Tudo se encaminhava para que o italiano Guido Martinetti seguisse uma carreira no vinho. Mas um artigo de Carlo Petrini, em que o fundador do movimento Slow Food lamentava já não haver gelado italiano de qualidade, mudou o rumo da sua vida. Foi desta faísca inicial que, em 2003, nasceu uma pequena geladaria com pouco mais de 25 m2 na cidade italiana de Turim, chamada Grom. Durante seis meses produziu e serviu muitos gelados ao balcão. Hoje, a Grom tem uma rede de 84 lojas, está presente em sete países, emprega mil colaboradores no verão e prevê fechar este ano com 40 milhões de euros de faturação. Chegou neste ano a Portugal, com a Grom no Chiado, em Lisboa. Mas não faltam planos para crescer.
“A loja é muito pequena, mas é charmosa e representa muito bem a marca. Por isso, espero abrir uma nova loja em 2019, talvez no Porto, e depois uma segunda loja em Lisboa”, adianta Guido Martinetti, cofundador da cadeia com Frederico Grom. “A longo prazo esperamos abrir entre sete e onze lojas em Portugal. Mas o turismo está a aumentar, estamos a falar de um crescimento entre 7% e 10% ano, poderá vir a ser um maior número de lojas”, justifica. E, a manter-se o montante investido na loja do Chiado (cerca de 250 mil euros), a cadeia, comprada há dois anos pela gigante Unilever, poderá vir a investir até 2,75 milhões no mercado português.
“Durante os primeiros seis meses da Grom trabalhei todos os dias ao balcão. Era como ter uma criança, estás a apaixonar-te pela tua atividade, estás orgulhoso do que fazes”, lembra. Os resultados começaram a surgir. “Para nós era mais importante reinvestir no negócio, não mudar de carro. Tínhamos mais de cem empregados e continuava a conduzir um carro muito velho e destruído. Não é uma decisão estratégica, é o teu instinto”, diz. E o instinto disse-lhe para crescer. Dois anos depois abriu a loja em Génova, seguiu-se a terceira em Milão. Cinco anos depois deram o salto para o mercado externo: Nova Iorque.
De Turim a marca expandiu para cidades tão distantes como Tóquio, Doha ou Malibu. E a mesma missão. “Há muitos falsos gelados italianos pelo mundo, de baixa qualidade. O meu sonho, como empreendedor e agora como gestor, é que qualquer loja Grom seja uma embaixada italiana”, em que os clientes possam ter a mesma “experiência italiana”.
As receitas e a produção dos gelados é feita em Turim – o espaço começou com mil metros quadrados, hoje são cinco mil e até 2020 a área de produção deverá aumentar para dez mil metros quadrados -, sendo depois a mistura líquida enviada para as lojas locais que é batida até solidificar. Desde 2007 apostam no cultivo de parte dos ingredientes usados, como pêssegos ou alperces, nos 27 hectares da quinta de Mura Mura, garantindo que obtêm o melhor sabor.
Há dois anos foram comprados pela dona da Olá. “A Unilever deu-nos a oportunidade de entrar na categoria dos gelados embalados. Uma grande oportunidade porque este segmento pode ter a mesma qualidade dos melhores gelados e ninguém está a fazer isso agora”, diz Guido Martinetti. Itália foi o primeiro mercado a vender gelados Grom embalados nos supermercados, seguiu-se França, Inglaterra, Suécia, Bélgica, Áustria e vão começar na Alemanha. “E daqui a alguns anos, talvez 2020, estamos a pensar trazer os gelados embalados para Portugal.”
Uma categoria que representa menos de 20% das vendas da Grom, mas onde Guido Martinetti acredita que está o grande potencial de crescimento. E os números indicam que sim. “Em todos os países, 99% das vendas são de gelados embalados. Itália é o único país do mundo onde 65% comem gelado artesanal.”
Próximos passos? “Vamos abrir em Xangai (China) no início do ano e vamos entrar lá com os gelados embalados. E talvez Viena e Estocolmo.”
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