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A Herdade do Rocim vai investir meio milhão de euros num hotel rural na sua propriedade, situada entre a Vidigueira e Cuba, no Baixo Alentejo. O projeto prevê a recuperação de uma casa já existente, que será “ampliada e melhorada”, dando origem a um pequeno hotel rural com nove quartos. Em fase de licenciamento, o objetivo de Pedro Ribeiro é avançar com a obra ainda neste ano, que encara como uma ferramenta de negócio para o vinho.
“Não sou hoteleiro, encaramos este projeto como uma ferramenta de marketing que nos ajude a alavancar o negócio do vinho”, explica o diretor-geral da Herdade do Rocim, que fechou 2020 com três milhões de euros de faturação e 2021 com mais de 4,5 milhões, já acima do período pré-pandemia. O investimento será feito com recurso a capitais próprios e responde às “muitas solicitações” de muitos dos quatro mil visitantes que a herdade recebe por ano e que manifestavam vontade de aí pernoitar.
“Em 2020, tivemos uma quebra do volume de negócios, sobretudo nos meses mais dramáticos, de março a maio. Mas em dezembro registámos já o melhor mês de vendas de sempre. E 2021, apesar da pandemia, já não sentimos qualquer abrandamento”, explica o gestor, sublinhando que algumas das apostas pensadas ainda antes da pandemia começaram a dar resultados, designadamente a diversificação de mercados, com uma “grande aposta” na moderna distribuição, que “ajudou a ultrapassar esta fase” mais complicada da covid-19. O que fez aumentar o peso do mercado nacional e descer o peso das exportações, que passaram de 70 para 60% das vendas totais.
Com 120 hectares na Vidigueira, dos quais 70 de vinha, e duas pequenas propriedades no Douro e em Lisboa, a Herdade do Rocim assume-se já com uma empresa multiregiões, com uma produção anual de um milhão de garrafas de vinho. Tem ainda parcerias nos Vinhos Verdes, com a Quinta de Santiago, no Dão, com o enólogo Márcio Lopes e na Madeira com Ricardo Diogo. O Alentejo representa ainda 95% dos seus vinhos.
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Mas Pedro Ribeiro assume a vontade de investir “de uma maneira mais sólida” no Douro, com a aquisição de uma propriedade e a construção de uma adega, algo que, acredita, “poderá acontecer ainda este ano”. Em estudo estão várias hipóteses, razão por que não avança com mais pormenores sobre o investimento, nem sobre a localização possível. Já no Alentejo, e apesar de só deter 70 hectares de vinha, o Rocim controla, por via de contratos de arrendamento, mais 30 hectares. E não põe de parte uma possível aquisição. “Havendo uma boa oportunidade, não o negamos”, diz.
Ainda neste ano, a empresa pretende avançar com a abertura de uma loja de vinhos e um wine bar em Lisboa, numas instalações próprias de que dispõe em Xabregas. O objetivo é que, “se tudo correr como previsto”, o projeto possa vir a evoluir para um espaço de restauração.
Já no que aos vinhos diz respeito, e depois do lançamento, em junho de 2021, do Júpiter, um vinho “muito especial” vendido a mil euros a garrafas e que teve um “sucesso meteórico” – as 800 garrafas que foram produzidas esgotaram em apenas três semanas -, a Herdade do Rocim lançou, em dezembro, o Vinha da Micaela, que resulta da mesma vinha do Júpiter. São duas mil garrafas, com um preço de venda ao público de 185 euros e “mais de metade” já estão vendidas. “Portugal é muito conhecido pela sua excelente relação qualidade-preço nos vinhos o que, na minha opinião, é o pior rótulo que nos podiam pôr, sermos bons e baratos. E, por isso, o Júpiter foi para nós um statement, uma forma de mostrar que, se fizermos a coisa bem feita, conseguimos vender os nossos vinhos a preços bastante elevados”, refere Pedro Ribeiro, sublinhando que “tem-se feito um trabalho incrível, o posicionamento dos vinhos portugueses tem crescido imenso, mas ainda há muito trabalho a fazer”.
Mais recentemente, a empresa, que espera fechar 2022 com uma faturação de 5,2 milhões de euros, lançou em Portugal a gama Mariana, até agora exclusivamente disponível nos mercados externos. A gama inspira-se “num clássico da literatura romântica universal, ao mesmo tempo que “eterniza a história de amor entre a freira Mariana Alcoforado e o oficial francês Marquês de Chamily”. Colocada à venda a partir dos 7 euros a garrafa, a gama Mariana pretende “democratizar o acesso a esta história de amor, ajudando a alavancar volume e o crescimento da empresa”, sublinha Pedro Ribeiro.
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