Partilhareste artigo
O ano de 2022 está a correr “francamente bem” à Heritage Wines, garante o diretor-geral da empresa de distribuição do grupo The Fladgate Partnership (TFP). Embora o último trimestre do ano seja determinante numa empresa de vinhos, podendo, no caso da Heritage, valer cerca de 35% das vendas totais do exercício, Paulo Cunha admite que espera fechar 2022 com vendas de 13 milhões de euros. A meta é que, em 2026, a distribuidora contribua com 20 milhões para o volume de negócios do grupo.
Relacionados
Com 10,2 milhões de euros de faturação nos primeiros dez meses do ano, a Heritage Wines está a crescer 70% face ao período homólogo de 2019, ou seja, antes da pandemia, sendo que, numa base comparável, esse crescimento é de 17%. Um dado importante já que, desde maio de 2020, a empresa passou a ser responsável pela distribuição, em Portugal, dos vinhos da Fundação Eugénio de Almeida.
“Estamos com uma evolução muito saudável, o que nos permite ultrapassar as previsões anteriormente estabelecidas, e devemos chegar a 2024 com 16,5 milhões e estimamos que, em 2026, a nossa faturação esteja próxima dos 20 milhões de euros”, refere o responsável.
Previsões 2023
Sobre as previsões para 2023, Paulo Cunha mostra-se confiante, apesar da recessão esperada e que “já se está a fazer sentir com a saída [de cena] dos turistas” no fim do verão. “A nossa experiência no passado diz-nos que, em momentos de crise, o consumidor pode até reduzir o número de vezes em que consome vinho, mas, quando o faz, opta por consumir com qualidade e por marcas que lhe dão garantias”, sustenta, seguro de que as referências da Heritage “têm esse reconhecimento de qualidade por parte do consumidor”. As perspetivas são para que a faturação cresça para os 14,5 milhões de euros no próximo ano.
Com uma rede de distribuidores de âmbito regional, a empresa não vende diretamente nem à restauração nem à grande distribuição. Mesmo assim, conta com uma equipa comercial interna que, no início do ano, era composta por 11 pessoas, mas que espera, em 2023, conseguir chegar às 16, o que representa um aumento de 50%. A dificuldade no recrutamento é um obstáculo.
Subscrever newsletter
“Como todos os setores, estamos em dificuldades para recrutar. Julgo que é unânime que Portugal atravessa uma crise de disponibilidade de mão-de-obra. Não é fácil, neste momento, contratar”, refere o gestor, assegurando que o problema não é de cariz salarial, mas de “encontrar as pessoas com o perfil certo”.
Mudança de instalações
A empresa está também em transformação a nível de instalações, com um novo armazém em fase final de construção. A incorporação dos vinhos da Fundação Eugénio de Almeida tornou o espaço disponível, na Quinta dos Barões, em Vila Nova de Gaia, pequeno para as necessidades e, enquanto esteve em construção o novo armazém, numa área total de 1500 metros quadrados, a Heritage Wines foi transferida, temporariamente, para as instalações das antigas linhas de engarrafamento da Taylor”s e da Fonseca – marcas de vinho do Porto do grupo The Fladgate Partnership -, devendo regressar à origem em fevereiro do próximo ano. Sendo a transferência da totalidade de stocks da empresa “um movimento complexo”, o objetivo é “deixar passar o Natal” e reduzi-los “ao mínimo indispensável”, antes de fazer nova mudança.
Quanto à integração de novas marcas no portefólio da Heritage Wines, Paulo Cunha não abre para já o jogo, admitindo apenas a falta de uma marca de Vinho Verde. “Mantemos a nossa estratégia de nos focarmos nas principais regiões produtoras de Portugal. Olhando para a nossa gama atual, no Douro, estamos muito bem representados com a Quinta do Crasto, no Alentejo, temos os vinhos da Adega Cartuxa, Tapada do Chaves e Reynolds, não escondo que gostaríamos de ter uma marca da região dos Vinhos Verdes, mas tem de ser a marca certa. Com um perfil de qualidade, com um posicionamento premium e que encare o negócio com a mesma seriedade e visão de longo prazo que nós encaramos”, diz.
Sistema Coravin com procura crescente
Nem só de vinhos são feitas as vendas da Heritage Wines. A empresa é o representante exclusivo, em Portugal, do sistema Coravin, que permite beber vinho sem abrir a garrafa e, portanto, “sem comprometer a qualidade” do restante.
Este é um produto desenvolvido por um americano, Greg Lambrecht, criador de dispositivos médicos, e apaixonado por vinho e tecnologia inovadora. O segredo está na agulha fina e oca que é introduzida na rolha de cortiça para chegar ao vinho, sem a danificar. A garrafa é então pressurizada com Árgon, um gás inerte usado no processo de produção do vinho, que permite que este saia pela agulha e substituindo o espaço que este ocupava sem deixar entrar oxigénio. Quando removida a agulha, a rolha de cortiça retoma a sua forma e o vinho restante “continua a evoluir naturalmente durante meses ou mesmo anos”, garante a empresa.
A introdução deste sistema no mercado nacional, em 2016, ajudou a democratizar a venda de vinho a copo, mesmo de garrafas premium que, normalmente, um qualquer restaurante teria receio de vender a copo, porque o restante vinho ficaria a perder propriedades. Mas não só. O lançamento de novos equipamentos, como é o caso do Coravin Pivot, mais focado no consumo imediato, já que permite preservar o vinho durante três a quatro semanas, mas não durante meses ou anos, tem vindo a ganhar terreno junto dos consumidores particulares. Além disso, a Coravin lançou, entretanto, um equipamento destinado exclusivamente para garrafas de champagne e espumantes, e que “está a ter bastante adesão dos restaurantes”, explica Paulo Cunha.
Deixe um comentário