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Agora que se vislumbra uma luz ao fundo do túnel pandémico que há dois anos assola o país e a primavera começa a dar ares da sua graça, os ginásios estão a lançar agressivas campanhas de atração de sócios. São isenções de inscrição, aulas grátis para conhecer as modalidades em oferta, mensalidades gratuitas ou com descontos, massagens de boas-vindas, adesões sem fidelização, entre várias outras promoções. É que este é o momento para relançar a atividade, altamente fustigada pelos confinamentos e restrições para controlar a covid-19. Desde 13 de março de 2020, quando o país foi obrigado a fechar portas, que o setor perdeu mais de 223 mil praticantes e a faturação registou quebras históricas. Os operadores acreditam que a retoma da atividade pode estar por meses e preparam-se para abrir novos espaços.
Segundo José Carlos Reis, presidente da AGAP-Portugal Activo, associação que representa o setor, “2021 não foi muito diferente de 2020. Também foi um ano terrível” para os ginásios. As contas do setor ainda não estão fechadas, mas já é possível adiantar que 60% dos 800 clubes que sobreviveram ao primeiro embate da covid-19 (eram 1100) registaram quebras nas vendas face a 2020 e 45% apresentou um decréscimo superior a 7,5%, avança este responsável. Isto a somar à queda de 42% verificada em 2020, que fixou a faturação em 167,4 milhões de euros. Só 12% dos ginásios afirmam ter aumentado o volume de negócios entre 0,1 e 2,5%, um valor “insignificante”, diz José Carlos Reis. Já o número de praticantes, que no embate inicial caiu 29% para pouco mais de 491 mil, reduziu-se para 465 mil no final do ano passado.
José Carlos Reis admite que agora o setor deverá iniciar uma rota de crescimento, sendo que nas últimas semanas já se verificou um aumento da procura. “Até ao final do ano poderemos atingir os valores de 2019 – o melhor ano de sempre do setor”, sublinha. No entanto, há sempre que contar com imponderáveis relativos à pandemia e à guerra da Ucrânia, cujo impacto económico já se está a fazer sentir e que pode reduzir o orçamento mensal dos portugueses, impedindo a prática de desporto nos ginásios, lembra. Já Bernardo Novo, CEO da SC Fitness (unidade da Sonae Capital que detém os clubes Solinca e Element) espera que “2023 permita regressar aos níveis de 2019”. De acordo com o gestor, “a Solinca está em crescimento desde o início do ano, através da campanha Cartão Continente e o Element continua a confirmar que é um modelo sólido, tendo tido mais de dois mil sócios ativos no primeiro mês de funcionamento do novo clube na Cova da Piedade”, que abriu em janeiro.
Mais otimista, está a cadeia Fitness Up, que já contabiliza quase o mesmo número de sócios que antes da pandemia, depois de uma perda de quase 30%, e assumiu como objetivos chegar este ano aos 80 mil praticantes e atingir uma faturação de 22 milhões, revelam Cristina Coutinho, diretora de negócio do grupo e João Gonçalves, diretor financeiro. De acordo com estes dois responsáveis, o arranque de 2022 apresentou-se promissor. Como afirmam, “os primeiros meses do ano são dos mais fortes para o setor e podemos adiantar que desde dezembro houve um crescimento de 20% [nas adesões], sendo que face ao ano homólogo, foi praticamente 100% visto que estivemos fechados”.
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Os ginásios Fitness Hut, do grupo Vivagym, estão também focados em assegurar que 2022 é o ano da recuperação. Janeiro e fevereiro foram positivos para o negócio, mas não como antes da pandemia. Como adianta fonte oficial, as restrições e a variante Omicron induziram um “crescimento lento”, ainda assim, “esperamos estar até ao final deste exercício muito próximos da era pré-covid”.
Ganhar mercado
Apesar das incertezas, as principais operadoras estão a preparar-se para reforçar a sua presença no mercado. Segundo avança Bernardo Novo, a SC Fitness tem “um plano de expansão muito agressivo, com 12 aberturas agendadas para 2022”, que se juntarão aos atuais 38 clubes – 34 Solinca e quatro Element. Para esta última marca, lançada em plena pandemia e cujo modelo de negócio assenta numa oferta low cost, o objetivo é instalar uma rede de 40 clubes no país até final de 2024.
A cadeia Fitness Up lembra que os projetos de abertura de novos espaços sofreram “uma dilação na sua execução devido ao fecho da economia provocado pela pandemia”. Contudo, “a 13 de março de 2020, quando tivemos de encerrar a atividade presencial em todos os nossos ginásios, contávamos com 18 abertos” e agora são “25 unidades espalhadas de norte a sul do país”, dizem os responsáveis. “Com o término da pandemia, retomaremos o prazo de execução previsto de todos os projetos de expansão”, asseguram.
Já a Fitness Hut, que tem 42 clubes em operação, garante que mantém o seu plano de expansão, que arranca em breve com a abertura de uma unidade no Cacém.
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