as empresas da área, em Portugal, pelo pessoal qualificado”, diz, garantindo que a GTS faz o possível para oferecer condições atrativas a quem quer trabalhar naquela área. “Há um pouco de canibalismo. Os nossos concorrentes fazem-no e nós também: vamos à concorrência e tiramos alguém por bastante mais dinheiro”, lamenta, dizendo que estes custos adicionais acabam por ter impacto no cliente final.
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