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A palavra de ordem na Google por estes dias é avançar com as implementações de tecnologias de Inteligência Artificial, e foi isso mesmo que se sentiu durante o evento anual Google I/O, que decorreu em Mountain View.
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Até a revelação de novos dispositivos de hardware – incluindo um smartphone dobrável – foi contextualizada nesta investida, que ganhou uma urgência inegável desde que a OpenAI espantou o mundo com o lançamento do bot conversacional ChatGPT. E preparem-se para a concorrência, porque o bot conversacional Bard vai deixar de ter lista de espera em 180 países, incluindo Portugal, e irá suportar 40 idiomas – incluindo o português.
Sundar Pichai, CEO da Google, não quis perder a oportunidade de lembrar às pessoas que a empresa não é neófita nestas andanças, embora agora pareça estar em segundo plano. “Depois de sete anos na nossa jornada como empresa virada para a IA, estamos um ponto de inflexão entusiasmante”, afirmou Pichai. “Temos a oportunidade de tornar a IA mais útil para as pessoas, para as empresas, para as comunidades.”
Este tema de tornar a IA útil foi transversal à apresentação e às mesas redondas com executivos em que o Dinheiro Vivo participou. Existe uma noção clara na Google que é preciso traduzir os avanço da Inteligência Artificial em benefícios claros e úteis para o mais comum dos utilizadores, nos produtos que já usam diariamente – como o Gmail ou a Pesquisa do Google.
“Com a IA generativa estamos a dar o próximo passo”, disse Pichai. “Estamos a reimaginar os nossos produtos centrais.”
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Onde vamos ver diferenças?
A integração de capacidade de IA generativa vai notar-se em produtos como o Gmail, onde será possível pedir ao sistema que nos ajude a escrever um email e selecionar de que forma – quer algo informal? Ou algo mais elaborado? A opção “Help me Write” (ajude-me a escrever) vai fazer precisamente isso.
Outra aplicação onde notará a diferença é nos Mapas. A Google irá introduzir a funcionalidade “Immersive View” (vista imersiva) que permite fazer uma visualização prévia do trajeto como se estivéssemos a sobrevoá-lo de forma realista. Esta novidade chegará no verão começando por 15 cidades, incluindo Los Angeles, Nova Iorque, Londres, Tóquio e São Francisco.
Também no Google Fotos será possível beneficiar dos avanços em IA que a Google está a preparar. Sundar Pichai sublinhou que este foi “um dos primeiros produtos nativo em IA” da empresa e que os utilizadores editam 1,7 mil milhões de fotografias no Google Fotos todos os meses. Funções úteis como o “Magic Eraser” (apagador mágico) são apenas o princípio. Pichai prometeu para depois do verão um novo Editor Mágico que vai permitir reposicionar elementos dentro da foto. Por exemplo, se a câmara cortou os balões que o seu filho tinha na mão na altura da foto, o Editor permitirá reposicionar a criança na foto e vai recriar os balões que tinham sido cortados.
Na Pesquisa, haverá uma nova página de resultados com um trecho elaborado por IA e uma nova caixa para fazer uma segunda pergunta associada, em vez de limpar a busca e fazer nova pesquisa. Esta nova versão do Google Search vai começar por estar disponível para teste na próxima semana, através do Labs.
“Estes são apenas alguns exemplos de como a IA pode ajudar-nos nos momentos que importam”, disse Pichai. “Olhando em frente, tornar a IA útil para toda a gente é o mais importante.”
O que alimenta as inovações?
A Google está agora a usar o modelo de linguagem PaLM 2, o carburador das 25 novas funcionalidades IA apresentadas no Google I/O. É o sucessor do PaLM, que deu origem ao bot conversacional Bard, mas super multilingue (treinado em 100 idiomas) e com maiores capacidades de raciocínio e programação. De certa forma, o PaLM 2 contraria o padrão de “maior é melhor” que o resto da indústria tem exibido nos modelos de linguagem (LLM).
O que poderemos fazer com o Bard?
Visto como a resposta da Google ao ChatGPT, o Bard tem sido largamente considerado menos eficaz. Isso pode mudar com o PaLM 2. A responsável Sissie Hsiao disse no I/O que o bot conversacional vai passar a dar respostas mais visuais aos pedidos dos utilizadores, e também tornará mais fácil fazer pedidos usando imagens. Por exemplo: a pessoa pode carregar uma foto dos seus cães e pedir ao Bard que crie uma boa legenda para a imagem que capte as suas personalidades.
Se alguém perguntar quais os melhores cursos universitários numa dada área, o Bard poderá mostrar respostas auxiliadas por mapas e sintetizadas em tabelas imediatamente exportáveis para Google Sheets. Essa integração com outras aplicações (tanto da Google como de terceiros) será um dos aspetos úteis deste bot.
Por exemplo, a pessoa poderá pedir ao Bard que gere uma imagem de um unicórnio com um bolo de aniversário e o bot irá fazê-lo com a ajuda do Adobe Firefly, uma das muitas parcerias que a Google tem pensadas.
E o hardware?
Foram apresentados três produtos: o smartphone dobrável Pixel Fold, o Pixel Tablet e o smartphone Pixel 7a. Todos estão em pré-reserva com preços entre os 499 e os 1.799 dólares.
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