Se há uma empresa no mundo que tem acesso a um gigante número de dados essa empresa é a Google. Na área da mobilidade, especificamente, os dados gerados através do Google Maps dão à tecnológica uma visão que permite rapidamente perceber tendências de mobilidade, horas de pico de visitas em espaços e uma média do tempo que as pessoas passam em determinado espaço.
Na era da pandemia de covid-19, um dos grandes objetivos das autoridades de saúde pública é evitar que demasiadas pessoas estejam no mesmo espaço, para prevenir possíveis contágios. Segundo avança a Google numa publicação partilhada no seu blog, a tecnológica tem “ouvido da parte das autoridades de saúde pública que este tipo de dados agregados e anonimizados podem ser úteis à medida que são tomadas decisões críticas para combater a covid-19”.
Assim, a partir desta semana, a Google vai partilhar os relatórios de mobilidade comunitária covid-19 para disponibilizar informações sobre a resposta a alguns pedidos para conter o vírus, como o isolamento social ou as restrições de viagens. O grande objetivo é que, através da análise, os dados possam ajudar as autoridades a delinear estratégias e a mostrar que medidas estão a surtir efeito.
“Os relatórios usam dados agregados e anonimizados para mapear as tendências de mobilidade ao longo do tempo por região geográfica e em diferentes categorias de locais como retalho e lazer, mercearias e farmácias, parques, estações de serviço, locais de trabalho e locais residenciais”, indica a Google. A ideia é que estes relatórios sejam partilhados ao longo de várias semanas, com informações que representem aquilo que aconteceu nos últimos dois a três dias.
Na página criada para o efeito, é possível ter acesso ao relatório de 131 países – a tecnológica aponta que, dada a urgência da situação, vai acrescentar mais países à lista ao longo dos próximos dias.
No caso do relatório para Portugal, é apresentada uma análise geral e uma visão mais focada nas alterações por distrito. A nível geral, o relatório de mobilidade mostra que, até 29 de março, houve uma quebra de 83% nas tendências de mobilidade da área de retalho e recreação (restaurantes, cafés, centros comerciais, museus, bibliotecas, salas de cinema, etc). A comparação é feita com os valores médios monitorizados pela Google. Outro ponto que o relatório mostra é a redução das tendências em transportes (-78%), depois da comparação com os valores habituais em interfaces de transportes públicos, estações de metro, comboio ou paragens de autocarros. O único ponto que está acima das tendências habituais é a mobilidade em área residencial, que está 22% acima dos valores habituais.
“Além de outros recursos que as autoridades de saúde pública possam ter, esperamos que estes relatórios ajudem a tomar decisões sobre como gerir a pandemia da Covid-19”, escreve a tecnológica. “Estas informações podem ajudar as autoridades a entender as mudanças nas viagens essenciais que podem moldar as recomendações sobre os horários comerciais ou sobre as ofertas sobre serviços de entrega. Da mesma forma, visitas persistentes a hubs de transportes podem indicar a necessidade de adicionar mais autocarros ou comboios de maneira a permitir que as pessoas que precisam de se deslocar têm o espaço necessário para respeitar o distanciamento social.”
Dados são anonimizados
Em relação à questão da privacidade, a tecnológica frisa que os dados são anonimizados, usando a “mesma tecnologia de anonimização de nível mundial” que é usada noutros produtos da empresa. “Embora mostremos o acréscimo ou decréscimo percentual nas visitas não partilhamos o número absoluto de visitas. De forma a proteger a privacidade das pessoas, nenhuma informação pessoal identificável, como a localização individual, contatos ou movimento de uma pessoa será disponibilizada em qualquer momento”, diz a Google.
As informações que servem de base a este relatório resultam de um conjunto de dados agregados e anonimizados de utilizadores que têm ativa a funcionalidade de Histórico de Localização (é possível desligá-la através das definições da conta Google).
“Estes são tempos sem precedentes e vamos continuar a avaliar estes relatórios à medida que vamos tendo reações das autoridades de saúde pública, grupos da sociedade civil, governos e a comunidade em geral. Esperamos que estes dados sejam adicionados a outras informações de saúde pública e que ajudem as pessoas e as comunidades a permanecerem sãs e seguras”, aponta a Google.
Todos os relatórios podem ser consultados neste site criado para o efeito.
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