Companhias aéreas pedem conclusão urgente dos investimentos no aeroporto que serve a capital. Sobre o Montijo, a gestora aeroportuária diz que serão concedidos incentivos financeiros “não discriminatórios e propostos a todas as companhias”.
A ANA-Aeroportos garante que não há atrasos nas obras em curso no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, a gestora dos aeroportos nacionais afirma que os investimentos estão “a decorrer conforme planeado”, numa altura em que a empresa está a ser pressionada pelas companhias aéreas. Na apresentação de resultados de 2019, o presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, teceu críticas fortes ao aeroporto que serve a capital portuguesa, dizendo tratar-se “do pior aeroporto do mundo”, e que a situação “vai piorar porque não há data para o investimento”. Também a easyjet já veio mostrar preocupação antecipando atrasos na ampliação da Portela, enquanto a associação das companhias estrangeiras (Rena) veio a público a semana passada exigir a conclusão imediata “das obras urgentes” na infraestrutura.
No final de 2019, a ANA comunicou às companhias aéreas que o aeroporto de Lisboa ia encerrar por completo durante o período noturno – das 23:30 às 5:30 – a partir de 6 de janeiro até ao final do primeiro semestre para a execução das obras de extensão do espaço para estacionamento de aeronaves e taxiway.
O aeroporto está, atualmente, a ser alvo de obras para a construção de saídas rápidas que vão permitir, explica a gestora aeroportuária ao DN/Dinheiro Vivo, aos aviões de tipo A320 e aos Boeing 737 “a possibilidade de sair mais rapidamente da pista, contribuindo para uma utilização mais eficiente, reduzindo o tempo de circulação dos aviões, as emissões de CO2, e permitindo uma melhor absorção dos atrasos, trazendo por todos estes motivos benefícios generalizados”.
A concessionária aeroportuária – detida pela Vinci – salienta ainda que “a saída rápida da pista 03 comporta duas fases”. A primeira, já em construção, “aportará benefícios imediatos à operação no aeroporto de Lisboa”. E a “fase 2 será realizada assim que a ANA tiver a autorização de utilizar uma parte do terreno ocupado pelo AT1 militar, e constituirá uma melhoria da fase 1. As obras estão a decorrer conforme planeado”. A empreitada, a cargo da construtora Alves Ribeiro, deverá estar terminada no final de junho.
A ANA sublinha que “os investimentos previstos não foram definidos para um aumento de capacidade, mas sim para modernizar a infraestrutura, assegurando uma melhor qualidade de serviço e redução dos tempos de conexão entre os voos. A evolução de capacidade aeroportuária na região de Lisboa irá realizar-se principalmente no aeroporto do Montijo”.
A gestora aeroportuária nota ainda que o projeto apresentado ao Executivo, no âmbito do contrato de concessão, prevê que o aeroporto em Lisboa seja uma infraestrutura de conexão, ou seja, um hub permitindo voos com escalas ou de longo curso.
Obras no Montijo arrancam no final do ano ou 2021
O Orçamento do Estado para 2020 aponta para que as obras de transformação parcial da base militar do Montijo em aeroporto complementar arranquem ainda este ano. A ANA diz, por sua vez, que as “equipas técnicas encontram-se agora na fase de elaboração do projeto de execução do aeroporto do Montijo. Existem algumas etapas prévias necessárias que envolvem terceiros”. Mas, garante, “pela nossa parte queremos avançar o mais rapidamente possível”, estando previsto o arranque das obras ou no final do ano ou início de 2021.
A ANA não esconde que vai incentivar a “transferência da atividade ponto-a-ponto do aeroporto Humberto Delgado para o aeroporto do Montijo, deixando mais espaço para o crescimento da atividade do hub”. A gestora dos aeroportos nacionais admite assim que vai dar incentivos financeiros “não discriminatórios e propostos a todas as companhias, independentemente do tamanho ou modelo económico”, que podem ser taxas mais reduzidas. “A dedicação dos dois aeroportos por modelo operacional (ponto-a-ponto) permitirá adaptar a solução aeroportuária ao produto das companhias aéreas”, conclui.
A TAP há muito que descarta a possibilidade de voar para o Montijo, tendo insistido sempre que pretende ficar em Lisboa. A Ryanair, já no início deste ano, admitiu ao Dinheiro Vivo a possibilidade de voar para os dois aeroportos (Humberto Delgado e Montijo) que vão servir a região da capital, à semelhança do que já acontece noutras cidades europeias.
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