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A Gato Gelados abriu no Beato, Lisboa, em dezembro de 2018, uma altura, no mínimo, diferente apara abrir uma geladaria, mas, para João Gato, foi o mês certo, uma vez que para o engenheiro de Gestão Industrial, sem conhecimentos de restauração, uma inauguração fora de época daria tempo para “aprender as manhas, para no verão já estar tudo mais automatizado”.
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Mas a história desta marca não começou em 2018. Como explica ao Dinheiro Vivo o seu fundador, “a história da Gato Gelados está muito relacionada com aquilo que é a minha vida. Eu sou diabético tipo 1, não como açúcar e tenho de ter um cuidado com a alimentação diferente”.
Apaixonado por gelados e sem conseguir encontrar produtos sem açúcar, João Gato começou a fazer “algumas brincadeiras em casa”. Nos blind tests com os amigos, o seu gelado ganhou e foi aí que decidiu avançar com a criação da Gato Gelados.
Os gelados – todos adoçados com stevia (que não tem calorias nem glicose) – são feitos a partir de frutas frescas sazonais nacionais, que também têm o seu açúcar natural. Todos os produtos são feitos na loja, pelas três pessoas que ali trabalham. “Eu crio as receitas, depois as pessoas que estão cá a trabalhar comigo já as sabem produzir”, detalha João Gato.
Em permanência a Gato Gelados tem à venda, no mínimo, 12 sabores e existem oito fixos. “Tenho quatro por estação. E depois há outros que vamos criando para ocasiões especiais, como o dia pai e da mãe e vários outros”. Os preços variam entre os 3,20 euros e os seis euros dependendo do número de sabores que se pedir, em copo ou em cone. Se se pretender levar para casa, o preço também varia consoante o tamanho da caixa. O valor mais alto é de 33 euros e neste caso é possível escolher quatro sabores diferentes.
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Apesar de a marca já ter os seus clientes habituais, João Gato diz que ainda existe uma grande desconfiança por parte de quem não conhece, relativamente a gelados sem açúcar. “Há desconfiança, mas depois de provarem ficam conquistados”, garante.
Enquanto não consegue conquistar clientes suficientes que façam da geladaria um negócio sólido, João Gato vira-se para outras atividades. E, para ajudar a impulsionar as vendas, está a abrir uma produtora de media digital, com uma sócia brasileira, que também tem geladarias no Brasil. “Esta produtora é mais virada para as redes sociais e vamos começar com as nossas marcas”, detalha, explicando que ainda dá um apoio na área da consultoria de recursos humanos. “Porque a loja ainda não tem o movimento para dar o rendimento financeiro que eu preciso para as minhas despesas”, justifica.
O negócio da Gato Gelados fechou 2022 com um crescimento de 10%, um resultado que o seu fundador considera que “não foi mau”. Mas o primeiro trimestre deste ano já foi “um desastre completo”, afirma, remetendo para a inflação e para a destabilização geral provocada pela guerra.
Em maio já foi possível ultrapassar o ano passado em termos de percentual, diz. “Portanto, fechámos maio já acumulado com mais 3%. E, no mês de junho, já vamos bater ali nos 7% em acumulado do ano”.
Consciente do ainda reduzido número de clientes na sua loja, João Gato resolveu expandir o negócio e dedicar-se à entrega dos seus gelados por todo o país. “Virei-me para Lisboa, com as plataformas de entrega e com o site. Depois, comecei a pensar se podia ir mais longe. Tinha pessoas fora de Lisboa que queriam. E como é que eu poderia chegar a essas pessoas? Através de gelo seco, arranjei uma forma de entregar”. Os gelados são acondicionados em embalagens específicas, com gelo seco e levados aos seus destinos pelas transportadoras que por cá operam.
Garante João Gato que, assim, os seus gelados mantêm todas as características por 48 horas. “O acordo que temos com os transportadores é que têm de entregar em 24 horas”, explica.
A ideia pegou e atualmente é possível estar no Porto, por exemplo, e pedir um gelado do Gato. “Há uma parte de educação das pessoas. Se é um gelado, não pode ficar quatro horas à espera. Portanto, tem que haver aqui um compromisso entre as pessoas e a marca para receber os gelados”, refere.
A intenção é agora levar o negócio das entregas para Espanha, de onde até já recebem pedidos online. “A ideia é montar um site. Durante este inverno começar a fazer alguns testes e queria, depois, no próximo verão, se calhar, com algum parceiro que conhecesse o mercado online espanhol, investir forte”.
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