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O Café Bar S. Gonçalo, espaço histórico de Amarante, reabre este sábado as portas, com novos proprietários. Os irmãos João Pedro e Miguel Antunes investiram 900 mil euros na aquisição da empresa e na renovação do interior do icónico café do largo central da cidade, onde o poeta Teixeira de Pascoaes conquistou um lugar para a eternidade. Com nova decoração e mobiliário, recuperado o balcão principal e modernizadas a cozinha e as casas de banho, respeitando as linhas originais, quer receber os turistas nacionais e internacionais, sem descurar os habitués amarantinos.
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Segundo João Pedro Antunes, a oferta terá duas dinâmicas: cafetaria e restauração. O serviço de café destina-se a servir os clientes diários, que há muito têm por obrigatório uma paragem quotidiana no espaço, a população que todas as quartas e sábados desce ao coração da cidade para as compras no mercado municipal, os frequentadores das festas e atividades dinamizadas junto ao rio Tâmega, e os turistas portugueses e estrangeiros em visita ao Douro. O restaurante, que aposta num serviço gastronómico e vínico de qualidade, está direcionado a um público médio e médio-alto. O gestor está também a elaborar um calendário anual de eventos para captar velhos e novos públicos.
Apesar de nunca ter sonhado estar à frente de um café, e logo um com quase 90 anos de história, João Pedro e Miguel Antunes deixaram-se seduzir pelo desafio do anterior dono, Maximino Silva, que mantém a propriedade do imóvel. De início, a ideia pareceu-lhes demasiado ambiciosa. O Café Bar S. Gonçalo não é apenas mais um café português. A sua história remonta à década de 30 do século XX e nas suas cadeiras sentaram-se artistas como o já referido poeta amarantino Teixeira de Pascoaes, que se mantém eternizado em bronze numa mesa do café e em pleno exercício da sua criatividade, Mário Cesariny ou a poetisa Maria Eulália Macedo, políticos da I República, como António do Lago Cerqueira, ao contemporâneo Francisco Assis, entre figuras de referência da sociedade amarantina.
Foram muitos, entre personalidades conhecidas e ilustres anónimos, que estando em Amarante sentiam o Café S. Gonçalo como ponto obrigatório de passagem e paragem para desfrutar uns momentos.
Entre irmãos
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Toda esta história que se iniciou, curiosamente, também pelas mãos de irmãos, dessa vez os Queirós (Rodrigo, Belchior e Ismael), será publicada em livro e com depoimentos, assegura João Pedro Antunes. A concretização do projeto está para breve, diz. Afinal, como escrevia Teixeira de Pascoaes, “este largo de S. Gonçalo é o centro da vila (…) aberto a todos os romeiros piedosos e a todos os turistas das camionetes (…). Cabe tudo, dentro dele, até o café do Belchior ou, antes da Maria Zé, a servir o precioso veneno… tão negro, e ela corada, loira, sorridente, em estilo da Renascença, uma perfeita Gioconda.”
Agora nas mãos dos irmãos Antunes, o objetivo é que o S. Gonçalo (como é conhecido por todos) gere uma faturação anual da ordem de um milhão de euros. João Pedro Antunes, que assume a gestão (o irmão prefere ficar nos bastidores), prevê que em dez anos seja possível recuperar o investimento. Sublinhe-se ainda que este espaço de cafetaria e restauração, junto à igreja que lhe dá o nome, integra a lista dos cafés históricos de Portugal.
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