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Transformarem-se no “maior player ibérico de chocolate” é a ambição da Imperial e da Chocolates Valor, agora que a maior fabricante do setor em Portugal faz formalmente parte do universo do grupo espanhol. Com a não oposição da Autoridade da Concorrência à recente operação de compra da Imperial pela Vimaroja, dona da Valor, por montante que se mantém confidencial, foi colocado em marcha o plano para o futuro. “O objetivo com esta aquisição, e o fato de ambas as empresas terem projetos de crescimento expressivos, é ser o maior player ibérico de chocolate, pelo menos em alguns segmentos de mercado, e não apenas ao nível da produção local”, sublinha Manuela Tavares de Sousa, que continua a presidir à gestão da Imperial, apesar da mudança de acionista.
Atualmente, a Imperial é líder em Portugal nos segmentos culinária, com a marca Pantagruel, nas drageias, com a Pintarolas, e nas amêndoas de chocolate, e a Valor ocupa o primeiro lugar nas vendas de chocolate negro em Espanha e o segundo nas tabletes. No futuro, querem ir mais longe: o plano para o próximo triénio está a ser desenhado, com o objetivo de “um crescimento muito elevado”, diz a gestora, mas para já não desvenda as linhas do projeto. Certo é que a junção das duas empresas vai permitir “ganhar uma nova dimensão e uma nova escala muito mais rapidamente, não só na Península Ibérica, mas em todo o mundo, beneficiando da estratégia e do posicionamento das suas marcas nos mais de 50 países em que cada uma está presente”, sublinha.
Outro dos pontos que está assente é a autonomia da Imperial face à Valor. Como frisa Manuela Tavares de Sousa, as sinergias que surgem da integração no universo da Vimaroja “permite-nos projetar para o futuro o objetivo de nos tornarmos um dos principais players ibéricos de chocolate, mas com as duas empresas autónomas no que toca aos seus produtos, produção, gestão das marcas e dos mercados”. A Valor “vê a Imperial como um parceiro perfeito para uma viagem conjunta”, onde “a grande complementaridade que existe entre ambas as empresas, nomeadamente em termos de portfólio e tecnologia, será uma vantagem competitiva no novo ciclo que estamos agora a iniciar”, adianta ainda. Na última década, a Imperial investiu perto de 20 milhões de euros em projetos de melhoria e aumento de capacidade produtiva.
A presidente da Imperial, que vai contar agora com o chairman e o CEO da Chocolates Valor na administração da empresa com sede em Vila do Conde, faz também questão de realçar que “a aquisição não coloca em causa a portugalidade dos produtos Imperial. A Imperial continua a ser uma empresa portuguesa, com marcas portuguesas, criadas e desenvolvidas por pessoas portuguesas”. No novo ciclo, “vamos manter toda a nossa história, a nossa tradição, a qualidade”.
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Vendas aumentam
A Imperial fechou o ano fiscal 2020/21, que terminou a 30 de junho, com vendas de 35 milhões de euros, um crescimento de 6% face ao exercício anterior. Para Manuela Tavares de Sousa, este “foi um resultado muito bom, tendo em consideração que as duas principais campanhas fortes da Imperial [Natal e Páscoa] foram apanhadas pela pandemia, com todas as restrições vividas nas duas épocas, que foram muito expressivas”. Neste período, o perfil dos produtos vendidos sofreu algumas alterações, devido aos impedimentos à realização de eventos, o que levou a um menor consumo de artigos para oferta, queda que foi compensada pela transferência do consumo para casa.
Segundo a líder da Imperial, a estrela foi mesmo a marca Pantagruel, que apresentou “um crescimento extraordinário”. Em março (últimos dados disponíveis), a quota de mercado do segmento culinária da empresa de Vila do Conde atingiu os 40%, quando respondia por 33% antes da pandemia. Também as tabletes Regina e a marca Pintarolas “ganharam uma dimensão muito grande” nesta altura de crise pandémica.
As vendas ao exterior também estiveram em bom plano. Impedida de participar nas feiras internacionais do setor, a Imperial adaptou-se às novas vias de comunicação e conseguiu aumentar em 15% as vendas nos mercados externos. “Ficámos sem uma ferramenta que considerávamos essencial, que eram as feiras presenciais”, mas os certames promovidos em plataformas online “permitiram-nos fazer negócios com os maiores compradores de cadeias de distribuição em todo o mundo”. E o resultado foi “absolutamente extraordinário”, sublinha.
Ainda assim e dentro do universo dos 50 mercados para onde exporta, na região da América Latina, em particular no Brasil, verificou-se “um impacto negativo com alguma expressão”, que acabou compensado por países europeus, como a França e o Reino Unido, e asiáticos, onde se destaca o Japão, para os quais a Imperial aumentou o volume de vendas. No caso nipónico, até ganhou novos clientes.
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