O governo quer concertar medidas de controlo de infeções por covid-19 com as empresas da plataforma logística de Azambuja, onde um surto com mais de uma centena de casos provoca receios de alastramento aos armazéns da grande distribuição alimentar que abastecem o país, da região Centro ao Algarve. Sonae, Jerónimo Martins (JM), Auchan e dezenas de outras empresas operam neste polo que tem ao serviço mais de oito mil trabalhadores, residentes em vários pontos da Grande Lisboa.
A reunião está marcada para segunda-feira, revelou ao Dinheiro Vivo o gabinete do coordenador do governo para a região de Lisboa e Vale do Tejo, Duarte Cordeiro. O encontro vai discutir “as medidas de resposta à covid-19, que garantam o funcionamento em segurança da plataforma logística da Azambuja”, juntando autarcas de Azambuja, empresas e autoridades de saúde.
O surto local teve origem numa unidade de abate de aves, Avipronto, com registo de 101 infeções. Outros quatro casos foram detetados em unidades da mesma zona logística: dois na espanhola Salvesen e outros dois na Torrestir. Segundo o governo, estas são as únicas três unidades onde até aqui foram feitas vistorias pelas autoridades de saúde. Mas os receios, já manifestados por autarcas locais, são os de que a circulação em grande proximidade de centenas de trabalhadores, a maioria via comboio até aos apeadeiros que servem o polo logístico, possa levar a um alastramento do surto.
A discussão das medidas acontece num momento em que o município pede desfasamento de turnos entre empresas e mais autocarros para trabalhadores, exigindo ainda mais comboios e carruagens para a Linha de Azambuja. O presidente, Luís de Sousa, esperava ontem conseguir juntar à reunião responsáveis do governo pelas áreas dos Transportes e da Indústria. Além das empresas que operam no corredor industrial localizado entre Azambuja e Vila Nova da Rainha, também a Companhia Logística de Combustíveis, que opera a partir de Aveiras de Cima, vai tomar parte no encontro.
Apesar dos receios de alastramento dos casos de infeção na grande distribuição, as maiores empresas a operar em Azambuja consideram já suficientes os respetivos planos de contingência. A Jerónimo Martins, com 1200 trabalhadores nos armazéns Pingo Doce, diz-se ciente “dos casos que têm sido noticiados na Comunicação Social” e assegura “que não acontecem no centro [do grupo].
“Acreditamos que o plano de contingência robusto que adotámos e todas as medidas preventivas implementadas minimizam, em larga medida, os riscos de propagação”. Uma delas, assegura, foi já o reforço de transporte da empresa: “O número de autocarros foi reforçado de forma a garantirem-se as distâncias de segurança entre passageiros em cada um dos veículos”. O grupo afirma que “a grande maioria” dos trabalhadores chega ao serviço deste modo.
Também a Sonae, com perto de três mil trabalhadores na Azambuja, defende que os planos em vigor chegam para mitigar riscos. A Sonae MC, com a distribuição alimentar e 700 pessoas ao serviço, diz ter “um sólido plano de contingência, totalmente alinhado com as recomendações das autoridades de saúde e atestado pela Direção Geral de Saúde, no sentido de garantir que o nível de risco de propagação entre colegas é ‘muito baixo’”, com “máxima confiança nos responsáveis de todas as equipas para levar a cabo o plano de contingência traçado”.
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