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“A tecnologia encontra a moda”, disse o CEO da Honor, George Zhao, no palco da grande feira europeia de eletrónica de consumo IFA. “E talvez possamos redefinir a moda do futuro.” O que o executivo chinês apresentou a seguir tornou-se um dos destaques do evento, que abriu um setembro de regressos entusiasmantes em Berlim. Trata-se de um smartphone dobrável que parece uma mala, Honor V Purse, que mostra o conceito da marca para o futuro: o dispositivo móvel como forma de auto expressão, personalizável e carregando tudo o que precisamos em formato digital. Basicamente, um substituto dos conteúdos atuais de uma carteira. E com a vantagem de poder ser transformado conforme a necessidade, já que tem um display sempre ligado (always on) e a Honor vai permitir aos programadores que desenvolvam visuais para o smartphone. Por exemplo, a Burberry pode oferecer um design digital semelhante a uma das suas carteiras para revestir o smartphone. Os sensores do giroscópio, multitoque e luz ambiente poderão ser usados para criar visuais distintos.
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“Estamos a explorar soluções mais sustentáveis que tiram partido da tecnologia dobrável para potenciar a criatividade e moldar os estilos de vida das pessoas no futuro”, disse George Zhao.
Se o V Purse é um “conceito, uma proposta”, como disse ao Dinheiro Vivo Jesús Domingues, gestor de produto da Honor em Portugal e Espanha, o outro dobrável apresentado pela marca, Magic V2, será mais imediato. “Consideramos que o interesse é geral no mercado português, sobretudo para produtos como o Magic V2, que é o primeiro dobrável mais fino do mercado e mais leve”, indicou. Vai chegar a Portugal no início de 2024.
O lançamento da Honor foi um de muitos que decorreram ao longo da semana na feira, que voltou em força no rescaldo de um período turbulento para a indústria tecnológica. Os dados divulgados pela GfK Portugal mostram que o segmento global de eletrónica de consumo vai terminar 2023 com números negativos, devido à contração da procura e saturação do mercado, depois de uma queda de 12% no primeiro semestre.
“No entanto, continuam a existir áreas específicas com oportunidades de crescimento, como é o caso dos produtos mais inovadores ou dos produtos direcionados ao consumidor premium”, refere a GfK Portugal.
É nisso que apostam as marcas que estiveram em Berlim para uma edição esgotada da IFA: 2050 expositores de 48 países encheram todos os metros quadrados dos 26 espaços de exposição. Ali estiveram nomes como AEG, Bosch, LG Electronics, Samsung, Panasonic, Fitbit, Siemens, Hama, TCL e até SpaceX e Tesla, além das marcas chinesas responsáveis pelas keynotes, Honor e Hisense.
Os temas em destaque foram Inteligência Artificial (IA), robótica, sustentabilidade e vida conectada. Uma combinação que reflete as tendências de um setor à procura de estabilidade depois de anos de disrupção pandémica e a recente volatilidade no consumo.
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“A IFA é uma montra de inovação, e de tendências atuais e futuras e onde quisemos, desde logo, ser um dos principais parceiros”, disse ao Dinheiro Vivo Pedro Santos, responsável da Hisense em Portugal. “E neste contexto a presença na feira é crucial para a marca dar a conhecer as suas inovações”, afirmou, referindo que é também “um palco privilegiado para networking, para identificar e agarrar oportunidades de negócio, ver as novidades do setor, para estar mais perto dos parceiros e do cliente final.”
A Hisense, que protagonizou uma das keynotes da conferência, aproveitou o palco da IFA para anunciar o aprofundamento da sua ligação ao mercado europeu. A marca chinesa renovou a parceria com a UEFA para o patrocínio do Euro 2024, que será disputado na Alemanha, e levou à exposição a televisão U7, que será o modelo oficial do campeonato. “É um evento estratégico muito importante para nós”, considerou Pedro Santos, referindo que a feira serve como barómetro para aferir a reação do público às novidades e à tecnologia.
Eletrodomésticos inteligentes
A IFA é particularmente forte no segmento de eletrodomésticos e nesta edição mostrou o potencial de um mercado que está amadurecido e com mais IA aplicada. Um dos destaques foi o exército de robôs de limpeza que circularam pelos corredores da feira em Berlim. Desde o Deebot X2 Omni da Ecovacs, um aspirador robótico quadrado com o preço de 1399 euros, ao DreameBot L20 Ultra, que custa 1199 euros e consegue “arrumar” as suas esfregonas para não molhar tapetes enquanto limpa e aspira.
Houve também campainhas inteligentes da Yale, os altifalantes da JBL que podem ser controlados pela Alexa e pelo Google Assistant, uma televisão dobrável que se fecha em mala da LG, a StanbyME Go, e um candeeiro de teto da Aquara que se ilumina com cores diferentes para notificar o utilizador de eventos pré-configurados.
Da gigante sul-coreana Samsung surgiu a nova aplicação Samsung Food, que permite “pesquisar, guardar e partilhar receitas, planear refeições, cozinhar e até mesmo fazer uma lista as compras.” Liga-se aos aparelhos inteligentes que os utilizadores tenham nas cozinhas para permitir, por exemplo, enviar o tempo e a temperatura certa para o forno. No próximo ano, a app vai usar IA para reconhecer ingredientes e refeições compostas de forma a calcular a informação nutricional.
A chave aqui é conectar. Pedro Santos, da Hisense, frisou que todos os eletrodomésticos mostrados pela marca se podem ligar uns aos outros, desde o frigorífico da série PureFlat com ecrãs grandes inteligentes como fogões, máquinas de lavar louça e roupa e aparelhos de climatização.
“Mais do que darmos a conhecer o design e a lista de funcionalidades e tecnologias destes equipamentos, quisemos demonstrar como efetivamente eles podem ajudar os consumidores no seu dia-a-dia”, indicou o responsável.
“Foi nisso que apostámos este ano. Em mostrar a tecnologia, inovação e eficiência que nos distingue. Porque o conceito de casa inteligente tem de estar ao alcance de todos.”
Em termos de inteligência, a IA foi um dos tópicos quentes e alvo de discussão durante o IFA Leader Summit. Esta edição teve também a primeira “Sustainability Village”, uma zona dedicada a soluções de sustentabilidade. Os participantes puderam experimentar carros da Tesla ou trotinetes elétricas e ouvir especialistas sobre a necessidade de reduzir e reciclar eletrónica de consumo, ao mesmo tempo que se integra tecnologia mais sustentável nas casas do futuro.
“Temos de fechar o círculo, porque o material é escasso e devemos parar de tratar os eletrodomésticos velhos como lixo”, disse Christine Betz, diretora de sustentabilidade da BSH Home Appliances, numa sessão sobre economia circular. A outra vertente é o desenvolvimento de aparelhos mais eficazes e energeticamente eficientes, algo que a Samsung destacou com demonstrações da “Net Zero Home”, a casa eco consciente do futuro.
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