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Nem a pandemia desanimou os investidores que se juntaram ao banco gestor de fortunas – ou talvez até lhes tenha dado um ímpeto maior. O suíço EFG viu crescer o seu negócio em 78% no último ano, atingindo “um novo patamar de lucros” e assistindo a “um forte impulso” em 2021 que ascendeu a 197,2 milhões de euros. E que o presidente, Giorgio Pradelli, diz ser fruto da estratégia consistentemente executada de transformação para um modelo “mais enxuto, mais ágil e com maior capacidade de expansão e base de custos reduzida”. Ao Dinheiro Vivo, o CEO do grupo EFG explica que 2022 “começou bem, embora não nos níveis recorde registados no ano passado”, e que agora é tempo de dar gás ao “pleno potencial” da instituição.
“Estamos muito satisfeitos com o ritmo de crescimento a que estamos a assistir”, reconhece Giorgio Pradelli, revelado que os novos ativos líquidos se aproximaram de 9 mil milhões (8,8 mil milhões de francos suíços=8,7 mil milhões de euros), mais 5,5% do que um ano antes e no intervalo maior das perspetivas do grupo (4% a 6%).
Quanto às regiões que mais pesam nos resultados, o CEO aponta em primeiro lugar a “Suíça e Itália, onde se gerou 2,7 mil milhões, seguida do Reino Unido, que contribuiu com cerca de 1,8 mil milhões e da América Latina, com 1,2 mil milhões de euros”. Este valor foi equivalente aos novos ativos líquidos localizados na Europa continental, onde se inclui o braço português do grupo. O negócio de gestão de ativos continuou a “atrair fortes influxos quer de clientes privados quer de institucionais, totalizando perto de 2 mil milhões”, junta o responsável, em entrevista ao Dinheiro Vivo.
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Questionado sobre o banco que o EFG abriu em Portugal no verão de 2019, o country head, Bernardo Meyrelles, mostra-se otimista. “A sucursal portuguesa obteve um resultado operacional positivo, naquele que foi o seu segundo ano de atividade”, diz ao Dinheiro Vivo. “Apesar da convivência com a adversidade pandémica praticamente desde a abertura, esta é já uma operação rentável e em franco crescimento”, diz, revelando que “o volume de negócios sob gestão está acima do ritmo necessário para atingir, no cenário mais otimista, 1,5 mil milhões em 2025”.
Uma força que Bernardo Meyrelles usa para justificar que o banco quer “continuar a investir no país, consolidando o seu posicionamento de referência na gestão de fortunas e operando neste mercado com escritórios em Lisboa e no Porto”.
Sustentabilidade já pesa nos investimentos
“Não é uma questão de descarbonização, é de sustentabilidade em geral.” É assim que Giorgio Pradelli vê a forte tendência que está a marcar as escolhas nos mercados – e que está a trazer alterações ao perfil das carteiras do EFG. “A sustentabilidade tornou-se num fator-chave nos negócios de qualquer instituição financeira e um cada vez maior número de clientes e investidores baseia hoje nela as suas decisões de finanças.”
Para o presidente do banco gestor de fortunas, é evidente que a escolha sustentável se centra “na definição de um caminho que permita equilibrar interesses económicos, ambientais e sociais”. E no que toca a opções de investimento, “a inovação ajudará não apenas à descarbonização como à prosperidade das novas gerações, cujo êxito depende da nossa capacidade para redirecionar capitais para desenvolvimento tecnológico capaz de conduzir-nos a novas cadeias de valor. O mundo não pode dar-se ao luxo de desperdiçar energia e recursos”, resume.
Esta consciência explica a extrema atenção do EFG no que respeita a critérios ambientais e de sustentabilidade, cada vez mais relevantes nos investimentos selecionados e geridos nas carteiras dos clientes. “Estamos em permanente expansão do nosso leque de produtos e serviços de forma a responder aos desafios de finanças sustentáveis”, vinca Giorgio Pradelli, que assume a missão de apoiar todo o tipo de esforços rumo a práticas de investimento mais sustentáveis. Nesse sentido, o banco desenvolveu há uma década o GRIP (Global Responsible Investment Platform), sistema próprio de identificação de riscos e oportunidades que pondera, além dos fundamentais do negócio, a capacidade das empresas para se adaptar à nova realidade. “Os lucros das que têm mais resistência a adaptar-se oferecem maior risco”, esclarece Pradelli.
Com o mundo inteiro a sofrer ainda o primeiro impacto da invasão russa à Ucrânia, o banco suíço especializado em gestão de fortunas mantém-se “especialmente atento”, apesar da “muito limitada exposição direta” a qualquer dos países em confronto. “Estamos a seguir de perto a escalada dos acontecimentos desde o início e ainda não podemos antecipar as consequências desta crise e a totalidade dos efeitos de uma situação que é de enorme incerteza e está em constante mudança”, e que já provocou muita instabilidade nos mercados, assume.
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