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Quando, em 2010, em plena crise económica, Aline Guerreiro lançou o Portal da Construção Sustentável tinha os olhos postos no futuro e nas obrigações que o setor teria de respeitar para reduzir o impacto ambiental da atividade. O elevado consumo de materiais, de energia, água e a produção de resíduos fazem desta indústria uma das mais poluentes do mundo, mas a própria utilização dos edifícios também pode ser geradora de efeitos nefastos no meio ambiente. Consciente do desafio que o setor tinha pela frente e que se tornou um imperativo do presente, decidiu criar em Braga uma consultora para apoiar empresas, instituições de ensino e os consumidores a trilhar o caminho de uma construção sustentável de A a Z.
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Um dos problemas que logo identificou é que esta temática tem estado muito centrada num aspeto: a eficiência energética. “Uma das questões que foi amplamente introduzida em Portugal, pela legislação atual, foi a questão da eficiência energética nos edifícios, bem como o aparecimento da etiqueta energética e sua obrigatoriedade”, mas a sustentabilidade na construção não fica, nem pode ficar, por aqui, sublinha Aline Guerreiro. “Começa muito antes”. Por isso, defende, para garantir uma construção sustentável há que começar logo na fase do projeto.
Como aponta, todos os consumos associados à fase de construção têm que ser considerados, nomeadamente, a extração de material, as deslocações, o impacte ambiental no terreno onde se vai construir… “A opção por materiais de baixo impacto ambiental, as soluções construtivas que minimizem necessidades energéticas para climatização, e até pensar a montante, no final de vida útil do edifício, são tudo obrigações da construção sustentável”, frisa. E o utilizador/proprietário final, seja ao nível da habitação, do escritório, da indústria, só tem benefícios: menores consumos de energia e de água, maior conforto térmico, melhor qualidade do ar.
Aline Guerreiro garante também que o respeito por regras mais sustentáveis não exige necessariamente abrir os cordões à bolsa. Por exemplo, “o principal fator que influencia a eficiência energética de um edifício é a orientação solar, e orientar bem, ou orientar mal um edifício, custa o mesmo, mas ao longo da sua vida útil não”, realça. No que toca aos materiais, a arquiteta de Braga lembra que já existem muitos no mercado que integram reciclados a preços muito competitivos e por vezes até mais económicos.
Neste ponto, o Portal da Construção Sustentável divulga no seu site um conjunto de fornecedores cujos produtos têm, obrigatoriamente, de responder a três critérios: serem não poluentes e inócuos à saúde humana; não serem provenientes de petróleo (sempre que não se justifique e que haja alternativas); e contribuírem para o desenvolvimento sustentável.
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Mas a ação do Portal da Construção Sustentável estende-se bem mais longe, de norte a sul do país e inclusive começa a ganhar expressão na Europa. A defesa da construção sustentável é ministrada em cursos relacionados com o setor em universidades e institutos politécnicos, nomeadamente no exterior, em seminários nos municípios e também é promovida em feiras nacionais e internacionais. Em paralelo, a consultora apoia empresas a obterem a certificação ISO 14024.
E, como na génese está a arquitetura, Aline Guerreiro e a sua equipa desenvolvem projetos imobiliários sustentáveis. Neste momento, estão focados no ECO-BANGA-LOO, onde as atenções vão para matérias como a exposição solar e os materiais a aplicar, e que irá integrar um sanitário seco. É “um modelo completamento inovador”, sendo “o principal objetivo demonstrar que é possível construir e utilizar um edifício, sem causar impactes no ambiente”, adianta.
Prestes a ser lançado, está também um “Caderno de Encargos Tipo”, só com a prescrição de materiais mais sustentáveis e, sempre que possível livres de petróleo, que se irá juntar às edições próprias de livros e guias para um melhor ambiente construído que o portal tem vindo a publicar. No ano passado, a consultora faturou cerca de 130 mil euros, sendo que as previsões para o atual exercício apontam para um volume de negócios ligeiramente acima dos 150 mil.
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