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O segredo do sucesso de cada negócio depende de como os seus líderes o encaram. Para os responsáveis do Grupo SushiCafé, um bom planeamento aliado a muito pragmatismo, podem ser os fatores determinantes para levar a sua atividade a bom porto. O grupo, criado há quase 20 anos, quer continuar a crescer, após ter fechado três espaços em centros comerciais, na sequência da pandemia.
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Atualmente, emprega cerca de 300 pessoas, mas a necessidade de aumentar o número permanece. No entanto, é difícil conseguir encontrar quem queira trabalhar na área, como explicou ao Dinheiro Vivo, Gonçalo Salgado, cofundador e diretor do grupo. “A maior dificuldade é principalmente nas posições de chefia. Têm de ser pessoas que nos deem credibilidade e estabilidade, o que tem sido muito difícil conseguir. Nós próprios questionamos onde andam essas pessoas, embora tenhamos pacotes salariais que nos parecem bastante atrativos”, diz. Uma questão que também o diretor-geral de operações coloca. Diogo Roquette explica que o grupo tem, inclusivamente, estabelecido parcerias com a escola de hotelaria, que envia estagiários. “No entanto, o grosso dessas pessoas vai para hotéis”, lamenta.
O impacto da inflação
Não é só com a falta de trabalhadores que o SushiCafé luta. Tal como em todos os outros setores, a inflação atingiu os restaurantes do grupo, de tal forma que houve espaços com “margens de EBIDTA de dois dígitos passaram a margens de um dígito e restaurantes com margem positiva passaram a margem negativa”, revelou Gonçalo Salgado.
E isto num ano em que o negócio registou um crescimento de dois dígitos na faturação face ao ano de 2019. “No entanto, a margem não está lá, porque há vários fatores a impactar. Temos custos que antes da pandemia não tínhamos, tais como as comissões que pagamos às plataformas”, explanou o diretor do grupo.
Acrescentou o aumento do custo das matérias-primas, o custo do papel, da energia e dos recursos humanos. “Para um ano em que temos resultados tão bons, é surpreendente termos uma margem que esteja tão mal”.
E, como seria de esperar, em alguns restaurantes do grupo, os preços já sofreram aumentos. “Estamos a tentar fazer o ajuste dos preços de uma forma moderada, embora as pessoas percebam que há claramente um aumento do custo de vida e das matérias-primas”, considerou Diogo Roquette.
Para 2023, as previsões não são as mais favoráveis. “Achamos que a faturação vai crescer porque fizemos alterações de preços este ano, mas continuamos a achar que é provável que os custos aumentem mais do que a faturação”, refere Gonçalo Salgado. “Os nossos orçamentos atualmente são um verdadeiro exercício de adivinhação, devido a este clima tão volátil”, lamenta.
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Colaboradores especiais
Tal como o nome do grupo indica, o conceito da maioria dos restaurantes é a comida tradicional japonesa. No entanto, do conjunto de espaços fazem parte, ainda, dois restaurantes de conceito e origem diferentes. No Oceanário, o Sea the Future e no CCB, o Único. Ambos, com um posicionamento centrado na sustentabilidade ao qual foi adicionada a questão da inclusão.
Foi a preocupação crescente dos consumidores e também a dos responsáveis do grupo que os levou para o caminho mais sustentável. “Começámos com todas aquelas coisas óbvias de não ter as palhinhas de plástico, usar papel na maioria dos materiais, tentar ter as embalagens de take-away o mais sustentáveis possível, etc.”, explicou Gonçalo Salgado. Depois, foi definido um menu em que praticamente não há proteína animal e selecionados maioritariamente produtores locais para reduzir a pegada ecológica. “Tentámos evitar ter produto de compra e fazer tudo dentro de casa. E fazemos por aproveitar o que conseguimos como as cascas de limão e vegetais para fazer água aromatizada”, enumera o responsável.
Além da causa ambiental, o outro fator que distingue estes espaços é empregar colaboradores com necessidades especiais, que são formados na Semear – uma associação sem fins lucrativos que tem como missão ajudar pessoas com deficiências intelectuais e de desenvolvimento a serem cidadãos autónomos.
“Estas pessoas têm algum apoio durante a vida escolar, mas quando chegam à maioridade têm zero apoio por parte do Estado e muitos deles não são autónomos”, refere Gonçalo Salgado.
O grupo tem uma parceria com a Semear, que consiste em comprar produtos de agricultura biológica (plantados por pessoas com necessidades especiais) e emprega colaboradores formados pela associação nos restaurantes do Oceanário e do CCB. “É um projeto incrível e começou claramente esta experiência fantástica que tivemos. Ver o crescimento destas pessoas é fantástico”, considera Diogo Roquette.
Agora, o objetivo é empregar, pelo menos, uma pessoa com necessidades especiais em cada um dos restaurantes do grupo.
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