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Google vai refinar “snippets” e reduzir desinformação no motor de busca

A fórmula que o Google usa para criar as caixas de texto que surgem destacadas quando alguém faz uma busca, os “snippets”, vai ser refinada a partir desta semana para reduzir a desinformação e melhorar a qualidade da informação. A mudança faz parte de uma estratégia alargada da empresa para endereçar um dos maiores problemas dos últimos anos, a disseminação de informação incorreta online.

“Nos últimos anos, o crescimento da desinformação tornou-se num desafio mais urgente para nós como sociedade, e um que levamos muito a sério na Google”, disse ontem o vice-presidente de Pesquisa da gigante, Pandu Nayak, numa apresentação para a imprensa a que o Dinheiro Vivo teve acesso. “Para abordar o desafio da desinformação, pensamos em dois formatos: a qualidade da informação e a literacia informativa”, descreveu.

É no aspeto de qualidade da informação que entram as alterações aos “snippets”, uma seleção automatizada de partes relevantes de texto que pode induzir em erro. Por exemplo, alguém que pesquisa no Google como cozinhar um prato de risotto pode ver um “snippet” com passos que parece útil – mas na verdade foi buscar erroneamente o que não se deve fazer. Há vários exemplos de “snippets” que resumem informação errada (e às vezes ofensiva) em relação à pesquisa que foi feita. Mais delicado ainda é quando se trata de informação sensível numa era de desinformação feroz, que atinge desde as vacinas contra a covid aos resultados das eleições nos Estados Unidos.

Através do novo modelo de inteligência artificial da Google MUM (Multitask Unified Model), os sistemas passarão a ser capaz de compreender consensos e comparar “snippets” destacados com fontes de elevada qualidade. “Percebemos que esta técnica baseada no consenso melhorou de forma significativa a qualidade e utilidade dos “snippets” destacados”, explicou Nayak.

O MUM também está a ajudar o motor de busca a perceber quando é que um “snippet” pode não ser a melhor forma de apresentação informação. O exemplo que a própria empresa usa é o seguinte: se alguém pesquisar “quando é que o Snoopy assassinou Abraham Lincoln” no Google, o motor de busca apresenta no topo da página de resultados um “snippet” com o resumo do assassinato do presidente norte-americano. A informação sobre o dia e hora da morte está correta, mas a forma como esta caixa de texto aparece dá a entender que Snoopy, o cão animado, realmente assassinou Lincoln.

“Claramente, esta não é a forma mais útil de apresentar este resultado”, concluiu Nayak. Os “snippets” em casos de “falsas premissas” (por exemplo, que o Snoopy terá assassinado Lincoln) são reduzidos em 40% com esta atualização.